4ª Catequese Quaresmal – A Caridade

    Ao longo da Quaresma somos chamados á experiência de três práticas penitenciais, que são elas: Oração, Jejum e Caridade. Essas três práticas penitenciais são intimamente ligadas entre si, e tanto o jejum como a caridade são frutos da Oração. O Jejum e a caridade só terão sentido se forem precedidos da oração, pois se fizermos um jejum por fazer não terá sentido. A caridade é o fruto do jejum, pois aquele alimento que deixamos de comer ou beber ao longo da Quaresma poderemos depositar na coleta da solidariedade no domingo de ramos. Assim os trabalhos sociais que serão atendidos por essa coleta é fruto da penitência dos católicos, seja nas dioceses, seja nos projetos que chegaram à nossa conferência episcopal.

    Enquanto esteve no deserto Jesus jejuou e orou durante quarenta dias e quarenta noites sofrendo as tentações do demônio. Depois desses dias é claro, Jesus começou a pregar a Palavra de Deus e a exerceu acima de tudo a caridade para com o próximo, libertando diversas pessoas de espíritos maus e de doenças. Jesus ensinou a humanidade o caminho do amor, tanto que resume os dez mandamentos em dois, consistindo em: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Portanto, a caridade nada mais é do que sairmos um pouco de nós mesmos para podermos amar o próximo.

    O tempo da Quaresma é propício para a conversão e mudança de vida, essa mudança pode começar a partir da nossa relação com o próximo. Muito mais do que doar alimento ou roupas para o próximo, podemos exercer a caridade sendo solidários com o próximo, escutando as suas dores e alegrias, visitando os parentes mais distantes, ou visitando um asilo de idosos. Podemos ainda exercer a caridade anunciando a Palavra a quem precisa, aos enfermos e acamados sobretudo. Portando, há diversas maneiras de exercemos a caridade e não somente no tempo da Quaresma, mas ao longo de todo o ano.

    A Campanha da Fraternidade desse ano de 2024 é um convite para todos os fiéis viverem a caridade: “Fraternidade e amizade social” e lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Esse tema é bem pertinente nos dias de hoje, pois infelizmente hoje em dia as pessoas estão muito preocupadas consigo mesmas e não se importam com os outros. O tema da Campanha da Fraternidade desse ano ainda vai de encontro com a Encíclica do Papa Francisco “Fratelli Tutti”, é extremamente importante respeitar, dialogar e amar o próximo, pois assim evitaremos tantas guerras. A caridade nada mais é do que o amor que doamos ao outro, o ser humano é relacional, ou seja, necessita se comunicar com o outro.

    A caridade é fruto da nossa conversão que realizamos na Quaresma, pois a Quaresma requer uma mudança de atitude entre nós e o próximo. Ao longo da Quaresma somos tocados através da Palavra de Deus para buscar a conversão. Através do batismo somos convidados a viver a santidade no dia a dia, e a ser luz na vida do outro. Exercer a caridade é uma forma de ser luz na vida do outro.

    Por meio da caridade deixamos de pensar em nós mesmos e passamos a pensar no outro, ou seja, nos colocamos no lugar do outro. O que falta nos dias de hoje é a “empatia” e a compaixão, tudo isso é se colocar no lugar do outro. Infelizmente o ser humano nos dias de hoje só pensa em si mesmo, só olha para si, por isso o motivo de tantas guerras que vemos por aí. É necessário e urgente que saiamos de nosso egoísmo, nos libertemos e nos abramos para o outro. A Páscoa significa a passagem da morte para a vida, das trevas para a luz, e se abrir aos irmãos e irmãs é sinal de conversão e é claro que esse amor ao próximo deve permanecer ao longo de todo o ano. Deus está sempre pronto a nos perdoar e não fica contando as nossas faltas, do mesmo modo que Ele nos perdoa, também nós devemos perdoar aos irmãos.

    Jesus recomendou que deveríamos cuidar dos doentes, isso é exercer a caridade. A Quaresma pode ser uma oportunidade de redescobrirmos essa forma de caridade, quem sabe podemos procurar a Pastoral da Saúde de nossa paróquia e nos engajar no serviço da pastoral, visitando os doentes, seja no hospital ou em casa. Não é preciso ser necessariamente ministro para visitar o enfermo, basta ter disposição e amor no coração para visitar aquele necessita.

    Infelizmente nos dias de hoje, em torno de nossas paróquias existem muitos doentes, e que muitas vezes passam o dia sozinhos, quem sabe possamos pedir uma listagem em nossa paróquia dos paroquianos idosos e visitá-los nessa Quaresma. Com certeza, se fizermos isso tornaremos o nosso dia melhor e o dia do outro também. Estaremos dessa forma exercendo a caridade.

    Do mesmo modo existem outras pastorais que exercem a caridade, procuremos a pastoral dos vicentinos que visitam e distribuem alimento aos necessitados, pastoral da criança que cuida das crianças recém-nascidas até os sete anos. Enfim, que esse período quaresmal seja para nós um tempo de sincera conversão do coração e possamos olhar mais para o próximo e sair de nós mesmos.

    Vivamos os três pilares espirituais desse tempo quaresmal, Jejum, caridade e oração e façamos uma conversão sincera do coração. Que a caridade que iniciarmos agora na Quaresma perdure ao longo de todo o ano. Nos aproximemos da mesa da Palavra e da Eucaristia e que ao partilhar o alimento espiritual na Igreja, possamos partilhar o alimento material com os mais necessitados fora da Igreja.

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