Vozes do Tráfico Humano: Realidades e Desafios

A tragédia das pessoas desaparecidas, as mulheres vítimas do tráfico e da exploração sexual, trabalho escravo e tráfico humano

Com as presenças de Dom Odilo e representantes da Sociedade Civil e do Estado.

No mundo todo, inclusive no Brasil, convivemos com um crime multifacetado, altamente lucrativo, pouco conhecido, mas aviltante: o tráfico humano. Milhares de pessoas são traficadas para o trabalho escravo, a exploração sexual, as adoções ilegais e até a remoção de órgãos. A OIT estima 1,8 milhões de pessoas traficadas na América Latina, cerca de 3,1 casos para cada 1 mil habitantes! Essas vítimas estão entre nós, quer tenham sido trazidas para cá, vítimas do crime e da pobreza, quer sejam brasileiras e brasileiros levados para outras partes – quando não desapareceram e tiveram seus órgãos retirados ilegalmente. Não podemos ser coniventes ou mesmo omissos diante de tais atentados contra a dignidade da pessoa humana.
Data: ……………. 20 de Maio de 2014
Horário: ………… Das 8h30 às 12h00
Local: …………… Rua Monte Alegre, n º 1.024

Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA)
Informações: pastoralpuc@pucsp.br
Tel.: (11) 3670-8557
Realização: Arquidiocese de São Paulo, Pastoral Universitária da PUCSP, Coordenação Pastoral do Serviço, da Caridade, Justiça e Paz.

Um evento com testemunhos de vítimas do tráfico, análises de especialistas e interlocução com representantes dos órgãos públicos responsáveis pelo enfrentamento do problema.

A TRAGÉDIA DOS DESAPARECIDOS.

Milhares de pessoas estão desaparecidas no Brasil. Muitas podem ter sido vítimas do tráfico humano, desde crianças traficadas para adoção até adultos que morrem e são vítimas do tráfico de órgãos. Muitas são enterradas como “indigentes”, algumas até mesmo tendo documentos de identidade, em total desrespeito aos seus direitos e de seus familiares. Reportagens recentes mostram o despreparo dos órgãos públicos para lidar com tais situações.
Qual o destino destes corpos? É possível encontroá-los e identifica-los? Quantos são enviados para as faculdades de medicina e qual a controle disso? O que acontece com os órgãos e quanto valem? Qual a relação entre desaparecidos, traficados e indigentes?
Numa situação como esta, é urgente cobrar e exigir das autoridades públicas medidas que permitam: (1) identificar os corpos de pessoas que morrem nas ruas, vítimas da violência, de acidentes ou de causas naturais; (2) contatar as famílias e/ou as entidades que os atenderam em vida; (3) cruzar dados de bancos de dados de desaparecidos e bancos de dados de órgãos vinculados ao tema como o Instituto Médico Legal, o Serviço de Verificação de Óbitos e o Serviço Funerário Municipal.

AS MULHERES VÍTIMAS DO TRÁFICO E DA EXPLORAÇÃO SEXUAL.

Relatórios da ONU indicam que 58% das pessoas traficadas são submetidas à exploração sexual. Este tráfico muitas vezes é camuflado como o agenciamento de modelos, babás, garçonetes ou dançarinas. As vítimas não têm ciência de que a migração se destina à exploração sexual e muitas vezes são submetidas a cárcere privado. O tráfico para fins de exploração sexual traz irreversíveis consequências às mulheres. Estas ficam expostas a todo tipo de doença sexualmente transmissível, inclusive ao vírus HIV, sofrem ataques físicos por parte dos clientes, são atacadas sexualmente pelos aliciadores, etc. Dados indicam que o Brasil é o país com maior número de mulheres traficadas para fins sexuais da América do Sul. Em decorrência do narcotráfico e do aumento das rotas de imigração e tráfico ilegal no mundo globalizado, este é um problema que vem crescendo no Brasil e que precisa ser combatido de forma enérgica e eficiente.

TRABALHO ESCRAVO E TRÁFICO HUMANO.

O trabalho escravo é um dos grandes destinos das pessoas traficadas no mundo. Segundo os dados da ONU, 36% das vítimas são destinadas ao trabalho escravo. Neste caso, o Brasil não é só o lugar de onde saem as pessoas traficadas, mas também o local onde elas chegam. Os jornais têm noticiado com uma incomoda frequência casos de trabalho escravo a que foram submetidos imigrantes latino-americanos irregulares  em nosso País – inclusive na cidade de São Paulo. “Grifes conhecidas” foram denunciadas por terem seus produtos feitos com auxílio de trabalho escravo. É um problema que acontece em nosso País e que exige de todos nós um posicionamento firme de combate a esta injustiça.