No caminho da fé não basta acreditar na existência de Deus, em Jesus Cristo e no Espírito Santo. São necessários gestos de fraternidade, de acolhida e de compromisso com a vida das pessoas. É a fé transformada em testemunho de vida, de coerência, de solidariedade com a dor da humanidade que busca libertação, principalmente quando seus direitos são totalmente feridos.
Nesses dias realizamos mais uma Assembleia do Regional Leste 2 da CNBB, que compreende os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, formado por 32 dioceses. O evento aconteceu na cidade de Cachoeira do Campo, arquidiocese de Mariana. A escolha do local foi de propósito, tendo como objetivo nossa solidariedade com as pessoas atingidas pelo desastre da mineradora Samarco.
O tema refletido foi sobre “Mineração”, a importância da extração, mas também as implicações negativas na sua caminhada, quando o processo não é tratado de forma sustentável, podendo causar sofrimento para a população. É o que aconteceu no Município de Mariana, causando mortes, destruindo casas, sufocando história centenária, prejudicando a natureza de forma incalculável.
A Assembleia contou com assessoria de um Promotor e de um grupo de professores da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, ambos nos ajudando aprofundar a questão das mineradoras no país. A conclusão é que produzem muita riqueza, mas fica nas mãos de poucas pessoas e de alguns grupos privilegiados e pouco preocupados com a vida e dignidade da população.
Diante da fortuna, a dimensão da fé é colocada de lado, porque Jesus era preocupado com a restauração da dignidade e da igualdade das pessoas, superando as barreiras entre as classes sociais e econômicas. Enquanto não houver essa preocupação, sempre teremos sofrimentos causados por um desenvolvimento excludente, que mata e desorganiza a vida dos menos favorecidos.
O maior gesto de solidariedade com as dioceses atingidas pela lama foi a ida dos bispos, padres e alguns flagelados no local do desmoronamento da barragem, na localidade de Bento Rodrigues, Distrito de Mariana, que hoje não existe mais. Ali realizamos um momento de reflexão e de oração pelos falecidos, pelas famílias enlutadas, clamando por justiça e dignidade dos que perderam tudo.
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