Terra de Maria

    Chega ao Brasil o filme mais surpreendente dos últimos tempos no quesito religião. Sua estreia no último doze de outubro não por acaso lança luzes sobre a temática que aborda com muita propriedade: a devoção do povo católico à Maria, mãe de Jesus. Do produtor espanhol Juan Manuel Cotelo, seu roteiro inicial tinha como meta uma investigação jornalística sobre as manifestações marianas no mundo. Tornou-se um documentário extraordinário, com um codinome que bem resume as contradições de seu objetivo: ser o advogado do Diabo diante de um assunto para o qual muitos torcem o nariz. Mas o advogado se perde em seus argumentos.
    A sinopse do filme Terra de Maria diz muito. “Era uma vez… Deus. E viveram felizes para sempre. Adeus, Pai Nosso. Até nunca, seres celestiais. Se não os vemos, não acreditamos. Decidimos viver assim, como se não existissem. Contudo… milhões de pessoas continuam a falar de Jesus Cristo, a quem chamam de “Irmão”. E com a Virgem Maria, a quem chamam “Mãe”. Acreditam que somos filhos de Deus e, por isso, chamam-no de “Pai”. O Advogado do Diabo recebe uma nova missão: investigar, sem medo, esses que ainda confiam nas receitas do céu. São uns enganadores ou foram enganados? Se as suas crenças forem falsas, a nossa vida continuará igual. Mas… e se não for um conto de fadas”?
    A surpresa maior do “investigador” foi a similaridade das mensagens marianas em todos os recantos do mundo. “Maria sempre está ao nosso lado, sempre nos acompanha, sempre nos aconselha. A intervenção de Maria através de suas mensagens tem um protagonismo importante para a história de hoje. Seu apelo constante é um chamado ao mundo para um reinado de Paz”. Então, como não dar ouvidos a esse chamado?
    O filme foi rodado nos principais centros das manifestações marianas da atualidade, desde a Espanha, até Reino Unido, Colômbia, México, Panamá, Estados Unidos, França, Portugal, Bósnia e Herzegovina. “Enquanto você entrevista uma, duas, meia dúzia de pessoas que atestam uma mesma história, você atribui isso a fatos coincidentes, mas quando se chega a quatrocentos depoimentos idênticos, colhidos em diversas partes do mundo, você começa a pensar numa verdade questionadora. Essa verdade é a beleza da fé. Para mim era difícil acreditar que Deus atuasse hoje. Mas a concordância de tantos depoimentos me deixou confuso. Não busquei, mas encontrei. Assim como não decidi namorar minha mulher, mas quando percebi, já estava namorando”, atestou o diretor Cotelo.
    As manifestações marianas no Brasil ficaram de fora desse enredo. Mesmo assim, acontecem seguidamente e nos mais variados rincões. Em comum, também o conteúdo de suas mensagens, falando de Paz, admoestando, alertando e fazendo apelos à conversão. Na semana dessa estreia ainda ecoa em nossos ouvidos o grande clamor popular de Belém, no Pará, onde o círio de Nazaré – maior procissão católica do país – levou às ruas mais de dois milhões de peregrinos e Aparecida, o maior santuário mariano do mundo, atraiu outro tanto de devotos. Maria, mãe de Jesus, é hoje um nome que abala estruturas, incomoda, questiona tanto quanto seu Filho. Qual seu mistério, seu papel nessa história que há dois mil anos vem atraindo, transformando e enchendo de alegria e de esperança multidões no mundo? Pelo sim, pelo não, se você tem dúvidas, melhor assistir ao filme.

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