Cardeal Parolin: água, elemento de cooperação e não de conflitos

Cidade do Vaticano (RV) – A ligação entre água e clima, e a água como objeto de conflitos e guerras estiveram no centro do discurso do Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, no encontro internacional sobre “Água e Clima. Os grandes rios do mundo se encontram” que se realiza, em Roma, até a próxima quarta-feira (25/10).

 

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“O aumento constante da demanda de água é um dos desafios mais sérios de hoje e amanhã, colocados à comunidade internacional”, disse o purpurado.

Falando sobre a ligação entre água e clima, o Cardeal Parolin denunciou as consequências desastrosas das mudanças climáticas, causadas não somente por elementos naturais, mas também pelas atividades humanas que criam alterações e desequilíbrios. O purpurado mencionou a poluição das faldas aquíferas ou dos rios, a destruição das florestas e também a ligação entre as mudanças climáticas e catástrofes relacionadas com a água que nos últimos 30 anos causaram 90% dos principais desastres naturais.

Em segundo lugar, o Cardeal Parolin falou sobre as “guerras pela água”, sobretudo na presença de rios, bacias hidrográficas compartilhadas por várias nações, mas mudando de perspectiva “a  água pode ser vista como elemento de colaboração e diálogo, ocasião de paz e solidariedade, através de iluminados e responsáveis acordos políticos ou tecnológicos de gestão participada fundada no valor precioso da partilha.

Os recursos hídricos transfronteiriços partilhados por vários Estados oferecem oportunidades tanto de competições e conflitos quanto de cooperação e solidariedade, visto que representam um fator chave para a estabilidade econômica de cada estado.

O purpurado recordou que “em meados do século XX foram negociados mais de duzentos tratados sobre a água, mostrando muitas vezes que a cooperação transfronteiriça em matéria de água é um exemplo válido de prevenção a longo prazo dos conflitos”.

Em seu pronunciamento, o Cardeal Parolin citou o direito ao acesso à água, sobretudo daqueles que vivem na pobreza; a água como elemento ao qual muitas religiões atribuíram um valor espiritual e simbólico; a água como fator fundamental para o desenvolvimento, pois a má gestão provoca uma vida inadequada, dificuldades nas atividades produtivas como a agricultura e pecuária, precárias condições de higiene e fenômenos que causam migrações forçadas.

No final de seu discurso, o Cardeal Parolin pediu para encontrar abordagens inovadoras que exigem novas formas de colaboração entre público e privado.

“Na base dessas abordagens, será necessário dar prioridade ao atendimento das necessidades de segurança hídrica dos pobres através de políticas hídricas a favor dos pobres, bem como à revitalização do ambiente local, promovendo a descentralização, ou seja, a subsidiariedade, valorizando os conhecimentos e as experiências das populações e comunidades locais”.

 

Fonte: Rádio Vaticano

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