Dom Orani se reúne com mães de jovens vítimas da violência no Rio

No dia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o Cardeal Orani João Tempesta, acolheu no Edifício João Paulo II, mães que perderam seus filhos vítimas da violência urbana da cidade do Rio de Janeiro.
O encontrou contou também com a presença dos responsáveis pela Assistência Religiosa aos Adolescentes Privados de Liberdade na Arquidiocese do Rio, padre Gilvan André da Silva e o diácono Roberto dos Santos, e promotora pública e coordenadora da Tutela Coletiva Infracional do Estado do Rio de Janeiro, Janaína Pagan.  
As mães pediram o encontro com Dom Orani na certeza de ouvirem uma palavra de conforto e com o desejo de falar sobre a impunidade e a ausência do Estado, que potencializam o aumento da dor de quem, assim como Maria viu seu filho ser crucificado, perdeu a guerra para a violência.
Mãe do policial civil Eduardo da Silva Oliveira, de 25 anos, assassinado por um colega em 2012, Rosemar Vieira da Silva participou do encontro e ainda hoje luta por justiça.
“O assassinato do Eduardo me causou outra morte. Eu morri naquele dia 19 de abril de 2012”, disse emocionada.
Já o filho de Maria de Fátima foi executado por policiais na comunidade Rocinha, Zona Sul do Rio. 
“O meu celular tocou e era um amigo da família que minha filha havia pedido para me ligar informando. Ele disse: “Fatinha, a Mirelle pediu pra eu te ligar e mandou te dizer que a polícia acabou de matar o Hugo””, contou Maria de Fátima aos prantos. 
O Ano Santo da Misericórdia foi lembrado no encontro com maior ênfase sobre a importância do perdão. Filho único de Jane Albuquerque, o lutador Marco Jara foi morto por um adolescente durante um assalto. A mãe da vítima conseguiu perdoar o assassino.
“Eu segurei nas mãos dele e, de joelhos, olhei nos olhos dele e perdoei. O ódio mata e o perdão me salvou”, afirmou Jane.
Dentre as diversas solicitações feitas pelas mães a Dom Orani, destacaram-se o pedido de ajuda para que a Igreja auxilie no acompanhamento dos processos, na busca por justiça, no cuidado com a saúde psicológica e física das mães e no auxílio de recursos básicos para a sobrevivência, muitas vezes omitidos pelo Estado. 
Cartilha do Luto
Formado por mães que perderam seus filhos, o “Instituto Mães SemNome” vai lançar no dia 8 de junho, às 11h, na Fundação Getúlio Vargas, a “Cartilha Jurídica do Luto: orientações práticas e jurídicas aos familiares”, que aborda os desdobramentos de um episódio de morte.

“A importância de elaborar a cartilha está no fato de que, mesmo sendo um tema árido e desestabilizante, é absolutamente necessário estarmos bem informados para tomarmos decisões”, disse a presidente do instituto, Márcia Noleto.
Para a difícil tarefa, o Instituto Mães SemNome contou com a Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas (FGV Direito Rio), especificamente com um grupo de alunos de graduação da FGV Direito Rio, orientados pela advogada Ana Paula Sciammarella, supervisora da Clínica LAJES (Laboratório de Assistência Jurídica a Organizações Sociais).
Na ocasião, haverá um debate sobre políticas públicas para o luto, com a presença de Andrea Sepúlveda, defensora pública e subsecretária de Defesa e Promoção de Direitos Humanos; José Muiños Piñeiro, desembargador do Tribunal de Justiça do RJ e colaborador da revisão jurídica da cartilha; e Valéria Velasco, presidente do Comitê Nacional de Vítimas de Violência. A mediação será de André Mendes, coordenador do Núcleo de Prática Jurídica da FGV.
A partir do dia 8 a cartilha poderá será compartilhada online, por meio do website do Instituto Mães SemNome (www.maessemnome.com.br) e da Biblioteca Digital da Fundação Getúlio Vargas (http://bibliotecadigital.fgv.br).

 

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