Semear

    O semeador saiu para semear. A semente é de primeira qualidade com alto potencial de germinação. O semeador confia na semente e nos corações que semeia, mesmo que seja entre pedras, espinhos, à beira da estrada ou em terreno bem preparado. Ao final, boa parte das sementes foram impedidas de germinar ou se desenvolver e outras produziram bem. Em poucas palavras esta é a Parábola do Semeador (Mateus 13, 1-23) da liturgia dominical.

    Jesus é um pregador fascinante por usar elementos simbólicos e os relacionar facilmente com as ações rotineiras da vida. Fazendo em forma de parábola fala de coisas conhecidas e cotidianas para fazer entender algum ensinamento misterioso e desconhecido. Assim como a vida humana é um enigma que vamos desvendando do nascimento até a morte, do mesmo modo uma parábola vai revelando seus mistérios sempre e por toda parte.

    A entonação da Parábola do Semeador é de confiança. Jesus assegura aos seus que semeando haverá frutos, mesmo com a perda de parte das sementes. Somente haverá colheita se antes houve semeadura. A tarefa do semeador é feita de sucesso e fracasso. Mesmo que haja o desejo de sempre colher o máximo, mas esta seria uma atitude ingênua. Por outro lado, seria o cúmulo do pessimismo se, ao semear, contasse de antemão, com o fracasso. A alegria do semeador é ver as sementes germinarem, crescerem e produzirem o máximo. Porém se isto não acontecer, por secas, pragas, intempéries, doenças, nem por isso renunciará à sua vocação de semear. A confiança é uma virtude de quem lida com a terra.

    Jesus facilita para nós a compreensão da Parábola do Semeador explicando que a semente é a Palavra de Deus. Ela é viva, eterna, imortal e eficaz. O profeta Isaías 55,10-11 compara a Palavra com a chuva e a neve que quando caem “ vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e alimentação”.

    Jesus também explica que a terra são as pessoas que ouvem a sua Palavra. Estas pessoas estão envoltas em situações que as impedem de acolher a Palavra, além de impedir que se desenvolva e produza algum efeito transformador. O semeador a quem Jesus se refere é, em última análise, o próprio Deus. O ato de semear manifesta o quanto confia no ser humano. Trata os ouvintes como pessoas livres às quais oferece algo valioso e convida ao seguimento.

    Não selecionava previamente a quem vai se dirigir, pois acredita na Palavra que vai dizer. Como também acredita nos ouvintes. Esta confiança é tamanha que basta que um só ser humano se deixe tocar por ela, e se converta, para que Deus veja recompensado seu esforço de salvar a humanidade. Uma só pessoa ou um pequeno grupo transformado pela acolhida da Boa Semente são fermento que ajuda a humanidade a libertar-se dos desequilíbrios e criar um mundo novo.

    A Parábola do Semeador ajuda-nos a renovar a confiança no ser humano. Ajuda a rever o modo utilitarista e mecanicista que avaliamos a eficácia da Palavra de Deus anunciada. Simples e despretensiosamente a Palavra de Deus deve ser semeada, mas abundantemente e em todos os ambientes, somente deste modo os frutos serão muitos.

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    Arcebispo de Passo Fundo, dom Rodolfo Luís Webber ingressou em 1976 no Seminário Menor São João Vianney. Foi ordenado diácono em 17 de junho de 1990 e presbítero no dia 05 de janeiro de 1991, e bispo, em 15 de maio de 2009, para a prelazia de Cristalândia no Tocantins. Possui pós-graduação em Psicopedagogia e mestrado em Filosofia pela Universidade Gregoriana de Roma. Durante a 53ª Assembleia Geral da CNBB, dom Rodolfo Weber foi eleito secretário do regional Centro-Oeste.

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