O celular, o vício e a doença

    Nomofobia é o nome que se dá para as pessoas que são viciadas em celular. Esse vício faz com que os celulares precisem estar em mãos a todo o momento. A maioria das pessoas não notam o quanto estão utilizando o aparelho e só percebem a dependência no último estágio. Apesar de parecer inofensivo, o objeto que faz parte da vida dos brasileiros pode estar causando diversas complicações que serão vistos agora ou a longo prazo.

    O caso de um menino de 13 anos no Estado da Paraíba que matou a mãe e o irmão e feriu o pai com uma arma de fogo porque lhe proibiram usar o celular reacendeu o debate sobre os efeitos dos smartphones, tablets e outros aparelhos eletrônicos na saúde mental de crianças e adolescentes.

    Foi apenas um episódio extremo, mas os especialistas consultados pela BBC News Brasil relatam um aumento das queixas relacionadas ao uso excessivo de aparelhos eletrônicos. A BBC pesquisou famílias brasileiras e viu que o uso de dispositivos eletrônicos diminuiu a capacidade de comunicação, de resolução de problemas e de sociabilidade de crianças de até 5 anos.

    E não é só na primeira infância porque o contato excessivo com telas mexe com o cérebro de jovens, que ainda não está suficientemente amadurecido para controlar impulsos, fazer julgamentos, manter a atenção e tomar decisões.

    “Faço parte de uma rede de pediatras e médicos de adolescentes e nunca vi tantos relatos de problemas causados pelo exagero na internet, seja nas redes sociais, seja pelos jogos online”, constatou a médica Evelyn Eisenstein, que coordena o Grupo de Trabalho em Saúde Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

    Em 2019 o Comitê Gestor da Internet no Brasil apontou que 89% da população de 9 a 17 anos está conectada, o que representa 24,3 milhões de crianças e adolescentes. Desses, 95% (ou 23 milhões) usam o celular como o principal dispositivo para acessar sites e aplicativos.

    A tecnologia é, de fato, essencial, especialmente para as gerações que já nasceram neste universo, com os dedinhos preparados para o teclado do computador ou para as telas touchscreen. E isso ficou ainda mais evidente no período de isolamento social. No entanto, quando usada sem moderação, ela pode se tornar um problema, causando diversos danos à saúde física e mental. Por isso, é preciso manter um equilíbrio e ficar atento aos prejuízos do uso do celular em excesso.

    O hábito de olhar as redes sociais com frequência e a necessidade de se manter atualizado sobre tudo, tem a ver com um fenômeno conhecido como FOMO (Fear of Missing Out), sigla em inglês para o medo de estar perdendo algo. Esse é um grave problema do mundo moderno que predispõe à ansiedade, podendo causar danos à saúde mental.

    O vício em celular também torna mais difícil se concentrar, seja para realizar tarefas simples, como ver um filme, ler um livro, manter um conversa sem o smartphone na mão, ou até em aspectos mais importantes. Além dos sintomas como tensão muscular, insônia, ansiedade e falta de concentração, a lista de problemas causados pelo vício em celular é ainda mais extensa.

    Quem sofre do vício, da Nomofobia e outros males causados pelo uso exacerbado do celular, deve urgentemente buscar ajuda de profissionais da saúde mental. Nenhum vício está sozinho, ele está conectado com outros promovendo prejuízos terríveis! Requer um rigoroso tratamento para uma total libertação. Nada é mais importante do que a saúde física e psicológica. Sem saúde mental não existe saúde!

    Frei Dr. Inácio José do Vale, Psicanalista Clínico, PhD

    Trabalha Clinicando na Comunidade de Ação Pastoral-CAP

    Especialista em Psicologia Clínica pela Faculdade Dom Alberto-RS.

    Especialista em Psiquiatria e Saúde Mental pela Faculdade de Administração, Ciências e Educação-MG.

    Doutorado em Psicanálise Clínica pela Escola de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea. Rio de Janeiro-RJ. Cadastrada na Organização das Nações Unidas – (ONU).

    Autor do livro Terapia Psicanalítica: Demolindo a Ansiedade, a Depressão e a Posse da Saúde Física e Psicológica   

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