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quinta-feira, 2 maio, 2024.
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Conforto espiritual na fronteira da Venezuela

“Muitas pessoas chegam chorando, com problemas sérios… ansiosas ou tristes pois estão deixando o país.  Estão indo embora porque não têm nada para comer ou não conseguem remédios. Nossa missão é consolá-las com a luz da Palavra de Deus e com oração”, Padre Esteban Galvis, da Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, no subúrbio de Aguas Calientes, em Ureña – Venezuela, fronteira com a Colômbia.

Cuidado com os pobres e migrantes

Cuidar dos emigrantes na fronteira, como também das pessoas que já vivem ali na pobreza, não é só ajudar materialmente. Apesar das limitações, cuidar delas significa, acima de tudo, prover apoio pastoral e espiritual.

“Estamos diante de uma realidade muito dura, uma situação particularmente difícil”, explica Padre Esteban. “Por um lado, aqueles que desejam emigrar estão passando por nossos centros paroquiais; por outro lado, há a pobreza das famílias locais que vivem aqui perto da fronteira. É o nosso próprio povo, que continua sendo afetado pela situação crítica no país”.

“Somos os pobres cuidando dos pobres; embora muitas vezes possamos oferecer apenas um copo de água com açúcar”, conta.

Confiando em Deus

O Pároco de Aguas Calientes sabe que “cada pessoa e cada família tem sua própria história para contar, mas todos partilham da mesma confiança em Deus. Eles procuram o padre e as paróquias, a fim de encontrar um refúgio onde possam obter nova força e consolo. Se confessam e confiam nas mãos de Deus”.

“Uma história marcante foi a de Juan Carlos. Ele viajava com o filho e a esposa. Saíram do estado de Falcón (no noroeste da Venezuela), na esperança de irem para outro país. Entretanto, quando chegaram na fronteira, não tinham mais dinheiro para continuar a jornada”, explica Padre Esteban.

“Chegou aqui um homem chorando, junto com sua esposa; estavam desorientados, não sabiam o que fazer. A primeira coisa que fiz foi rezar com eles, pedindo a Deus que nos iluminasse. Então, eu dei um pouco de comida para eles. Depois, durante o dia, alguém da nossa comunidade lhes ofereceu um lugar para passar a noite. Eles então decidiram permanecer na região. No dia seguinte, foram para Cúcuta (Colômbia) a fim de encontrarem algum trabalho. Pouco a pouco eles estão achando uma solução; com a ajuda de Deus”.

Nas paróquias da região de fronteira, a pastoral social foi fortalecida principalmente por meio do cuidado espiritual e do companheirismo; pois “nisto reside nossa principal missão. Muitas pessoas vêm à igreja, chorando, em razão dos seus problemas e preocupações. Nossa tarefa então é ser instrumentos de Deus para amparar e consolar essas pessoas”, explica Padre Esteban.

Apoio da Igreja

Entre as atividades pastorais da Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes em Aguas Calientes, há dias de Adoração Eucarística, como também orientação espiritual sempre disponível para as pessoas que buscam conforto e apoio.

“Desde que a fronteira foi fechada”, acrescenta ele, “temos promovido campanhas de ação social e de partilha da pouca comida que temos; mas a inflação está tornando esse trabalho impossível para nós. Continuamos ajudando, mas com o mínimo extremo; damos preferência aos idosos e crianças, pois não temos o suficiente para todos”.

O recente boletim Movilidad Humana Venezolana (Mobilidade Humana Venezuelana), publicado em maio desse ano pelo Serviço Jesuíta de Refugiados na Venezuela, relata que as principais razões que levam o povo venezuelano a atravessar a fronteira são: a insegurança; a preocupação com o que está acontecendo no país; a fome; os altos níveis de estresse diários; a incerteza do que vai acontecer; a falta de medicamentos e tratamento médico. 83,6% emigraram em busca de um lugar mais seguro para morar, e 31,2% até se sentiram forçados a fugir de casa.

Recentemente, houve a Asamblea de Laicos de la Frontera (Assembleia de Leigos na Fronteira). Fiéis leigos, junto com padres e o Bispo da Diocese de San Cristóbal, reafirmaram o compromisso de serviço pastoral especial e permanente na região de fronteira.

É possível ajudar

Padre Esteban Galvis enfatiza que os cristãos devem ser fiéis na “oração e jejum, pois isso nos ajudará a resolver a situação”. O sacerdote conclui convidando todos a se unirem a eles nessa tarefa: “Somos uma fonte de conforto e conselho para aqueles que aqui vivem e para os que migraram para cá e sofrem. Convido todos aqueles que gostariam de nos ajudar a rezarem pelas pessoas que vivem aqui, porque Deus é a nossa única força”.

A ACN visitou recentemente a cidade San Antonio del Táchira, na Colômbia, em solidariedade às dioceses localizadas na fronteira da Venezuela com a Colômbia, diante da difícil situação em que o povo tem vivido. Além disso, durante a viagem discutiu-se a possibilidade de apoio para o projeto de um albergue para migrantes, a Casa del Migrante.

 

Fonte: ACN

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