Pêndulo da vida humana

    Como é ótimo ver as pessoas edificarem aqui na terra suas moradas, mas levando em conta a habitação celestial, encontrando motivações e força no Espírito Santo de Deus, que sempre quer iluminar a todos, através das palavras e da ação de Jesus de Nazaré, contidas no Livro Sagrado, não se esquecendo de que a vida é um pêndulo, entre o respirar e o suspirar, oscilando de um lado a outro, uns mais e outros menos, entre a dor e o tédio, a alegria e a tristeza ou a angústia! É a dinâmica da vida humana, a pedir vista, na ótica da fé, com o mesmo olhar do Filho de Deus, ao estabelecer seus alicerces, há 20 séculos entre nós, no encantamento e no fascínio de uma multidão incontável de criaturas humanas. Por outro lado, na mais estreita união da Igreja com toda a família humana, constata-se, ainda hoje, um mundo profundamente desassossegado, no alvoroço de marcas e sinais de morte, frenesi impetuoso e brutal de toda natureza.

    No caminho da justiça e da verdade, na compreensão de que “as criaturas do mundo são saudáveis, nelas não há nenhum veneno de morte, nem é a morte que reina sobre a terra, pois a justiça é imortal”[1]. Partindo do princípio da justiça imortal, fomos levados a corredores contrários, por veredas obscuras, na ausência da verdade de justiça, ao mesmo tempo amparados pela jurisprudência da nefasta parcialidade. Eis o grande manto a nos amparar, a demoníaca serpente, a qual tem nomes.

    O Concílio Vaticano II vai na direção desse pêndulo, na Constituição Pastoral – Gaudium et Spes, ao afirmar: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração”[2].

    A assertiva dos últimos dias nas redes sociais – “Perdeu, playboy: STF declara Moro suspeito em todos os processos contra Lula” – levou-me a pensar no trunfo ético e moral, com o qual a sociedade brasileira passou a contar nos últimos anos. Pensou-se até no novo João Batista, naquele prenúncio de tempos novos e messiânicos, mas o que há de se notar mesmo, como lucro maior para o povo brasileiro, é uma abissal frustração, acompanhada da embusteira, falsa e ilusória esperança.

    Pela expressão tão repetida na nossa civilização cristã “Quem viver verá”, notam-se, no imaginário religioso das pessoas de boa vontade, ilusões e incoerências plantadas no coração do nosso povo, tão desejoso do “novo”, na busca da verdade e da justiça, além da crença no Deus único e verdadeiro, como um acordar inflamado e coerentemente justo, na direção do absoluto ou da imortalidade.

    A despeito do assunto acima, “nada de diversão”, aliás, acho inoportuno comparar o justiceiro Sérgio Moro a um playboy, porque os playboys, oriundos da burguesia ou do baronato, eram pessoas de uma época e cultura que curtiam a vida a seu modo, mas, certamente, alimentavam sonhos, embora passageiros. Lembre-se de que a vida é um pêndulo, entre o respirar e o suspirar. Quem viver verá.

    [1] Cf. Sab 1, 14.

    [2] Cf. Gaudium et Spes. Igreja no mundo contemporâneo, n, 1.

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