Meditando a palavra de Deus do 24º Domingo

    No Antigo Testamento, Cristo é anunciado como venturo; em o Novo, Ele está presente e assim é apresentado.

    Uma profecia: um servo sofredor. De quem se trata? Há bem quatro cânticos do servo sofredor, em Isaías (Is43,1-7;49;1-6;50,4-9;52,13-53,12). De quem fala? Não o sabemos exatamente, mas a partir do Novo Testamento, o concluímos: trata-se de Jesus Cristo, pois Ele mesmo assim se apresenta. Veio para servir e não ser servido, (Lc22,27; Mt20,28). Ninguém gosta de sofrer. Eu também, não. Porém, ninguém dele escapa. Nem eu, nem ninguém. O sofrimento é indesejado, sabemo-lo bem, nem por isso, menos real. Como sombra em dia de sol, ele nos acompanha mais ou menos, de perto. Não busquemos o sofrimento, nem o amaldiçoemos: preparemo-nos, com fé e realismo. Ele vem. É questão de tempo, como veio para Cristo, virá para os cristãos.

    Fé-obras: um binômio necessário. Ela é, antes de tudo, dom, mas também, esforço e luta. Não basta crer. É preciso, também, amar e, amando, servir. Então, pode-se ter Esperança. Portanto, não basta ir à Igreja. É preciso, sobretudo, seguir Jesus na vida. De fato, Ele afirmou: vem e segue-me (Mt16.24); (Jo12,26). Árvore frutífera se conhece pelos frutos e não pelas flores cheirosas e quiçá belas. A fé sem obras é morta. É coisa de cemitério. Como está a nossa? Mostremo-la com obras e não apenas com discursos teológicos, ou turismo religioso, peregrinando, possivelmente, para Jerusalém.

    Quem sou eu para vós? É uma pergunta de Jesus aos seus, hoje, a nós. Ele não a fez porque ignorava sua verdadeira identidade. Estava formando seus discípulos para torná-Los bem realistas no discipulado ontem, hoje, amanhã e sempre. É fácil emitir opiniões sobre alguém. Hoje, Ele (Cristo) também pergunta a mim, a ti; quem sou eu para ti? Não basta citar as escrituras. Ele quer a minha, a tua resposta. Nem adianta ficar calado, pois a vida fala. Grita. Denuncia quem somos e o que pensamos. Cristo é o filho de Deus, nosso Salvador, ou apenas o Filho de Maria? Eis a questão. Após a resposta de Pedro a esta pergunta, muitos não mais andavam com Jesus. Felizmente, outros continuam fiéis e se tornaram vencedores. Muitíssimos já estão na casa do Pai. E eu, tu, onde queremos passar a eternidade?

    Qual é a minha postura diante das vitórias ou derrotas, da saúde ou doença, das adversidades? Perante minhas cruzes? Jesus anunciou que seu futuro passaria pelo sofrimento, a Cruz e a morte (Mt16,21), mas deixou claro, também, a eles a ressurreição feliz, para quem fosse fiel. Não há outro caminho: quem quiser estar com Ele na eternidade deve segui-lo no tempo, na história e nas intempéries da vida. A Cruz é leve para quem se dispõe a carregá-la com Cristo e como Cristo, mas pesada para quem quiser carregar sozinho. Já fiz minha opção? Qual?

    Mês da Bíblia! Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus (Fl2.5). Como tê-los sem conhecê-los? Como conhecê-los sem cultivá-los, e como cultivá-los sem a vivência da Palavra normativa de Deus? A vivência religiosa, cristã, é dialógica: a Deus ouvimos, quando lemos os sagrados livros e a Ele falamos, quando oramos. Não somos meramente a religião do livro, mas a do Deus Trino, do Criador que nos falou por seu filho Jesus Cristo. Diz-se de Santo Agostinho que antes de sua conversão teria tido uma forte experiência de Deus quando teria ouvido: toma e lê. Leu e se converteu. Transformou-se o que leu? (Rm13.13). Tornou-se Santo. Temos ainda vez…

    +Carmo João Rhoden, scj

    Bispo Emérito de Taubaté-SP

    Presidente da Pró-Saúde

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