Fazer tudo com humildade

    Jesus que na última ceia com seus apóstolos lhes daria uma lição de profunda humildade, lavando-lhes os pés, antes, por ocasião de uma refeição na casa de um dos principais fariseus, fixou para todos a importância desta virtude. (Lc 14, 7-14). Através dos tempos ecoaria sua sentença lapidar: “Quem se humilha será exaltado, quem se exalta será humilhado”. Sempre atento às atitudes dos que o cercavam Ele observou que, não havendo à mesa os nomes dos convidados para aquele festim, aqueles que haviam chegado primeiro procuravam os melhores lugares mais próximos ao anfitrião. Corriam o risco, alertou Jesus, de chegar outros mais importantes e a estes caberiam estar junto do dono da casa. Donde o conselho do Mestre divino de ninguém se julgar o mais respeitável, devendo, depois, ceder seu lugar a outro. E isto seria vexatório. Cumpre, porém, ir além do ensinamento provindo de uma situação social, mas é preciso apreender neste episódio o convite que Deus faz a todos para o banquete de seu Reino. Ser um convidado para a mesa divina significa estar em intimidade com o Ser Supremo. Para Deus os mais dignos não são necessariamente os mais cultos e sábios, os mais ricos aos olhos humanos, mas aqueles que correspondem com muito amor ao convite amoroso deste Senhor Onipotente.  São aqueles e aquelas que se empenham em cumprir a cada instante a obra do Pai, levando a sério seu projeto de salvação. Corresponder a este plano de Deus é a condição basilar para se chegar um dia ao banquete das Bodas eternas. Conhecedor de tudo Ele sabe quem são os merecedores desta felicidade perene, ou seja, os mais puros e cumpridores de seus deveres. Estes, aliás, nunca se julgam credores de uma recompensa extraordinária, pois agem sempre com muita humildade, reconhecendo suas vulnerabilidades e fraquezas. Consideram as ações luminosas daqueles que, como São José, Santa Rita de Cássia, Santo Antônio e tantos outros, chegaram ao festim celestial com enormes merecimentos que os colocam bem próximos do trono do Criador de tudo. Há porem, outro aspecto a ser observado: o fariseu do Evangelho fez convites.  Deus também convida para o banquete de seu Reino. É preciso que cada cristão faça convites levando parentes e amigos a procederem de tal forma que não percam um lugar lá no céu. É necessário ser o arauto daquela felicidade que será concedida aos que corresponderem ao apelo divino para não perder o seu lugar na eternidade venturosa preparada por Deus para os que O amam e servem. Jesus deixou claro: “Na casa de meu Pai há muitas moradas”. Lá Ele aguarda os que lhe forem fiel nesta terra e, sobretudo, aqueles que colaboraram para que esta lealdade existisse em seu derredor, afastando toda indolência no trabalho evangelizador Isto sem esperar compreensão, amizade, gratidão dos homens. Cumpre, por isto mesmo, que ao lado de imitar a generosidade do Pai que convida para o seu festim, que cada um seja humilde e se reconheça indigno do Reino celeste, ferido muitas vezes nas batalhas da vida, mas jamais duvidando do amor de Deus. Tudo, porém, realizado na mais completa humildade não se avaliando superior aos outros. Consciência de que enquanto alguém está neste mundo há precisão de conversão contínua. Nunca se deve permitir que o orgulho venha a poluir os mais recrescentes desejos de perfeição. Cada um reconhecendo os talentos que recebeu de Deus, procurando desenvolvê-los para melhor servir o próximo e ao Doador de tudo. É, porém, até um ato de humildade ter uma justa estima de si mesmo, mas aceitando a ajuda dos outros para se aprimorar espiritualmente. Todos em marcha para o festim celestial no qual ninguém entrará sozinho, pois pelo exemplo e pela palavra deve arrastar a muitos para o mesmo venturoso destino. Este espírito de humildade é a alma de todo apostolado, mesmo porque Jesus alertou: “Aquele que quer se tornar o primeiro entre vós, se torne o servidor de todos”. O humilde não quer dominar, mas irradiar a alegria, a felicidade de não ser admirado, imolando-se pelo próximo. Jesus deu o exemplo e se fez humilde e o Servidor por excelência. Evangelizar é deixar Cristo viver em si mesmo, dando credibilidade ao trabalho evangelizador. Deste modo muitos irão para o festim da Casa do Pai. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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