Trabalhar na vinha do Senhor!

    A liturgia do 27º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem da “vinha de Deus” para falar desse Povo que aceita o desafio do amor de Deus e que se coloca ao serviço de Deus. Desse Povo, Deus exige frutos de amor, de paz, de justiça, de bondade e de misericórdia.

    Na primeira leitura, o profeta Isaías dá conta do amor e da solicitude de Deus pela sua “vinha”. Esse amor e essa solicitude não podem, no entanto, ter como contrapartida frutos de egoísmo e de injustiça. O Povo de Deus tem de deixar-se transformar pelo amor sempre fiel de Deus e produzir os frutos bons que Deus aprecia – a justiça, o direito, o respeito pelos mandamentos, a fidelidade à Aliança.

    No Evangelho, Jesus retoma a imagem da “vinha”. Critica fortemente os líderes judaicos que se apropriaram em benefício próprio da “vinha de Deus” e que se recusaram sempre a oferecer a Deus os frutos que Lhe eram devidos. Jesus anuncia que a “vinha” vai ser-lhes retirada e vai ser confiada a trabalhadores que produzam e que entreguem a Deus os frutos que Ele espera.

    A obstinação dos vinhateiros em maltratarem e matarem os enviados do dono da vinha contrasta abertamente com a obstinação do dono da vinha em crer e esperar nos frutos de seu amor para a conversão dos vinhateiros. Com isso, o Santo Evangelho deste domingo nos apresenta duas lições importantíssimas para a vida cotidiana: 1) – Deus nos ama “até o fim”(Jo 13,1), e nunca “olha para os nossos pecados, mas para a fé que anima a sua Igreja”(cf. Rito da Comunhão da Missa); 2) – Todo aquele que se obstinar em crer, esperar e amar a Deus, enfrentará a morte – espiritualmente, ao morrermos para nossos pecados; mas também fisicamente, ao não se conformar com o modo de viver do “mundo”. Essa santa obstinação na fé, na esperança e no amor é que nos leva a aceitar Jesus como pedra angular de nossas vidas e, com e pela sua graça, formarmos um “povo que produzirá frutos”(Mt 21,43).

    Na segunda leitura, São Paulo exorta os cristãos da cidade grega de Filipos –  e todos os que fazem parte da “vinha de Deus” – a viverem na alegria e na serenidade, respeitando o que é verdadeiro, nobre, justo e digno. São esses os frutos que Deus espera da sua “vinha”.

    Os novos vinhateiros, os pecadores, os pagãos, os criminosos, os alcoólatras, as prostitutas, os excluídos que acolhendo a mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo que os chama a rasgar os seus corações e não as vestes, a fazer penitência com jejum e oração por causa dos seus pecados convertidos se tornam verdadeiramente os cultivadores da nova vinha. O Reino de Deus é assim também, o Reino de Deus foi dado, primeiro, para um povo, para que este produzisse frutos e não produziram os frutos que esperavam deles. O Reino de Deus é dado a nós para que também produzamos frutos. Não é, simplesmente, para nos acharmos donos da Igreja, donos da fé, não é para nos acharmos proprietários de Deus, dos dons e da graça d’Ele. Não somos proprietários do Reino de Deus; na verdade, somos filhos d’Ele, estamos cuidando do que é d’Ele, mas Ele é o dono. É Deus que deve cuidar de nós. Nós nos apropriamos do Reino de Deus, mas não produzimos frutos. É por isso que, muitas vezes, perdemos a graça, o Reino de Deus e o sentido da vida. Perdemos o sentido da entrega, da consagração e do batismo. Muitas vezes, perdemos o sentido do casamento, o sentido daquilo que fazemos, e aí vem o desânimo, a falta de alento, a falta de compromisso e comprometimento com as coisas de Deus. Vamos perdendo a graça, e a graça de Deus vai se esvaziando em nós. Outros vão se apropriando, vão recebendo de Deus o que era para cuidarmos. Que possamos, neste mês missionário, produzir muitos frutos para a “Vinha do Senhor”. Neste sentido muito nos ajudará o tema do Mês Missionário: “A vida é missão!” e o Lema: “Eis-me aqui, enviai-me”(Is 6,8). Que possamos anunciar a Boa Nova do Evangelho para todas as gentes! Trabalhemos com ardor na Vinha do Senhor!

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