A compaixão de Deus pelos homens.

                A liturgia do 11º Domingo do Tempo Comum poderia levar como título “a compaixão de Deus pelos homens” (Êxodo 19, 2-6; Salmo 99; Romanos 5,6-11 e Mateus 9,36-10,8). Os textos revelam diversos modos de Deus se aproximar e cuidar dos seres humanos. Os textos também ajudam a compreender a realidade e a missão da Igreja.

                O livro do Êxodo recorda a nova realidade após a experiência da escravidão. Acampados aos pés do Monte Sinai se inicia um novo tempo, uma nova aliança. “Portanto, se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis para mim a porção escolhida dentre todos os povos, porque minha é toda a terra. E vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa”. A iniciativa parte de Deus e a resposta livre do povo se manifestará em ouvir a sua voz e guardar os seus mandamentos. São as garantias de uma convivência fraterna e totalmente diferente da escravidão. O povo é chamado a ser “uma nação santa”, não somente em sentido moral, mas sobretudo como uma realidade ontológica, isto é, na sua essência, pois é um povo santo pela vinculação com Deus.

                O santo Evangelho inicia com uma anotação psicológica e espiritual de Jesus em relação as multidões. Percebe que “estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor”. A humanidade que aqui se revela é carente de direção e privada de quem lhe ofereça um rumo. A atitude Cristo não é um sentimento estéril e nem fica apenas na constatação. Logo vai se aproximando, se envolvendo e ajudando. A primeira atitude é tornar os discípulos corresponsáveis. Eles precisam perceber que a multidão está cansada e abatida. Não podem esperar uma solução externa, milagrosa, por isso lhes diz: “Pedi ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita”.

                A segunda atitude de compaixão pela multidão de Jesus Cristo é escolher entre os discípulos doze, que serão chamados de apóstolos. São chamados pelo nome, pessoalmente. Estão no meio de muitos, mas tem nome próprio. Não perdem a identidade pelo fato de fazerem parte de um grupo maior. Percebe-se aqui a importância que Jesus dá ao indivíduo. Eles recebem uma tarefa particular, são “enviados”.

                Os doze enviados recebem poderes para realizarem atividades com pessoas individuais de “expulsarem espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade”. Deverão cooperar com Jesus na instauração do “Reino de Deus”, ou seja, para que o senhorio Deus se manifeste na bondade, no restabelecer a vida, e vida abundante para toda a humanidade. A obra que os enviados devem fazer é silenciosa e constante. E por fim vem uma recomendação: “De graça recebestes, de graça deveis dar!”

                A tarefa dos apóstolos e da Igreja é difundir na humanidade o amor gerador de vida que vem de Deus formando um “povo santo”. Portanto caminham juntos a escolha dos apóstolos e a missão. A Igreja deve cumprir a sua missão de continuar a obra que lhe foi confiada. Portanto, santidade e missão caminham juntas.

                A carta aos Romanos acentua a iniciativa de Deus que se compadece da situação da humanidade pecadora. “Irmãos, quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado. Dificilmente alguém morrerá por justo (…) Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores”. A atitude de Cristo revela o amor divino que é gratuito, total e para todos, sejam bons ou maus.

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    Arcebispo de Passo Fundo, dom Rodolfo Luís Webber ingressou em 1976 no Seminário Menor São João Vianney. Foi ordenado diácono em 17 de junho de 1990 e presbítero no dia 05 de janeiro de 1991, e bispo, em 15 de maio de 2009, para a prelazia de Cristalândia no Tocantins. Possui pós-graduação em Psicopedagogia e mestrado em Filosofia pela Universidade Gregoriana de Roma. Durante a 53ª Assembleia Geral da CNBB, dom Rodolfo Weber foi eleito secretário do regional Centro-Oeste.

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