Nossa Senhora das Dores

    Celebramos, no próximo dia 15 de setembro, a memória litúrgica de Nossa Senhora das Dores. É a mesma Mãe de Deus em mais um de seus diversos títulos e devoção tão querida em tantos lugares, que a bela herança lusitana nos legou. Esse título concedido à Nossa Senhora remete à dor que Ela sentiu ao ver o seu Filho indo para o calvário e morrer de forma cruenta na Cruz.

    Essa data ocorre, justamente, um dia após celebrarmos o dia da Exaltação da Santa Cruz segundo o calendário pós conciliar. Por meio da morte de Cruz nos veio a vitória, a libertação do pecado e abre-nos a esperança da ressurreição. Maria aos pés da Cruz, junto com o discípulo amado, João, contemplam os últimos momentos de Jesus. Maria não se desespera em nenhum momento, apenas faz o que fez durante toda a sua vida, medita e guarda tudo em seu coração. A Mãe estava em pé junto a Cruz do Seu Filho.

    Nossa Senhora das Dores também é conhecida pelos títulos de Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Angústias, da Agonia, das Lágrimas, do Calvário e do Pranto. Todos esses títulos remetem ao mesmo mistério da única Mãe de Deus e são sinônimos com o título de Nossa Senhora das Dores. Esses títulos remetem aos últimos momentos de Jesus até sua entrega total na cruz, e Maria que o acompanhou em todos esses momentos, como uma mãe que sofre a morte de seu filho.

    A veneração a Nossa Senhora das Dores tem seu início em 1221, no mosteiro de Schonau, na Germânia. Em 1239, teve início a sua veneração em 15 de setembro, data em que celebramos até aos dias de hoje. Iniciou-se em Florença na Itália, pela Ordem dos Servos de Maria (servitas). O título de Nossa Senhora das Dores remete-se as sete dores de Maria, profetizada desde o início pelo profeta Simeão.

    Maria se conforma com a vontade de Deus que estava se concretizando naquele momento. É claro que Maria sentiu uma dor profunda em seu coração, como lhe disse o profeta Simeão: “Quanto a ti, uma espada lhe transpassará a alma”. Que mãe que não se compadece com a morte do filho? Mas Maria sabia desde o início qual era a missão de Jesus aqui nessa terra.

    Lembremo-nos, nesse dia de Nossa Senhora das Dores, de tantas mães que perdem os seus filhos, seja para o tráfico de drogas, homicídios, acidentes ou por alguma doença. Para que elas recebam de Deus reconforto da fé e recobrem a esperança. Para que essa dor seja amenizada com o tempo e que, assim como Maria, possam meditar e guardar tudo em seu coração. Lembremo-nos também da Mãe Igreja que vê tantos filhos serem crucificados de tantas maneiras no dia a dia da história e ela permanece sempre em pé diante das dores.

    Nossa Senhora das Dores nos ensina e nos direciona a contemplarmos a “Via crucis”, ou seja, o caminho do calvário. E, ainda, contemplarmos Jesus na Cruz. O olhar de Maria que se cruza com o olhar de Jesus é um olhar de piedade, ou seja, daquela que reza, e apesar desse momento de dor, se conforma com a vontade de Deus.

    Ela nos ensina a contemplarmos Jesus na Cruz da mesma maneira, com um olhar de piedade e conformidade com a vontade de Deus. Somos convidados a carregar a nossa Cruz do dia a dia e carregá-la com fé, se conformando com a vontade de Deus. E, ainda, trazermos no nosso coração a certeza de que depois de passarmos pelo caminho da cruz, chegaremos à glória eterna, ou seja, na ressurreição. Depois da Sexta-Feira Santa, sempre vem o Domingo da Ressurreição. Essa era a certeza de Maria e é o que Ela pede para nós termos a mesma certeza, após o momento de dor, vem o momento de glória.

    Nossa Senhora das Dores é mãe de todos os homens, Ela recebeu essa missão quando esteve aos pés da cruz, quando o próprio Jesus disse a Ela para acolher João consigo, ao aceitar essa missão de acolher João consigo, ao mesmo tempo, Ela acolhe a humanidade inteira e se torna mãe de todos os homens. Ao mesmo tempo, Jesus diz a João para acolher Maria consigo e ao acolhê-la, Ela se torna a mãe de todos os viventes.

    Por isso, Ela é a “Mãe de Deus e nossa”, pois Ela assumiu a condição de ser a Mãe do Filho de Deus e, consequentemente, Ela é mãe da humanidade inteira ao acolher João consigo. Peçamos sempre a proteção de Nossa Senhora das Dores e que Ela interceda por todos os nossos problemas e assim possamos ter a força de carregar as cruzes do dia a dia.

    Ainda vivemos há cerca de um ano e meio a pandemia da Covid-19. Muitas famílias foram dilaceradas e perderam seus entes queridos. Por isso, somos convidados por Maria, mãe das Dores, a contemplar a cruz de Cristo e ter no coração a certeza da ressurreição. Que sejamos alimentados pela fé e esperança na ressurreição.

    Celebremos com fé na ressurreição o dia de Nossa Senhora das Dores e que Ela interceda e console a todos que passam por momentos de tribulação. Que Ela nos ensine sobretudo a meditar e guardar tudo em nosso coração e dessa forma construir aqui na terra o Reino de Deus. Amém.

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