CÁRITAS DESENVOLVE AÇÕES DE MOBILIZAÇÃO PARA FORTALECER A VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19 NA REGIÃO NORTE DO PAÍS

“Todos os seres humanos que estão nesta Terra têm que se vacinar para evitar as enfermidades. Eu moro no Brasil há cinco anos, no município de Mucajaí. E hoje tomei a terceira dose da vacina contra a Covid-19”, declarou a venezuelana Mary del Valle Deffitt, 50 anos, dona de casa.

Dados do Vacinômetro divulgados pelo governo de Roraima mostram que, até o dia três de junho deste ano, somente 53% da população havia atingido o esquema vacinal completo. De acordo com o coordenador nacional do projeto Orinoco, Raphael Macieira, o mutirão é uma forma de contribuir para o aumento do índice da população vacinada.

Vacinação de migrantes em Teresina (PI).

“No início desse ano, a equipe de Monitoramento do Projeto realizou a pesquisa de linha de base, e nos resultados pudemos observar que 71% da população migrante estava vacinada contra Covid-19, e 35% só tinha tomado a primeira dose”, explica. Na avaliação do coordenador, esses resultados acenderam uma luz amarela sobre a importância de realizar ações que trouxessem informações seguras a respeito da vacina, assim como o incentivo à vacinação.

A proposta é que o mutirão de atendimento voltado à população migrante alcance demais municípios e estados de atuação do projeto. Em Mucajaí (RR), o mutirão de atendimentos foi realizado em parceria com a prefeitura e a Pastoral do Migrante.

Demais estados de atuação do Orinoco

Em Teresina, estado do Piauí, a vacinação junto à população migrante vem acontecendo de forma regular. Isso se deve ao processo de incidência feito pela equipe do projeto Orinoco logo no início do período de vacinação.

“Solicitamos ao Governo do Estado que os Warao, por serem indígenas, fossem incluídos como público prioritário, quando se começou a vacinar as comunidades tradicionais, e assim foi feito através da Superintendência Estadual de Relações Sociais (SUPRES), que solicitou um balanço da quantidade de indígenas Warao que se encontravam na cidade, para que esses fossem contabilizados junto aos demais indígenas, isso em maio de 2021”, revelou a assessora técnica regional de Proteção do projeto Orinoco Luciana Alves Fontes.

Segundo o relato da colaboradora, no mês seguinte as vacinas chegaram e logo começou o processo de vacinação dentro dos espaços dos abrigos. Todos os Warao acima de 18 anos foram vacinados com a primeira e segunda dose, bem como com a dose de reforço. As crianças também estão sendo acompanhadas no processo de vacinação no próprio abrigo.

Mutirão de vacinação em Rio Brando (AC). | Fotos: rede Cáritas Brasileira.

Por sua vez, em Rio Branco (AC), devido à dificuldade da população migrante acessar a vacina nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), os agentes Cáritas convidaram uma equipe do Centro de Referências para Imunobiológicos Especiais (CRIE) à Paróquia Santa Inês, no intuito de disponibilizar o serviço com melhor acessibilidade. Além do mutirão, houve palestra para orientação sobre a importância e os tipos de vacinas disponibilizadas pelo SUS no Brasil e, principalmente, para incentivar a vacinação de combate à Covid-19.

“Na ocasião, várias pessoas migrantes, catadores e catadoras de materiais recicláveis e a comunidade da área paroquial foram beneficiadas com a vacina da Covid-19 e com as vacinas de rotina”, contou Shirley Nogueira de Albuquerque, assessora técnica regional de Proteção do projeto Orinoco.

A colaboradora relatou que, durante os atendimentos, os migrantes são questionados sobre a vacina. Se ainda não tiverem tomado, é feita a orientação da importância para a sua saúde e a do seu próximo, e sobre as restrições de acesso a alguns estabelecimentos.

Nesses casos, os beneficiários são encaminhados à UBS mais próxima de onde está residindo e depois é realizada a certificação de que foi imunizado/a. Além disso, sempre que há atividade ou ação voltada à população migrante, busca-se envolver uma equipe do CRIE para assim aumentar a cobertura vacinal.

Na capital paraense, o total de doses aplicadas ultrapassa 3 milhões, conforme aponta o Vacinomêtro do site da Prefeitura de Belém, sendo considerada uma das capitais brasileiras que mais avançaram no processo de imunização contra a Covid-19. No que tange o atendimento e alcance do público migrante, destaca-se a capilarização dos postos de vacinação, no intuito de facilitar o acesso.

Segundo a assessora técnica regional de Proteção do projeto Orinoco, Leila Silva, o trabalho da Cáritas no estado tem sido de incidência e incentivo à população. “Tivemos a oportunidade de reunir com a FUNPAPA e SESMA para dialogar sobre fluxos de atendimento e ações conjuntas, sendo também o tema imunização uma preocupação comum, sobre o qual buscamos contribuir com informações pertinentes ao público de migrantes, colocando-nos à disposição no processo de sensibilização dos mesmos para vacinarem-se, seja no atendimento realizado no espaço do Centro Social Padre Ronaldo Menezes, seja nas visitas às comunidades”.

Pela vida na Amazônia

O Projeto Ajuri pela Vida na Amazônia segue, atualmente, sua segunda fase de realização, continuando com as ações de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus nos territórios do interior do estado do Amazonas. Essas práticas são desenvolvidas em comunidades de nove municípios amazônidas (Coari, Tefé, Maraã, Alvarães, Fonte Boa, Juruá, Uarini, Itacoatiara e Parintins).

Esta fase foca na orientação popular para a promoção de higiene, distribuição de kits de higiene e prevenção, conscientização sobre a importância de adesão à vacina, bem como a sensibilização para a adoção à lavagem adequada das mãos como principal fator de prevenção eficaz contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, assim como pode evitar outras doenças infecciosas, transmitidas por vírus ou bactérias. Isto é, uma ação que pode parecer simples, mas que pode salvar vidas.

Dentro das práticas de prevenção à Covid-19, o projeto Ajuri pela Vida na Amazônia vem desenvolvendo uma série de ações que visam o incentivo à vacinação, com conscientização da população das comunidades atendidas pelo projeto, o combate às Fake News e o estímulo à vacinação de crianças e adolescentes.

Essas ações são realizadas pelas equipes de educadores e educadoras do projeto nas comunidades atendidas pelo projeto e nas zonas urbanas dos municípios. “É muito bom tomar vacina e vamos tomar a vacina para que a gente fique com os órgãos mais fortes para que se a doença vier nos atacar, nosso corpo vai estar bem preparado por causa da vacina”, explica o Tuxaua Raimundo Ramos Neves, da comunidade indígena Pavão, localizada no município de Tefé. As ações do Ajuri auxiliaram no incentivo à vacinação em comunidades indígenas atendidas, explicando a importância do imunizante para o combate à Covid-19 nas populações indígenas, umas das mais vulneráveis aos riscos da doença.

Projeto Ajuri

O Projeto “Ajuri pela Vida na Amazônia” é desenvolvido pela Cáritas Brasileira, com financiamento da USAID – US Agency for International Development, e apoio da Catholic Relief Services. A execução do projeto acontece em parceria com a Articulação Norte 1, da Cáritas Brasileira, e com as Cáritas das Prelazias de Tefé e Itacoatiara e Diocesanas de Coari e Parintins. Atualmente, o projeto segue em sua segunda fase de realização, continuando com as ações de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus nos territórios do interior do estado do Amazonas.

Projeto Orinoco

Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras é um projeto da Cáritas Brasileira que atua junto à população migrante e refugiada venezuelana na região Norte do país e no Piauí. Hoje, a iniciativa se encontra em sua terceira fase e alcança quatro estados do Norte, além do Piauí (Nordeste): Acre, Pará, Rondônia e Roraima. A ação desenvolve ações de WASH (água, saneamento e higiene), ligadas na prevenção contra a Covid-19, e inclui setor de Proteção, com ações voltadas à regulação migratória, enfrentamento à violência de gênero e outras associadas à temática, proporcionando aos mais vulneráveis acesso justo e igualitário a recursos, serviços e oportunidades. A iniciativa recebe apoio do Escritório de População, Refugiados e Migração do Governo dos Estados Unidos (PRM).

Com informações da Cáritas Brasileira 

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