Veio procurar o que estava perdido

         Estamos terminando o mês de outubro, o mês em que na Igreja no Brasil dedicamos uma reflexão sobre as missões. Ao celebrarmos este XXXI domingo do Tempo Comum recordamos que cada domingo é nossa Páscoa semanal. Fazemos memória a paixão, morte e ressurreição de Jesus na Eucaristia e nos dispomos a uma nova vida nele. Levemos nosso desejo de encontro e de salvação para a celebração e permitamos que nosso ser se encha da alegria da salvação.

         Na primeira leitura – Sb 11,22-12,2 – encontramos o motivo para justificar a benevolência de Deus em relação ao homem: a misericórdia e o perdão (cf. Sb 11,23). Deus não quer a morte do pecador, mas que este se converta e viva; mas, ao mesmo tempo, convida o pecador ao arrependimento.  É exatamente isto o que vemos no relato do evangelho, onde temos o encontro de Jesus com Zaqueu, o chefe dos publicanos, um homem que o judaísmo oficial considerava um pecador público, por ser cobrador de impostos para os romanos e, por isto, era odiado pelos judeus. Um publicano era visto como um explorador dos pobres e considerado um pecador público, estando, portanto, excluído da comunidade da salvação, sem hipóteses de perdão.

         A segunda leitura – 2Ts 1,11-2,2 – apresenta a segunda carta aos Tessalonicenses que surgiu em uma situação menos conhecida do que a primeira. Ela parece ter sido escrita por um discípulo e assinada por Paulo (3,17). Descreve, em linguagem altamente simbólica, à maneira dos “apocalipses” judaicos, as coisas que devem acontecer antes da parusia.  Para a liturgia deste domingo aconselha a comunidade e corrige certas opiniões errôneas, difundidas entre os tessalonicenses. O autor recorda que não cessou de orar pelos irmãos e irmãs na fé, para que Deus os faça dignos do seu chamado e se cumpra a glorificação de Cristo por meio deles.

         O Evangelho –  Lc 19,1-10 –  fala-nos do encontro misericordioso de Jesus com Zaqueu. O Senhor passa por Jericó, a caminho de Jerusalém! Uma multidão apinhava-se nas ruas por onde o Mestre passava e lá no meio da multidão encontrava-se um homem chefe dos publicanos e rico, bem conhecido em Jericó pelo seu cargo. Os publicanos eram cobradores de impostos. O imposto era fixado pela autoridade romana e os publicanos cobravam uma sobretaxa, da qual viviam. Isto prestava-se a arbitrariedades, razão pela qual eram facilmente hostilizados pela população.

         São Lucas diz que Zaqueu procurava ver Jesus para conhecê-Lo, mas não podia por causa da multidão, pois era muito baixo. Mas o seu desejo é eficaz! Para conseguir realizar o seu propósito, começa por misturar-se com a multidão e depois, sem pensar no ridículo da sua atitude, correndo adiante subiu a um sicômoro para ver Jesus, que devia passar por ali. Não se importa com o que as pessoas possam pensar ao verem um homem da sua posição começar a correr e depois subir numa árvore.

         No Novo Testamento, o Novo Josué queria derrubar os muros do coração de Zaqueu que, por contraste, “era de baixa estatura” (Lc 19,3). Ademais, Zaqueu não pôs resistência ao chamado de Jesus. Zaqueu era uma dessas pessoas que podemos chamar “um homem de boa vontade”: ele queria ver a Jesus; rico como era, fez o esforço de subir a um sicômoro para ver a um profeta; quando Jesus o chamou, esse bom homem não só aceita com toda alegria que Jesus entre na sua casa, mas é tão generoso que ao descobrir o tesouro da amizade de Jesus, relativiza totalmente aquilo que ele tanto desejou e conquistou durante a sua vida, dinheiro.

         Disse Jesus: “Zaqueu desce depressa! Hoje Eu devo ficar na tua casa” (Lc 19, 5). Que alegria imensa! Zaqueu, que já se dava por satisfeito de vê-Lo do alto de uma árvore, ouve Jesus chamá-lo pelo nome, como a um velho amigo, e, e com a mesma confiança, fazer-se convidar para sua casa. Comenta Santo Agostinho: “Aquele que tinha por coisa grande e inefável vê-Lo passar, mereceu imediatamente tê-Lo em casa.” O Mestre, que tinha lido no coração do publicano a sinceridade dos seus desejos, não quis deixar passar a ocasião. Zaqueu descobre que é amado pessoalmente por Aquele que se apresenta como o Messias esperado, sente-se tocado no íntimo do seu espírito e abre o seu coração.

         “Hoje entrou a salvação nesta casa” (Lc 19, 9). É um convite à esperança: se alguma vez o Senhor permite que passemos por dificuldades, se nos sentimos às escuras e perdidos, temos de saber que Jesus, o Bom Pastor, sairá imediatamente em nossa busca. Diz Santo Ambrósio: “O Senhor escolhe um chefe de publicanos: quem poderá desesperar se ele alcançou a graça?” O Senhor nunca se esquece dos seus.

         Que possamos todos nós a exemplo de Zaqueu acolher o mestre Jesus em nossas casas e sobretudo em nossos corações. Jesus não veio para os sadios, mas, para os pecadores. Por isso, mas do que nunca temos a graça de vê-lo passar e agir em nossa vida. Que a oração de e o convite de Zaqueu seja o nosso: “entra na minha casa, entra na minha vida”.

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