Neste Dia da Criança, a Aleteia investiga como é a fé das crianças e como elas, desde a sua pequenez, podem ser meios utilizados por Deus para ensiná-las, ajudar-nos e lembrar-nos o quanto o nosso Pai nos ama.
Ao contrário do que muitos pensam, a criança tem uma grande capacidade espiritual, não se satisfaz com simples respostas às suas grandes questões e tem a mesma necessidade que um adulto de experimentar o silêncio e de saber que é amada por Deus; Araceli Salazar e Rebeca e Liz Guerra, catequistas do Atrio del Buen Pastor há mais de vinte anos, sabem muito bem disso .
O Átrio do Bom Pastor é um sistema de catequese do tipo Montessori que nasceu na Itália em 1996 e está presente em muitas partes do mundo. Neste sistema são aplicados todos os ensinamentos de Maria Montessori, e é o próprio Jesus quem fala às crianças; Os catequistas são mais um no grupo.
Rebeca Guerra conta que, durante os 28 anos em que é catequista, não houve uma única tarde de trabalho em que não tenha recebido um dom de Deus através dos filhos. Suas palavras, perguntas e meditações despertaram nela grandes momentos de reflexão e silêncio.
“Para mim, um dos maiores presentes ou satisfações é ver o que Deus está fazendo através deste trabalho; crianças que se questionam, que pensam e não é tão fácil para elas aceitarem a primeira coisa que você lhes diz. Isso para mim tem sido muito gratificante porque começo a pensar nos futuros cidadãos que eles se tornarão se permanecerem no rebanho, se permanecerem ligados à videira”.
Seja como crianças
Para Liz, saber que Jesus disse que quem fosse como uma criança entraria no Reino dos céus, convida-a a pensar que Jesus quer que ela se abra e confie, que viva na esperança de que Ele nos dará o melhor.
“Observamos como a criança trabalha, como recebe o anúncio, como ressoa nela a Palavra de Deus e (nesses momentos) não vemos nada além de alegria, alegria, alegria! Isso ressoa no meu coração, porque (Jesus) me diz: quem fica feliz com tudo o que eu lhe dou, é como uma criança, e a sua vontade será o Reino dos céus.
E Rebeca acrescenta: “Eles confiam, são simples, não são complicados, são muito francos, muito diretos e com palavras curtas. Eles são os melhores teólogos que existem. Muitos deles me levaram a pensar e a me envolver em dinâmicas que (de outra forma) não me teriam ocorrido.”
Nos ensinamentos de María Montessori, Rebeca descobriu que os espaços de silêncio não são uma imposição para permanecer em silêncio, mas uma resposta para ouvir o Mestre.
“É através do silêncio que as crianças e os adultos se colocam algumas perguntas ou descobrem aquelas capacidades e dons que Deus nos concedeu, mas que muitas vezes, no decurso da vida quotidiana, não descobrimos. Portanto, a catequese, nesse sentido, também pode reforçar essas qualidades reflexivas”.
E com a lição Montessori da época (escuta, meditação da mensagem recebida e apropriação do anúncio), tanto ela como as crianças descobrem verdadeiramente o sentido do que Jesus diz na sua Palavra, ou do que se vive na Missa, e é isso que muda a pessoa.
“Ver a mudança que as crianças estão passando é um presente maravilhoso; Poder participar, como catequistas, gera um impacto que transcende tudo o que poderíamos imaginar”.
Deus cuida de todos nós como um Pai amoroso cuida de seu filho mais novo.
Para Liz, ver como Deus cuida de sua criatura – desde o ventre até que ela nasça e cresça passo a passo – foi a maneira pela qual ela percebeu a paciência e o amor com que Deus cuida de todos nós, inclusive dela, quando adultos.
Isso me mudou porque não sou mais o mesmo desde que comecei a me maravilhar com o que Deus está fazendo nos seres humanos”.
“Nós, no catecismo do Bom Pastor, sentamos junto com as crianças, no mesmo nível que elas, e trabalhamos no mesmo nível que elas, e estou falando de comprimento e dimensões, isso me torna cada vez mais humilde .”
Araceli também descobre que sua vida mudou desde que se tornou catequista. “Eu estava com mais frio; Agora sou mais gentil; Pensei ‘não posso ser professor, nunca serei bom para isso’. E quando cheguei ao catecismo do Bom Pastor , percebi que posso ser um, Deus nos transforma”. Agora ela fica maravilhada e cheia de alegria ao ver que as crianças entendem o que acontece na Missa.
Descubra-se como ovelha, como ramo da videira
No átrio está tudo pronto para o seu aprendizado. Todos os materiais possuem as cores, texturas e formas necessárias para que, mais do que memorizar, as crianças experimentem e se apropriem de conhecimentos.
Durante os nove anos que dura o programa de formação completo, as crianças descobrem aquelas belas qualidades que Deus colocou em suas almas e chegam à consciência de que, graças a este tesouro que Deus colocou nelas, podem aspirar a grandes coisas como como pessoas integrais.
Dizem à criança que você é valioso, que você é importante, que você é um filho de Deus. E então, ao descobrir-se como tal, ao descobrir-se como ovelha, como ramo da videira, então a criança se alegra e deseja agir.
E concluem afirmando que – embora os adultos às vezes pensem o contrário – a criança ama a ordem e tem capacidade de cumprir com suas responsabilidades, de contribuir com determinadas tarefas em casa e de conquistar a si mesma:
“Ele tem potencial suficiente para se desenvolver com todas as capacidades que Deus lhe deu, com todas as virtudes que Deus lhe deu, com tudo o que ele é como pessoa”; Portanto, é importante que os pais apoiem e acompanhem o seu crescimento e formação, e que se preocupem com o seu desenvolvimento físico, emocional e espiritual.
Descobrir nos filhos o amor que Deus Pai tem por nós, vê-los compreender os grandes mistérios da fé, experimentar o Seu amor e saber que são dotados de dons e qualidades para construir uma sociedade melhor os enche de paz e gratidão a Deus porque “ através dos catequistas, Ele trabalha”.
