Quem encontrou o tesouro…

    Neste XXVIII Domingo do Tempo Comum somos exortados a uma vivência cristã com uma clara identidade no seguimento de Jesus Cristo. Antes de tudo, fixemos nosso olhar n’Ele, que é a Sabedoria de Deus, como diz São Paulo (cf. 1Cor 1, 24.30). Ele é aquela de que fala a primeira leitura de hoje. Sim, caríssimos no Senhor: encontrar Jesus vale mais que os cetros e tronos; em comparação com essa bendita Sabedoria, saída do Pai no ventre da Virgem, as riquezas são sem valor porque ela é a grande riqueza de nossa existência.
    Vale a pena amar nosso Jesus, Sabedoria de Deus, mais que a saúde e a beleza; vale a pena possuí-lo mais que a luz, pois o esplendor que ele irradia não se apaga. – Sim, Senhor bendito, os que te amam brilham como o sol, como o sol ao amanhecer! Tu és a luz do mundo, o esplendor do Pai, a luz de nossos olhos, a Sabedoria que dá sentido à nossa vida! Contigo, todos os bens desta vida nos são dados; sem ti nada é verdadeiramente bom, nada durável, nada encherá verdadeiramente o nosso coração! Bendito sejas tu, Senhor Jesus, Sabedoria eterna, saída da boca do Pai para dar luz e sentido ao universo!
    Jesus é também a Palavra do Pai, Palavra viva, definitiva, eterna. A Palavra de Deus, caríssimos, não é primeiramente a Bíblia. A Palavra de Deus por excelência é Jesus: “No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. Tudo foi feito por ela e sem ela nada foi feito de tudo quanto existe. E a Palavra se fez carne e habitou entre nós”! (Jo 1,1-2.14)
    Eis, portanto: a Bíblia somente é a Palavra de Deus porque dá testemunho de Jesus – e não de qualquer Jesus, mas do Jesus crido, adorado, testemunhado e enunciado pela Igreja Católica, fundada pelo próprio Cristo e por ele sustentada na sua Palavra pela força do Espírito Santo da Verdade, que conduz sempre a Igreja à verdade plena! Voltemos o olhar para Cristo: Ele é “a Palavra de Deus, viva e eficaz e mais cortante que qualquer espada de dois gumes. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração”. Isso nós sabemos, irmãos; isso experimentamos quando tantas vezes somos questionados pelo Senhor Jesus, que penetra até o íntimo de nós, com sua verdade, com sua exigência, com os projetos que tem a nosso respeito. Cristo é esta Palavra viva e definitiva de Deus: “E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo está nu e descoberto aos seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas”.
    O Senhor é o critério de nossa existência: quem nele crê tem a vida; quem não crê não conhecerá nunca o verdadeiro e pleno sentido da vida! – Bendito sejas tu, Senhor Jesus, Palavra e Verdade do Pai! Dá-nos a graça de vivermos em ti, de compreendermos que tu és a nossa vida e que somente em ti nossa existência será realmente plena de sentido e atingirá o fim para que fomos criados. A ti a glória, ó Cristo, Sabedoria e Palavra do Pai! A ti nosso amor, nossa adoração, nossa ilimitada entrega e confiança, a ti a nossa vida toda inteira, ó Cristo nosso Deus!
    Agora podemos compreender o Evangelho deste 28º. Domingo do Tempo Comum. Pensemos bem: A pergunta que este alguém faz a Jesus não é aquela mesma que nós tantas vezes fazemos? Não é a pergunta definitiva da nossa existência? “Bom Mestre, que devo fazer de bom para ganhar a vida eterna”? – Eis Senhor, qual dos caminhos da vida seguir? Qual me levará para mais longe ou para mais perto de ti? Dize-me, Mestre Bom!
    A resposta de Jesus surpreende: “Por que me chamas de bom? Só Deus é o Bom”! É verdade: só o Pai é o Bom, é a fonte eterna de toda bondade, como só o Pai é o Santo e a fonte de toda Santidade. E, no entanto, o próprio Senhor afirma: “Tudo que o Pai tem é meu. Eu e o Pai somos um. Quem me vê, vê o Pai”! Por isso mesmo, sem medo, podemos dizer todos os domingos: “Só vós sois o Santo, só vós o Senhor, só vós o Altíssimo, Jesus Cristo, com o Espírito Santo na glória de Deus Pai”! Sim, meus caros, Jesus é Bom porque vem do Pai, porque tudo recebeu do Pai e participa plenamente da plenitude de plena bondade que é o Pai! Mas, “tu conheces os mandamentos!” – Jesus é prático, meus caros: indica ao alguém que vem a ele os mandamentos; e notem bem: os mandamentos da segunda tábua, aqueles que falam do amor e do respeito pelo próximo! Vede, amados no Senhor, como o seguimento a Jesus exige atitudes muito concretas na nossa vida! Aquele lá, que buscava a vida respondeu feliz: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”!     Nesse texto, a coisa boa é que este homem é realmente observante da Lei de Deus; a coisa ruim é que ele parece satisfeito consigo mesmo; parece que, para ele, a religião consiste em fazer, em observar normas. Pronto. Fazendo isso, tudo bem! O Senhor é exigente, o Senhor olha o coração, o Senhor, Palavra “tão penetrante como espada de dois gumes”, quer saber de nossas intenções e não se contenta com nada menos que nosso coração e nossa vida! “Jesus olhou para ele com amor, e disse: ‘Só uma coisa te falta: vai, vende tudo que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me”! Meus irmãos, como Jesus é bonito, como é sábio, como é exigente, como vai direto ao ponto! Primeiro, vede como olha aquele lá: com amor, com aquele amor eterno com que nos amou e reservou para nós o seu amor! Nunca esqueçamos: suas exigências são exigências de amor.
    Daí a dura constatação de Jesus: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha do que um rico entrar no Reino de Deus! A palavra é clara: é mais fácil um camelo passar pela agulha, que um rico entrar no Reino. Porque a riqueza – seja qual for ela – tende a nos apegar, a nos fechar, a nos fazer pensar que nos bastamos! Somente quem for pobre de coração pode entrar no Reino, pois só quem é pobre deixa que Deus reine de verdade na sua vida! E como é difícil para nós, tão fáceis de sermos iludidos, compreender isso! Desapeguemo-nos, caríssimos, de nós mesmos; deixemo-nos para poder encontrar a vida verdadeira. Nunca será digno de Jesus quem não tiver a coragem de tudo deixar por Jesus: “Quem tiver deixado tudo por causa de mim e do Evangelho receberá cem vezes mais agora, durante esta vida, com perseguições e, no futuro, a vida eterna”.

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