Jesus, a luz que as trevas não conseguem dominar!

    Depois de termos vivido nos dias 20 e 21 de março, as “24 horas para o Senhor!”, celebramos o Domingo Laetare. Bela e oportuna iniciativa do Papa Francisco em que somos chamados a rezar mais, procurando a confissão sacramental auricular, rezando dentro das limitações em tempos de pan demia do corona vírus, em que somos chamados a rezar o rosário, meditar a Palavra de Deus e fazer a Hora Santa pedindo a conversão dos pecadores, fiéis ao tema que celebramos nas 24 horas para o Senhor, em que o tema deste ano encontra-se no evangelho de São Lucas, no final do diálogo de Jesus com a mulher pecadora, prestes a ser apedrejada: “Os teus pecados estão perdoados” (Lc 7,48). Duas atividades caracterizam esta iniciativa: 1) a celebração do sacramento da reconciliação e 2) a adoração Eucarística.

    No domingo Laetare, ou Domingo da Alegria, embora ainda a trajetória quaresmal não tenha chegado ao seu termo, o Senhor nos renova o ânimo para a caminhada, de modo que a alegria da Páscoa começa a ser vislumbrada. O Cristo, luz que brilha em meio às nossas trevas, caminha conosco e nos conduz por caminhos seguros e iluminados. Ele é o nosso Pastor. A Campanha da Fraternidade de 2020 nos propõe a compaixão, a ternura e o cuidado como exigências fundamentais da vida para relações sociais mais humanas como testemunhou Santa Dulce dos Pobres.

    As leituras deste quarto Domingo da Quaresma propõem-nos o tema da “luz”. Definem a experiência cristã como “viver na luz”.

    No Evangelho(cf. Jo 8,12), Jesus apresenta-se como “a luz do mundo”; a sua missão é libertar os homens das trevas do egoísmo, do orgulho e da auto-suficiência. Aderir à proposta de Jesus é enveredar por um caminho de liberdade e de realização que conduz à vida plena. Da ação de Jesus nasce, assim, o Homem Novo – isto é, o Homem elevado às suas máximas potencialidades pela comunicação do Espírito de Jesus. Quando Jesus e seus discípulos se deparam com um cego de nascença, tomam pontos de vista diversos. Os discípulos olham para trás: eles querem compreender qual foi a causa desta desgraça e, mais especificamente de quem era a culpa: “Rabi, quem pecou, para que ele nascesse cego, ele ou seus pais?”(cf. Jo 9,2). Jesus, em contrapartida, olha para frente. No fundo, não se trata de uma questão de culpa no passado. A cegueira deste homem será uma “ocasião”, no próximo futuro, “para que se manifestem nele as obras de Deus”(cf. Jo 9,3). Por meio deste homem, Jesus vai poder revelar-se como a luz do mundo, luz de todo o ser humano. Como diz São João sobre Jesus no prólogo do seu Evangelho: “Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina”(cf. Jo 1,9). Como sempre no Evangelho de São João, há certa tensão entre o natural e o sobrenatural: o Evangelho funciona simultaneamente em dois níveis. Jesus dá pão para as multidões famintas, mas o pão que ele realmente pretende dar é “aquele que desce dos céus e dá vida ao mundo”(cf. Jo 6,33), isto é, ele mesmo. Ele restituiu a vida física ao seu amigo Lázaro, mas a sua missão é comunicar uma plenitude de vida que ele mesmo é, vida esta que nunca terminará: “Todo aquele(…) que crê em mim não morrerá jamais”(cf. Jo 11,36). No Evangelho deste domingo Laetare, ao restaurar ao homem cego a capacidade de ver, ele lhe oferece a possibilidade de uma plenitude de visão, a visão espiritual, que é a fé. Quando o homem curado proclama: “Eu creio, Senhor”(cf. Jo 9,38) e se ajoelha diante de Jesus, então ele vê de verdade.

    Na segunda leitura(cf. Ef 5,8-14), São Paulo propõe aos cristãos de Éfeso que recusem viver à margem de Deus (“trevas”) e que escolham a “luz”. Em concreto, São Paulo explica que viver na “luz” é praticar as obras de Deus (a bondade, a justiça e a verdade).

    A primeira leitura(cf. 1Sm 16,1b.6-7.10-13a) não se refere diretamente ao tema da “luz” (o tema central na liturgia deste domingo). No entanto, conta a escolha de David para rei de Israel e a sua unção: é um óptimo pretexto para refletirmos sobre a unção que recebemos no dia do nosso Batismo e que nos constituiu testemunhas da “luz” de Deus no mundo.

    Jesus, no dia de hoje, nos aponta a luz divina, porque somos nos que pedimos a iluminação interior. Que a graça deste tempo favorável da Quaresma nos faça crer mais plenamente em Jesus como luz imortal que vem do Pai, luz que “as trevas não conseguem dominar”(cf. Jo 1,5).

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