Maria nos indica fazer tudo o que seu Filho disser!

    Depois de termos celebrado as alegrias do Natal iniciamos, na última segunda-feira, dia 13 de janeiro do ano da graça de Nosso Senhor de 2025 o Tempo Comum. A primeira parte do Tempo Comum vai até a Terça-feira de Carnaval. A Palavra de Deus que a liturgia nos propõe neste segundo domingo comum utiliza a metáfora do “casamento” para descrever a relação de amor e de comunhão entre Deus e o seu Povo. Inclui um veemente convite a entrarmos nessa história de amor que Deus se dispõe a construir conosco. Este foi o primeiro dos sinais de Jesus, transformando a água em vinho em Caná da Galiléia.

    Na primeira leitura – Is 62,1-5 – um profeta anónimo fala a Jerusalém – a cidade triste e em ruínas que as tropas babilônicas destruíram e queimaram – e garante-lhe que Deus a ama com um amor sem fim. O amor de Deus irá regenerar Jerusalém, recriando-a e transformando-a numa “noiva” encantadora e resplandecente. Iluminada pelo amor, a cidade-esposa de Deus encherá de orgulho e de alegria o coração do seu marido. Entre Deus e a comunidade há uma aliança de amor, como num casamento. Essa união é fonte de alegria para a comunidade e para o próprio Deus. Ele sempre se faz aliado do seu povo, mesmo quando este é infiel.

    No Evangelho – Jo 2,1-11 – Jesus, no cenário da festa de casamento de um jovem casal de Caná da Galileia, apresenta o programa que se propõe concretizar: trazer o “vinho bom”, o “vinho” da alegria e do amor, à relação entre Deus e os homens. Da ação de Jesus – das suas palavras, dos seus gestos, do seu amor até ao extremo – nascerá a comunidade da nova “aliança”, a comunidade que vive no amor a Deus e que se dispõe a dar testemunho desse amor no mundo. O evangelista faz uma reflexão sobre a revelação de Deus em Jesus como esposo da comunidade, o qual oferece a abundância do vinho da alegria e da vida nova aos que participam de sua festa. O vinho substitui a frieza das leis, que, como talhas de pedra, enquadram a vida das pessoas. Maria continua a nos dizer: Façam tudo o que o meu Filho disser!

    Este trecho evangélico nos indica as “núpcias messiânicas”, a Aliança selada entre Deus e a humanidade. A falta de vinho é anunciada pela Mãe de Jesus. O diálogo entre Mãe e Filho ali estabelecido nos indica o momento da glorificação de Jesus, que é a hora da Cruz. A expressão “minha hora ainda não chegou” (Jo 2,4c) nos mostra quer a entrega que Jesus fará de sua própria vida está próxima. A dificuldade causada pela falta de bebida é superada por Jesus, quando transforma água em vinho. Esse sinal – mas também todos os outros retratados pelo Evangelista João – tem uma dupla finalidade: manifestar a glória de Jesus e fazer com que seus discípulos creiam nele (Jo 2,11b)

    Na segunda leitura – 1Cor 12,4-11 –, Paulo lembra aos cristãos de Corinto que os “carismas”, enquanto sinais do amor de Deus, se destinam ao bem de todos. Não podem servir para uso exclusivo de alguns, nem podem ser fator de divisão e de tensão comunitária. Na partilha comunitária dos dons de Deus manifesta-se o amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Todos os dons são obra do Espírito de Deus. A diversidade de dons é que enriquece a comunidade. Eles existem para serem postos a serviço em vista do bem de todos, e não para favorecer a glória pessoal ou provocar divisões.

    Apesar das dificuldades e perseguições que vivemos, sempre precisamos beber o vinho da alegria, da esperança e do otimismo. Nossa caminhada cristã é chamada a se pautar pelo otimismo, transmitindo sempre vida, contagiando os outros com nosso jeito esperançoso de viver. Ajude-nos Maria Santíssima, Mãe de Deus, da Igreja e nossa, que exerce papel importante ao nos alertar: Fazei tudo o que o Mestre pedir.  Assim nossa vida terá novo sabor! Na diversidade de dons, preparemo-nos para as núpcias com o Senhor, que transforma nossa vida!

     

    + Anuar Battisti

    Arcebispo Emérito de Maringá, PR

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