Lembrando São Pedro

    Jesus perguntou, outrora, aos discípulos: “Quem sou eu para vós?” (Mt 16-13,15). Hoje, Ele pergunta a nós: “Quem pensais, que eu sou?” Qual é a nossa resposta?

    Jesus perguntou-lhes, não porque não soubesse, quem era, mas para que Pedro e os outros discípulos externassem suas opiniões ou convicções. Quem sou eu para vós, que me ouvistes, comigo andastes e que sentistes meus anélitos, ânsias e ideais? O que outros pensam ou não de Jesus é fácil, repeti-lo, pois, não faz frio nem calor. Não compromete. Mas hoje, Ele pergunta a mim, a ti, a todos. Isso sim, compromete. Podemos, até não responder, porém, nossas vidas, atitudes, testemunho autêntico ou não, já o demonstram. A Jesus Cristo não podemos enganar.

    Vou responder como São Pedro? Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo? Repetir a opinião de outros, não é difícil. Basta ter feito boa catequese, ou então teologia. Não é necessário ser nem na Gregoriana. Pois não seria suficiente. Poderia ter conseguido, até o doutorado “summa cum laude”, não adiantaria, também. Judas Iscariotes sabia, muito bem, quem Jesus era. Mas isso não o impediu de se tornar traidor. Quem é, então, Jesus Cristo para mim? Para nós? Minha fé o dirá. Contudo, não basta. É o amor, o testemunho, a fidelidade: são minhas obras… Nem basta ser bispo ou cardeal, tampouco, trabalhar no Vaticano ou cuidar dos lugares Santos em Jerusalém.

    Já ressuscitado, Jesus perguntou, três vezes, a Pedro: então, agora me amas? Amas-me mais do que os outros? Então apascenta meus cordeiros e minhas ovelhas (Jo 21,15-19). Pedro chorou, sabendo muito bem, a causa da tríplice pergunta. Respondendo, então, disse: Mestre, tu sabes tudo. Sabes que te amo. Pedro, seguindo a Jesus, como discípulo, aprendeu a amar e amando, cresceu no testemunho e na fidelidade. Deu sua vida pelo mestre. Foi mártir. Quis ser crucificado, mas não como mestre, pois achava ser indigno disso. Desejava ser crucificado de cabeça para baixo. De fato, sua mente havia pendido, outrora, mais para a Terra, que para o céu. Tinha, contudo, aprendido a lição. Amava, agora, o Mestre e tinha pressa em demonstrá-lo. De encontrá-lo. Encontrou-o, certamente.

    Jesus tinha um projeto especial para Pedro, como o Novo Testamento confirma. Caminho fazendo, Jesus educou os discípulos e estes à semelhança de Pedro, aprenderam. Como o Mestre deixou entreve-lo? Mudando-lhe o nome: de Simão para Pedro (Jo.1,40-42).

     

    Nos momentos difíceis e belos da vida de Jesus, Pedro está sempre presente. É um dos três discípulos mais achegados.

    Confessando a identidade de Jesus, este, imediatamente, lhe deixou muito claro: Tu não sabes isso por ti mesmo. Foi meu Pai quem tê-lo revelou (cf Mt 16,17).

    Jesus orou, também, pela fidelidade de Pedro, acrescentando: E tu, uma vez confirmado, confirma os teus irmãos na fé (Lc 22,31-34).

    Após a ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, Pedro assumiu a liderança, por Jesus, a ele confiada. Pregou, representando os discípulos, em Pentecostes (At 2,14-42). Falou diante do Sinédrio (At 4,1-12). Aliás, o livro dos Atos dos Apóstolos, do capítulo primeiro ao décimo terceiro, realça a liderança de Pedro. É, também, ele quem manda batizar os primeiros pagãos (At 10,44-48), não sem escrúpulos. Havia entendido, finalmente, o que Jesus dele queria. Porém, ainda não completamente. O Espirito Santo ainda tinha trabalho com Pedro.

    Hoje, Pedro é Francisco. Por isso, oremos por ele, para que seja fiel a sua missão. Jesus continua sendo sempre o fundamento primeiro do reino dos céus (com o Espírito Santo). Porém, a fé por Pedro confessada é, também, a rocha sobre a qual Cristo construiu sua Igreja e da qual, Ele mesmo, será sempre cabeça e fundamento inexpugnável. Saudamos ainda, o Papa Francisco, bispo de Roma: Pedro, hoje.

    Em tempo: do grande Paulo, falaremos, então, em outra ocasião.

     

    Dom Carmo João Rhoden, SCJ

    Bispo Emérito de Taubaté, SP

    Presidente da Pró-Saúde

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