Em Jesus está todo nosso bem querer!

    A liturgia deste dia celebra o Batismo de Jesus. Com esta festa do Batismo de Jesus encerramos o ciclo do Natal do Senhor. Essa liturgia atinge seu ápice quando Jesus recebe o Batismo de João e, do céu, ouve-se a voz do Pai: “tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer” (Lc 3,22c). Evoca o momento em que Jesus, ungido pelo Espírito Santo e apresentado aos homens como “Filho Amado” de Deus, abraçou a missão que o Pai lhe entregou: recriar o mundo, fazer nascer um Homem Novo. E propõe-nos, a todos nós que fomos batizados em Cristo, que tiremos desse facto as consequências que se impõem.

    A primeira leitura – Is 42,1-4.6-7 – anuncia um misterioso “Servo”, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim… Investido do Espírito de Deus, ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois esses esquemas não são os de Deus. É o primeiro cântico do “Servo de Deus” descrito por Isaías. Sua missão é fortalecer a esperança do povo, realizar – sem violência – a justiça, promover a misericórdia e ser luz das nações.

    No Evangelho – Lc 3,15-16.21-22 –, aparece-nos a concretização da promessa profética da primeira leitura: Jesus é o Filho/ “Servo” enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito e cuja missão é realizar a libertação dos homens. Obedecendo ao Pai, Ele tornou-Se pessoa, identificou-Se com as fragilidades dos homens, caminhou ao lado deles, a fim de os promover e de os levar à Vida em plenitude. O povo estava na expectativa de um libertador e buscava o batismo de João. Diante da dúvida sobre se seria ou não o Messias é “alguém mais forte”. Ao ser batizado, Jesus é proclamado publicamente o Filho amado de Deus. Com sua missão, ele é o Servo do Senhor que se solidariza com os pecadores e sofredores.

    O Batismo do Precursor, com água, é de conversão, para a remissão dos pecados. O Batismo de Jesus, também com água, será no Espírito Santo e no  fogo (Lc 3,20). Revelado como o “Filho amado” do Pai, Jesus, investido pela força do Espírito, é enviado em missão. De fato, Jesus é o Filho amado, e nós recebemos dele, pelo batismo, a filiação adotiva. Somos filhos e filhas do mesmo Pai de bondade e infinita misericórdia e, por isso, somos todos irmãos e irmãs.

    A segunda leitura – At 10,34-38 – reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projeto de salvação em favor dos homens; por isso, Ele “passou pelo mundo fazendo o bem” e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra. Ungido por Deus com o Espírito Santo, Jesus andou por toda a parte fazendo o bem. Deus não faz distinção entre as pessoas: unge e aceita quantos passem a vida fazendo o bem e praticando a justiça. Isto é a essência do ano jubilar da esperança.

    Hoje somos chamados a refletir sobre a nossa missão de batizados: O batismo de Jesus, no Espírito e no fogo, leva-nos sobretudo a tomar consciência de sermos morada do Espírito Santo, que nos anima a espalhar o amor de Deus, a nos solidarizarmos com os pecadores e sofredores, a transformar as situações segundo o projeto de Deus. A nós, batizados, Jesus deixa a grande missão de crescer na caminhada de fé e ajudar tantos outros irmãos a unir-se no mesmo dinamismo do Espírito Santo que nos santifica e renova, criando solidariedade e fraternidade.

    Ao buscar o batismo de João, o Filho de Deus se solidariza com todo o povo; ungido pelo Espírito Santo, assume publicamente a missão salvadora. A nós, batizados em nome da Trindade, o Senhor nos chama a anunciar a salvação e a construir um mundo melhor de solidariedade, empatia, compaixão e misericórdia!

     

    + Anuar Battisti

    Arcebispo Emérito de Maringá, PR

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