RESSUSCITOU

             Domingo de Páscoa em tempos difíceis. Mesmo assim é tempo de esperança e de dizer a todos: Feliz Páscoa! Temos a alegria de celebrar a Páscoa e de iniciar a oitava e o tempo Pascal. Tivemos a semana santa que culminou com o Tríduo Pascal e contemplamos a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, Cristo que se dá a nós na Eucaristia, se imola por nossos pecados na Cruz e ressuscita triunfante sobre o pecado e a morte. Através da celebração da Vigília Pascal, despertamos coma alegria da Ressurreição do Senhor: Voltamos a cantar o Aleluia, o Glória, vestimos a cor Branca na Liturgia! Celebramos a Vitória sobre o Pecado e a Morte!

             A Páscoa é o centro da nossa vida cristã, o centro da nossa vida litúrgica. Cristo Ressuscitou verdadeiramente! Verdadeiramente ressuscitou! Aleluia! Os orientais têm o costume de fazer esta saudação uns aos outros neste tempo de Páscoa, no lugar de dizer bom dia, boa tarde ou boa noite. Este é o grande anúncio que vai perpassar os séculos e que tem restaurado a esperança de tantos no meio dos tempos. Hoje somos chamados, assim como os discípulos de Emaús, que se encontraram com o Senhor no meio do caminho, a encontrar Jesus por meio da fé. Cristo nos salva, nos liberta e faz começar em nossas vidas um tempo novo. Cabe a nós sermos testemunhas dessas maravilhas realizadas em nossas vidas e em nossa história.

             Celebrar a Páscoa é adentrar a celebração deste mistério através dos tempos e celebrá-lo no hoje das nossas vidas, no agora da nossa existência. No meio de tantas mortes, dores, infidelidades e sofrimentos, somos chamados a testemunhar: Ele está Vivo! Nós somos Testemunhas de que Ele está vivo! É a grande notícia que deve perpassar nossa vida, nossos corações, principalmente nestes tempos em que temos de lidar com tantas dores e sofrimentos sem fim. É a grande notícia que deve perpassar nosso coração e nossa vida.

             A Liturgia deste tempo vai nos falando exatamente de como esta novidade transforma a vida e dá um novo sentido para todos aqueles que entram em contato com ela. A Leitura dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), uma das possibilidades de Evangelho para o dia da Páscoa, começa falando exatamente do primeiro dia da semana, simbolizando que tudo se fez novo, que o recomeçar se fez presente, uma nova vida foi proposta. Este dia passa a ser um dia solene para os cristãos, simbolizando o novo tempo e a nova vida. Muitos vão chamar este dia de o oitavo dia, o dia da nova criação, fazendo referência aos dias da criação e ao dia da Nova Criação.

             No Evangelho da missa do dia (Jo 20,1-9), em que Maria Madalena vai logo cedo ao túmulo, esta visita acontece também no primeiro dia da semana, mostrando mais uma vez como os Evangelhos e Tradição colocam ênfase no destacar essa nova fase da história e do tempo. Tudo recomeça. Tudo retorna à vida. Eis o dia em plenitude, em que somos chamados a viver e a testemunhar que Aquele que tinha sido humilhado e sepultado está vivo, ressuscitado no meio de nós. Essa notícia será espalhada pelo mundo afora, a notícia da Vitória da Vida sobre a Morte. Quando as santas mulheres avisam os apóstolos que saem correndo para o local da sepultura e, quando Pedro e João chegam ao túmulo, ainda não tinham compreendido o que tinha acontecido. Daí nasce então a certeza do Novo Tempo e da nova realidade da história. Por isso, ainda hoje nós cristãos damos um destaque todo especial à celebração dominical, o dia do Senhor, exatamente para fazermos memória da ressurreição do Senhor.

    É neste sentido que o Livro dos Atos dos Apóstolos (At 10,34a.37-43), proclamado na primeira leitura desse domingo, faz um resumo da grande realidade que acontece neste dia: Pedro tomou a palavra e disse: Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judéia, a começar pela Galileia, depois do batismo pregado por João: como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele. E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos. E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos. Todos os profetas dão testemunho dele: ‘Todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados’.’ Pedro resume em sua proclamação a experiência dos Evangelhos e a experiência do Kerigma, o primeiro anúncio fundamental de nossa fé.

    A segunda leitura (1Cor 5,6b-8) vai falar exatamente dessa realidade de uma vida nova inaugurada pela Vitória do Cordeiro Pascal: Lançai fora o fermento velho, para que sejais uma massa nova, já que deveis ser sem fermento. Pois o nosso cordeiro pascal, Cristo, já está imolado. Assim, celebremos a festa, não com fermento velho, nem com fermento de maldade ou de perversidade, mas com os pães ázimos de pureza e de verdade. A ressurreição do Senhor é um grito de esperança para a humanidade em todos os momentos em que ela padecer pela maldade e pela dor.

    Neste domingo temos também um hino que proclama o mistério do que hoje estamos celebrando: a sequência de Páscoa, que proclama em forma de poesia todo o mistério que estamos celebrando e os bons afetos que trazemos com esta celebração: Cantai, cristãos, afinal/  Salve ó vítima pascal!/ Cordeiro inocente, o Cristo Abriu-nos do Pai o aprisco/ Por toda ovelha imolado/ Do mundo lava o pecado / Duelam forte e mais forte/ É a vida que vence a morte/ O Rei da vida, cativo/ Foi morto, mas reina vivo!/ Responde, pois, ó Maria / No caminho o que havia?/ Vi Cristo ressuscitado/ O túmulo abandonado/ Os anjos da cor do sol/  Dobrado no chão o lençol/ O Cristo que leva aos céus/ Caminha à frente dos seus! Ressuscitou, de verdade/ Ó Cristo Rei, piedade!

             Que a nossa vida seja esse eterno cantar, cantar das maravilhas que Deus fez em nós, cantar da grande graça que é a Ressurreição de Cristo em meio ao mundo e todas as maravilhas que ela traz para a humanidade. O mundo necessita do anúncio, do testemunho e da vivência da Ressurreição. Nossa celebração de Páscoa deste ano é feita em meio ao contexto do agravamento da Covid. Rezemos pelas pessoas que sofrem. Amparemos estas pessoas, seja materialmente, seja espiritualmente, sendo presença ativa do Ressuscitado. Basta estar presente. Não precisamos multiplicar palavras ou buscar palavras extraordinárias.  A presença viva de Cristo em nós há também de confortar a todos aqueles a quem estendermos nossas mãos.

             Viveremos agora a oitava de Páscoa e o tempo Pascal que vai até Pentecostes, grande oportunidade de renovar nossa experiência da ressurreição de Cristo e de a comunicarmos aos nossos irmãos e irmãs. Tenhamos fé. Renovemos a nossa esperança. Cristo Ressuscitou verdadeiramente! Verdadeiramente ressuscitou! Aleluia! Feliz Páscoa a todos.

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