Sejamos manjedoura para Jesus nascer em nosso coração e iluminar a nossa vida!

     

    Deus nos deu a graça de celebrar mais uma Noite de Natal. A liturgia desta noite santa envolve-nos nessa incrível história de amor que Deus quis viver com os homens. Fala-nos de um Deus que não hesita em vir ao encontro dos seus filhos peregrinos na terra para os abraçar, para fazer caminho com eles e para lhes dar Vida. Nesta noite santa, Deus apresenta-Se aos homens na figura de uma criança, frágil e indefesa, e pede-nos que o acolhamos no nosso coração e na nossa vida.

    Nesta noite santa se reveste de luz, pois nasce o Sol do Oriente. Aquele que foi esperado pelos corações humildes e pobres nasce no meio de nós e é a manifestação visível do Deus todo-poderoso que se faz pequeno, deitado nas palhas da humanidade.

    Na primeira leitura – Is 9.1-6 –, um profeta anuncia a chegada de “um menino”, da descendência de David, dom de Deus ao seu Povo; esse “menino” eliminará a guerra, o ódio, o sofrimento e inaugurará uma era de alegria, de felicidade e de paz sem fim. O profeta, portanto, anuncia o nascimento de um menino, portador de alegria e felicidade para Israel, que sofre as consequências da dominação estrangeira. A Igreja aplica esse texto ao nascimento de Jesus, “Rei” dos pobres e necessitados, o qual traz luz e esperança ao povo que vive sobre a opressão.

    O Evangelho – Lc 2,10-11 – apresenta a realização da promessa profética: Jesus, o “Menino de Belém”, é o Deus que vem ao encontro dos homens para lhes oferecer – sobretudo aos pobres e marginalizados – a sua salvação. A oferta da salvação que, através desse “Menino” nos é feita, vem embrulhada com ternura e amor. Tem, portanto, o selo de Deus.

    O nascimento de Jesus é contextualizado em um momento específico da história humana universal, para enfatizar que a Encarnação não é uma ideia, uma aparência ou uma abstração. Deus, em Jesus, “visitou” de fato a humanidade, fazendo-se um de nós. José subiu com Maria desde Nazaré, na Galiléia, até a Judéia, na cidade de Belém – casa do pão –, oportunizando duas afirmações importantes: descendente de Davi, Jesus nasceu em Belém, cidade de Davi, cumprindo a profecia de Miquéias 5,2 – conhecida e esperada pelos judeus fiéis a sua realização. Jesus nasceu longe de casa, peregrino e em ambiente de precariedade, numa manjedoura. Não havia lugar para Ele “na hospedaria”, sinal já da rejeição que Jesus enfrentará durante todo seu ministério terreno e que o levará à morte de Cruz. Um santo Padre, na era patrística, dirá que “a madeira da manjedoura é a mesma da Cruz!”. Aquele que mais tarde anunciará e se declarará o “pão da vida eterna” para todo que nele crer, foi envolvido em faixas e deposto em uma manjedoura, utensílio onde se dava alimento aos animais. Do estábulo se passa para os campos, onde pastores tomavam conta de seus rebanhos. Desprezados, cuja palavra e cujo testemunho não valiam frente à sociedade, os pastores foram envolvidos pela luz gloriosa de Deus e receberam do anjo o primeiro anúncio do nascimento do Cristo Salvador.

    A segunda leitura – Tt 2,11-14 – convida-nos a reconhecer a graça de Deus que nos foi manifestada com a vinda de Jesus; e propõe que respondamos a esse dom com uma vida autêntica e comprometida, que nos leve a identificar-nos com Cristo e a realizar as suas obras. A vinda de Cristo foi a maior manifestação da graça de Deus e fonte de salvação. É, portanto, momento propício para viver os valores do Reino anunciado por Jesus, que doou a vida em sua defesa, e abandonar tudo o que não condiz com esse Reino.

    Lembro a todos que Jesus nasceu pobre e entre os pobres. Os primeiros a receber a boa e alegre notícia são os pastores, pessoas pouco valorizadas e desprezadas. Céus – anjos – e terra – pastores – se unem para dar glória ao Deus da paz. Somos convidados a celebrar com alegria o nascimento dessa criança, o maior gesto de amor de Deus pela humanidade! Desejo-lhe Feliz e Santo Natal, junto de sua família e de todos os que lhe são caros! Sejamos manjedoura para Jesus nascer em nosso coração e iluminar a nossa vida!

    + Anuar Battisti

    Arcebispo Emérito de Maringá, PR

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