2ª Catequese Quaresmal – Jejum

    “Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa” (Mateus 6, 1-5).

     Ao longo do período quaresmal somos convidados a vivenciar três práticas penitenciais: Oração, Jejum e Caridade. Vamos nos deter ao longo desse artigo sobre o Jejum e a importância dessa prática penitencial ao longo do tempo da Quaresma. O jejum que fazemos ao longo do tempo da Quaresma não é qualquer jejum, mas um jejum penitencial em vista da nossa conversão pessoal.

    O Jejum recomendado ao longo do período da Quaresma é abster-se de carne vermelha sobretudo na Quarta-Feira de Cinzas e Sexta-Feira Santa. Podendo abster-se também em todas as Quartas e Sextas da Quaresma. Além da carne vermelha, podemos nos abster ao longo da Quaresma de outros tipos de alimentos, como por exemplo: doces e refrigerantes.

    O jejum não necessariamente precisa ser de algum alimento ou bebida, mas também de algo que nos afaste de Deus, como por exemplo, ficar os quarenta dias da Quaresma sem acessar a internet ou redes sociais, sem assistir televisão, ou se abster de algo que gostamos muito. Esse é o intuito do jejum, abster-se de algo que gostamos muito ou gastamos um certo tempo usando, ou seja, se ficamos muito tempo assistindo televisão ou ficamos muito tempo na internet, devemos usar esse tempo para dedicar a oração ou mais tempo a família.

    Como já dissemos, a Oração, o Jejum e a Caridade estão intimamente ligados. O jejum e a caridade só terão sentido se forem precedidos da oração. Dessa forma, não poderemos fazer o jejum por fazer, ou porque achamos bonito, mas o jejum tem que ter um sentido e fundamento na oração. Por isso, se escolhemos ao longo da Quaresma fazer o jejum de refrigerante, suco ou doces, devemos ao final do período quaresmal doar na coleta da solidariedade no domingo de ramos aquilo que jejuamos nesse período, exercendo assim a caridade. Do mesmo modo, se deixamos de assistir televisão ou usar a internet, devemos dedicar o tempo que “perderíamos” nesses meios de comunicação para dedicar à família, exercendo dessa forma também a caridade. Ou ainda, usar esse tempo para rezar com a família, meditando a Palavra de Deus.

    Outra prática de Jejum que podemos realizar ao longo da Quaresma é o “jejum da língua”, ou seja, muitas vezes somos mestres em falar mal dos outros. Quem sabe ao longo desse tempo possamos parar de falar mal dos outros, apontando aos outros os seus defeitos e olhar primeiramente para nós mesmos. Muitas vezes difamamos a imagem do próximo perante a comunidade ou a família. Nos coloquemos antes de tudo no lugar do próximo e deixemos com que Deus o julgue. Lembremos acima de tudo que o serviço pastoral que realizamos na comunidade não é para mostrar aos outros, mas é para Deus que realizamos.

    Embora a obrigação seja dos 18 aos 59 anos aos, todos nas diversas faixas etárias da vida podem de uma certa forma praticar o jejum, que não deve ser algo doloroso ou penoso, mas feito corretamente é algo bom. O jejum não é algo difícil, todos conseguem praticá-lo. O jejum não é deixar de se alimentar, mas, comer de forma mais branda e tirar alguns ingredientes de nossa refeição. Podemos tomar o café da manhã normalmente, comendo mais frutas ao invés de pão e outras guloseimas, o almoço pode ser mais leve, tirando a carne vermelha e o jantar também pode ser leve. Comendo de leve em cada refeição não tem como passar mal.  O jejum não existe para que as pessoas passem fome, ou seja, não consiste em ficar o dia todo sem comer, mas em tirar uma ou outra refeição, ou fazê-la de forma mais leve.

    O jejum é recomendado para quem tem entre 18 e 59 anos, após os cinquenta e nove anos e antes dos dezoito é facultativo. Por meio do jejum o cristão é estimulado a desapegar-se dos bens que o impendem de servir a Deus. Para que tenha sentido é necessário um acompanhamento espiritual adequado, para que não seja feito à revelia, ou de qualquer jeito. Tanto o jejum como as outras práticas quaresmais são espirituais e visam a nossa salvação, por isso, devem ser precedidas da oração e acompanhadas pela direção espiritual de um sacerdote.

    Por fim, meus irmãos, Jesus dá uma recomendação sobre o jejum: “Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa” (Mateus 6, 1-5). Diante dessa recomendação de Nosso Senhor, observamos que o Jejum não deve ser feito de modo obrigatório, ou porque os outros fazem, tem que ser feito de todo o coração, para que a prática do não se torne um “peso”, mas que seja transformado em bem. Ninguém precisa saber que estamos jejuando, basta Deus saber, pois é prática pessoal e em vista da salvação da pessoa individualmente.

    Vivamos bem os três pilares do período quaresmal, sobretudo o jejum e que o nosso jejum tenha o sentido espiritual. Façamos o nosso processo de conversão e deixemos de lado aquilo que desagrada a Deus e fiquemos com aquilo que agrada ao Senhor, que é o nosso coração.

    Tenhamos um santo período quaresmal e possamos chegar transformados no período Pascal. Amém.

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