Lisboa: No refeitório das Vicentinas «há gente com respeito»

Espaço acolhe pessoas de diferentes idiomas e religiões, migrantes sem documentos ou refugiados que vivem na rua

O Refeitório Beata Rosália Rendu, na casa Provincial das Filhas da Caridade, fica no Campo Grande, Lisboa, e ganha vida todos os dias, a partir das 10h00, unindo idiomas e religiões diferentes.

Pessoas que são migrantes sem documentos ou refugiados que vivem na rua acorrem às instalações convertidas em refeitório, desde 2005, pedindo o apoio de quem precisa de ajuda, e encontra ali quem coloque em prática obras de misericórdia.

“Aqui há gente com respeito, dão comida, roupa, tomas banho”, explica Nicolai à Agência ECCLESIA.

Quando chegou ao refeitório recebeu um casaco para chuva, ajudou a estender a roupa e a irmã Celeste Lopes ainda aplicou pensos rápidos nuns cortes que trazia nos dedos.

Ucraniano a viver há sete anos em Portugal, depois de ter estado “muito tempo em Espanha”, revela que “trabalhava a montar e desmontar palcos”.

“Durmo na calçada”, conta Nicolai, recordando que ficou “sem documentos” e ilegal “não pode” trabalhar, pelo que atualmente vive na rua.

“Entregue à bicharada”, é desta forma que Cândido Monteiro diz que se encontra, com um estatuto de “refugiado sem-abrigo”.

Veio da Guiné-Bissau, “há dois anos e sete meses, com um mapa de junta”, ou seja, para fazer um tratamento a uma “úlcera na perna esquerda”.

O Serviço Jesuíta aos Refugiados em Portugal encaminhou-o para o refeitório das Filhas da Caridade.

“Não tenho nenhum apoio, nem da nossa embaixada, nem de mais nada. Este apoio é muito valioso, é muito bom. Os refugiados não têm aapoio de ninguém”, concluiu Cândido Monteiro.

Dumitru era professor de Educação Física na Roménia mas veio para Portugal onde vive há 22 anos clandestinamente.

“Não pude trabalhar na minha profissão porque não tinha documentos”, explica à Agência ECCLESIA.

Desde que chegou a Portugal conta que trabalhou na construção civil “durante muitos anos” ajudou a construir o Centro Comercial Colombo, a Expo 1998 e a Gare do Oriente, e passou também pelo metropolitano, o aeroporto e em muitas outras empresas.

Em 2011, Dumitru teve um acidente de trabalho e em 2013 a esposa faleceu, altura em que acabou por ir viver para rua.

“Hoje digo muito obrigado a Jesus por estar aqui a almoçar. Ajudam na higiene, ajudam na roupa”, observa Dumitru, que revela ainda que tem um amigo que “não” pode abandonar porque o acompanha “há muito tempo”, o pastor alemão “boby”.

A Assembleia da República Portuguesa resolveu declarar 2016 como o ano nacional do combate ao desperdício alimentar, iniciativa que está no centro da mais recente edição do Semanário ECCLESIA.

Fonte: Agência Ecclesia

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