Morte de ativista hondurenha comove organizações mundiais

A morte da ativista hondurenha, Berta Cáceres, tem provocado indignação internacional. A ambientalista foi assassinada a tiros, por dois homens armados que entraram na sua casa, durante a madrugada da última quinta-feira (3), na cidade de Esperanza, oeste de Honduras. “Ela era uma mulher comprometida na luta pela defesa do meio ambiente e dos territórios dos povos indígenas, bem como com a luta comum”, disse à agência católica CNS, o padre jesuíta Ismael Moreno, diretor da Rádio Progresso e do centro jesuíta Team for Reflection, Research and Communication.

As ações de Cáceres enfureciam as elites em Honduras, um dos países mais pobres do hemisfério e com um dos mais altos índices de homicídio no mundo. O padre jesuíta conta que ela protestava contra as concessões dadas a empresas mineradoras estrangeiras e que era, talvez, a crítica mais conhecida de um conceito chamado “cidades-modelo”, que cria regiões dentro de Honduras que possuem leis e instituições diferentes do resto do país, num esforço para atrair investimentos internacionais.

Cáceres também protestava contra projetos mineradores e hidrelétricos, os quais eram planejados por empresas estrangeiras. Segundo alguns apoiadores, ela lidava com ameaças de latifundiários e autoridades.

A morte é “mensagem perigosa”

A polícia inicialmente atribuiu a morte de Cáceres a uma tentativa de roubo, informando depois que foi morta com quatro tiros. “Uma mensagem forte e perigosa foi enviada hoje”, disse Mike Allison, especialista em política centro-americana e professor da Universidade de Scranton, instituição jesuíta na Pensilvânia. “É escandaloso que, após vários anos de investigação internacional e, por vezes, condenação, pessoas sem escrúpulos estejam mandando matar”, comentou ele.

Em declaração conjunta, a Rede Eclesial Pan-amazônica, REPAM, e o Movimento Católico Mundial pelo Clima, MCMC, condenaram a morte de Cáceres e pediram justiça “a esse ato infeliz e doloroso” que roubou do mundo uma “brava mulher, mãe, esposa, ativista e defensora dos direitos humanos”.

O presidente do país, Juan Orlando Hernandez, condenou o assassinato e prometeu uma investigação completa. Via Twitter, ele escreveu: “este ato é motivo de luto para todos nós”.

Prêmio Ambiental 2015

Cáceres fundou o Conselho dos Povos Indígenas de Honduras, em 1993, e foi vencedora do Prêmio Ambiental Goldman 2015 – considerado o Prêmio Nobel para ações ecológicas. Em 2014, ela participou do Encontro Mundial de Movimentos Populares no Vaticano.

Fonte: Rádio Vaticano

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