A saúde mental de padres e religiosos

    “Eu vim para servir” ou “Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas” são citações bíblicas comumente escolhidas como lemas de vida por aqueles que buscam as ordens sacras ou a vida religiosa. As falas do próprio Jesus para se autodefinir, bem como para caracterizar sua missão, são incorporadas também por padres, religiosos e religiosas.

    No entanto, ao longo da vida muitos deles são tocados não apenas pela mística do chamado e pela beleza da vocação, mas também por desafios inerentes à natureza humana, que não podem ser ignorados. Casos de depressão e outras alterações na saúde mental são cada vez mais comuns na vida de padres e religiosos. Ou apenas estão mais evidentes agora porque se tem falado mais sobre o assunto?

    De fato, este tema ainda é um tabu, já que existe a ideia, em parte das pessoas, de que doenças psicológicas estão ligadas à falta de fé, por exemplo. Lançar luz e conscientizar a sociedade sobre saúde mental e emocional a partir da prevenção das doenças decorrentes do estresse, como ansiedade, depressão e pânico, são os propósitos da Campanha “Janeiro Branco”.

    A saúde mental no contexto formativo à Vida Religiosa Consagrada e Presbiteral é um desafio para os dias atuais. Em sentido mais amplo, ainda persiste um tabu sobre a saúde mental do padre ou do religioso, do consagrado e da consagrada, principalmente do adoecimento psicológico. Como se houvesse a ideia de que “por estarem mais próximos de Deus” estes estão imunes do sofrimento psíquico. E a realidade nos mostra que existe o sofrimento psicológico entre os padres e os religiosos/as consagrados/as.

    Nos últimos 10 anos as nossas pesquisas e a prática clínica nos revelam o aumento na preocupação com a saúde mental no contexto eclesial brasileiro: os casos de suicídio, os preocupantes níveis de Burnout, o aumento na incidência das psicopatologias etc. Tudo isso nos indica que precisamos falar sobre este assunto.

    Campanhas de conscientização, tal como o “Janeiro Branco”, buscam romper com os estigmas que segregam e impedem o cuidado adequado com a saúde mental e emocional. E isto também serve para os contextos formativos da Vida Religiosa Consagrada e Presbiteral.

    O sofrimento psíquico do padre ou do/a religioso/a consagrado/a pode se manifestar na psicopatologia, tais como depressão, ansiedade, estresse, burnout etc. Mas, também, nas sintomatologias vindas das crises, tais como, crise vocacional, crise existencial, solidão, conflitos relacionais, desmotivação etc. A busca pelas causas depende muito do quadro psicológico e da história de vida de cada religioso/a consagrado/a ou padre. O importante é buscar ajuda profissional (psicólogo ou psiquiatra) desde os primeiros sintomas ou sinais que nos causam estranheza comportamental.

    Por isso, o frade carmelita Vagner Sanagiotto, doutor em Psicologia pela Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, tem se dedicado a pesquisar e trabalhar na área da psicopatologia na vida religiosa e presbiteral. Ele conversou com o Vatican News sobre a importância de cuidar da saúde mental de religiosos e padres, não só para benefício deles próprios, mas de toda a comunidade. Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-01/frei-vagner-sanagiotto-saude-mental-padres-religiosos.html?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=NewsletterVN-PT

    Prof. Dr. Inácio José do Vale, Psicanalista Clínico, PhD.

    Trabalha Clinicando na Comunidade de Ação Pastoral – CAP

    Especialista em Psicologia Clínica pela Faculdade Dom Alberto-RS.

    Especialista em Psicologia da Saúde pela Faculdade de Administração, Ciências e Educação-MG.

    Doutorado em Psicanálise Clínica pela Escola de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea. Rio de Janeiro-RJ. Cadastrada na Organização das Nações Unidas – (ONU).

    Autor do livro Terapia Psicanalítica: Demolindo a Ansiedade, a Depressão e a Posse da Saúde Física e Psicológica

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