RETIRA A TRAVE DO TEU OLHO;

    Claro o preceito de Jesus com relação ao julgamento do próximo (Mt 7,1-5). Somente Deus é o juiz  (Sl 75,8). Ele é, de fato, o julgador supremo de todas as criaturas e nenhum ser humano  tem o direito de julgar seja quem for.  Mesmo que nós escutemos as palavras de Jesus, mas não a observamos, não é  Jesus que, nos julgará, porque  Ele veio ao mundo não para julgar o mundo, mas para o salvar (Jo12,47). Nós mesmos é quem nos julgamos, pois, como bem mostra a psicologia, transferimos muitas vezes para os outros nossos próprios defeitos. Eis porque é de bom alvitre pedir ao Mestre divino que seu amor misericordioso habite em nosso coração para que saibamos dar graças a Deus por tudo de positivo que  se acha em nossos irmãos. Isto nos impedirá querer tirar a trave do olho dos outros. Além disto, com a medida com que julgamos os outros é com ela que nós mesmos somos julgados. Pelo exemplo da trave  e do argueiro Jesus quer nos dizer que nós devemos melhorar a nós mesmos antes de procurar melhorar os outros. De uma parte nosso amor próprio nos impede de ter uma visão objetiva de nossos atos em relação aos dos outros.  Como diz Rupert de Deuz, talvez  o que tu vês  ou crês ver no olho de teu irmão, não seja mesmo uma trave, mas a sombra de uma trave e tu vês mal e tu discernes mal, porque  tu não vês a trave de teu olho. De outra parte não se trata de ter a falsa humildade de me purificar de minhas pequenas faltas para mostrar o exemplo a meus vizinhos que devem se corrigir de enormes pecados. Não se trata da verdadeira humildade que consiste de ser convencido desta verdade que sou, tantas vezes, bem pior que os outros. Além disto, se eu vejo os outros cometer os pecados mais horríveis, que sei eu de suas intenções ou das circunstâncias  daquela ação? E quem me diz  eu não cairei na mesma tentação um dia? Era a convicção de Santa Teresinha do Menino  Jesus: “ Eu reconhecia que sem Ele eu teria podido cair  tão baixo que santa Madalena e  a profunda palavra de Nosso Senhor a Simão repercutia com uma grande doçura  em minha alma (Eu o sei: ”Aquele a quem se perdoa menos, menos ama” (Lc 7,40-47) , mas eu sei também que Jesus me remiu mais que a santa Madalena pois que Ele me remiu preventivamente impedindo-me de cair”. Esta Santa compreendeu perfeitamente o que o Mestre divino ensinou sobre a relação de seus seguidores uns com os outros. Ele foi taxativo “Não julgueis os outros para que não sejais vós mesmos julgados!”. É de se notar que  a palavra julgar  pode ser interpretada  de vários modos, ou seja, condenar, discernir entre o que o bem e o mal  ou ainda disciplinar o próximo. Quando, porém se examina  outras declarações de Jesus  e do Novo Testamento, fica claro que Cristo interdiz é uma condenação que não  é de acordo com a justiça.  Pelo contrário, trata-se da capacidade de discernir entre o que é bem e mal, ilusão e realidade, o verdadeiro e o falso, o que é direito e injusto. Cumpre ter cuidado de não criticar a torto e a direito sem conhecer os verdadeiros motivos que levara àquela ação. Julgar é delicado e exige muita humildade. Deus quer que saibamos discernir o que é conforme a sua vontade e o que é uma violação de sua santidade e  de sua justiça.  O que Jesus interdiz é um julgamento que provém de um espírito amargo e crítico, que quer se vingar, que se exalta simplesmente rebaixando o outro. Condena os hipócritas que  condenam o próximo ficando cegos sobre seu  próprio modo de ser. Antes de levantar  uma acusação contra o próximo, devo me assegurar que eu sou Isento daquela culpa por dois motivos. Primeiramente porque eu serei medido da mesma maneira  pela qual eu avaliei o meu próximo e, depois, porque é fácil de me enganar, se meus valores  são motivações egoístas. Portanto antes de julgar e condenar alguém, convém prudência e um sério exame de si mesmo. Preciosíssimas lições que fluem das palavras de Jesus, as quais devem orientar nosso modo de tratar os outros.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here