Jesus se transfigura para que contemplemos o céu!

    Junto com a solenidade do Senhor Bom Jesus, ou do Senhor Bom Jesus dos Aflitos(devoção do Santuário Diocesano de Itaci, na Diocese da Campanha, MG), ou do Senhor Bom Jesus dos Castores(distrito da Sé Episcopal de São José do Rio Preto, SP) ou mesmo do Senhor Bom Jesus do Bonfim(na Sé Primacial de São Salvador da Bahia) ou ainda do Senhor Bom Jesus(da cidade de Tremembé, na Diocese de Taubaté, SP), só para citar algumas devoções, celebramos a festa da Transfiguração do Senhor. Dentre as teofanias narradas nas sagradas escrituras, a Transfiguração é a que traduz profundamente a teologia da divinização do homem. No Monte Tabor Nosso Senhor Jesus Cristo transforma a natureza humana, escurecida em Adão, revestindo-a com o seu esplendor. De forma concreta se percebe que Cristo não se despe de sua divindade, mas, reveste a humanidade de sua glória.

    “A Transfiguração de Jesus não é uma mudança, mas a revelação de sua divindade, a certeza profunda íntima de seu ser com Deus, que se transforma em pura luz. Em sua unidade com o Pai, o próprio Jesus é Luz da Luz”. (Papa Bento XVI, Angelus, 20 de Março de 2011)
    Segundo a mais lídima tradição o evento da transfiguração ocorreu 40 dias antes da crucificação, ela é a ponte que introduz no calvário e por fim na ressurreição, situada antes do anuncio da paixão e da morte, prepara-os para a compreensão deste mistério. Quase que na mesma dinâmica a Igreja celebra a festa 40 dias antes da Exaltação da Santa Cruz, ou seja a seis de agosto. Desde o século V a Igreja faz memoria daquele dia em que o Pai dá testemunho do Filho diante de Pedro, João e Tiago.

    De forma quase idêntica a transfiguração é narrada pelos evangelhos sinóticos, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão (Cf Mt 17,1). São João Crisóstomo afirma que estes foram escolhidos pois “Pedro amava a Jesus mais do que os outros, João porque era amado por Jesus mais do que os outros, e Tiago porque se unira na resposta do irmão: ‘Sim, podemos beber do teu cálice’ (cf. Mt 20,22).”

    A Liturgia apresenta a visão de Daniel (1ª leitura – Dn 7,9-10.13-14). O texto é composto por versículos que compõem o quadro do Juízo Final com a finalidade de destacar unicamente a identidade daquele que tem poder, honra e glória para sempre. Este alguém é o Filho do Homem, um título que Jesus adotou, identificando-se, portanto, como aquele que virá em glória para julgar e salvar aqueles que pertencem ao Reino de Deus.

    Na linguagem Bíblica, monte é indicativo do local onde acontece a revelação divina. Em várias passagens Bíblicas, Deus se manifesta em algum monte. Novamente ligação com a divindade de Jesus. Ele se revela Deus no Monte Tabor e isto constituiu Pedro, Tiago e João testemunhas oculares de um fato acontecido (2ª leitura – 2Pd 1,16-19).

    Pedro queria ficar muito tempo sobre Tabor. Mas o caminho que aponta Jesus é outro: “Aqui é o ponto crucial: a Transfiguração é uma antecipação da ressurreição, mas esta pressupõe a morte. Jesus manifesta a sua glória aos Apóstolos, para que eles tenham a força para enfrentar o escândalo da cruz, e compreendam que é preciso passar por muitas tribulações para chegar ao reino de Deus.” (Bento XVI, Angelus de 17 de Fevereiro de 2008)

    O Bispo de Hipona, Santo Agostinho, nos ensina que: “Pedro ainda não tinha compreendido isso ao desejar viver com Cristo sobre a Montanha. Ele reservou-te isto, Pedro, para depois da morte. Mas agora Ele mesmo diz: Desce para sofrer na terra, para servir na terra, para ser desprezado, crucificado na terra. A Vida desce para fazer-se matar; o Pão desce para ter fome; o Caminho desce para cansar-se da caminhada; a Fonte desce para ter sede; e tu recusas sofrer?” (Sermão 78,6).

    Do alto da nuvem brilhante, a voz do Pai convida a ouvir o Filho. Ouvi-lo para pôr em prática o que diz: “Ouvir a Cristo, como Maria. Ouvi-lo na sua Palavra, preservada na Sagrada Escritura. Ouvi-lo nos eventos de nossas próprias vidas, tentando ler a mensagem da Providência. Ouvi-lo, finalmente, em nossos irmãos, especialmente nos pequenos e nos pobres, em que o próprio Jesus pede o nosso amor concreto. Ouvir Cristo e obedecer a sua voz: este é o caminho real, o único, que conduz à plenitude da alegria e do amor”. (Bento XVI, Angelus, 12 de março de 2006).

    Jesus deu a confirmação à confissão de Pedro: “Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo”. Aquele instante de glória sobre-humana era o penhor da glória da ressurreição: “O Filho do homem virá na glória do seu Pai”. O próprio tema do colóquio com Moisés e Elias era a confirmação do anúncio da paixão e da morte do Messias. No Monte Tabor, portanto, Deus revelou aos três discípulos quem realmente é Jesus Cristo: o Filho de Deus. Isto é garantido inclusive pela voz do Pai que se faz ouvir: “este é o meu Filho” (Evangelho Mt 17,1-9). Confirma-se assim aquilo que se propõe para esta celebração: renovar a fé e proclamar o testemunho que Jesus é o Filho de Deus, que Jesus é Deus.

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