Vocações: Da Zambézia até Gouveia, a história do diácono Adelino Manuel Mano

Missionário moçambicano, da congregação de São João Batista, está em Portugal desde 2012

 

Guarda, 06 mai 2019 (Ecclesia) – O diácono moçambicano Adelino Manuel Mano, ordenado recentemente na Diocese da Guarda, falou à Agência ECCLESIA sobre a sua vocação e sobre a situação do seu país, que acompanha de forma “dolorosa” à distância.

Numa entrevista inserida na Semana de Oração pelas Vocações, que decorre até dia 12 de maio, o novo diácono, de 33 anos, destaca a “dor” por ver Moçambique “perder vidas humanas e bens materiais”, devido às mais recentes catástrofes naturais.

A milhares de quilómetros de distância, o membro da congregação dos Missionários de São João Batista, ordenado em Gouveia, na Diocese da Guarda, faz votos de que o seu país natal recupere depressa e que não aconteçam mais situações destas, que “não somos capazes de controlar”.

Natural de Gilé, na Província da Zambézia, o diácono Adelino Manuel Mano “encontrou” a sua vocação bem cedo, a partir de casa, na família.

“Foram momentos que pude experimentar na minha caminhada quando era mais novo. A minha mãe era uma aspirante à vida consagrada”, revela o missionário.

A sua progenitora não levou a sua vocação avante, mas a semente e o exemplo ficaram e o jovem Adelino começou a sentir que o seu caminho passava pela entrega a Deus.

Quando terminou o 10.º ano entrou no Seminário diocesano, mas quando chegou à etapa filosófica, em Maputo, um problema de saúde levou-o a ter de regressar a casa.

O diácono recorda a forma como as comunidades se uniram em oração, durante o tempo que esteve em convalescença.

“Eu era um incentivo tanto para os jovens da minha comunidade como para a minha paróquia. E então achei por bem que devia de retornar ao meu caminho”, salienta Adelino Mano, que por essa altura conheceu os Missionários de São João Batista e decidiu enveredar antes pela vida religiosa.

“Foi por intermédio da irmã Lurdes, que já está a repousar na paz do Senhor, que me deu já informação da espiritualidade, do carisma dos Missionários de São João Batista. Apaixonei-me, deixei-me seduzir por este carisma e abracei esta vida”, recorda o diácono moçambicano.

Sobre a vinda para Portugal, onde está desde 2012, o jovem de 33 anos realça “um caminho que valeu a pena” e agradece o “calor de todos” quantos o acolheram.

Quando ao futuro, o diácono Adelino Manuel Mano deverá voltar ao seu país em breve, no final deste semestre, para a ordenação sacerdotal, e depois trabalhará onde for mais “necessário”.

Foto: O diácono Adelino Manuel Nunes agradece o carinho de quem o acolheu em Portugal, AE / JCP

“Quando entrei já como seminarista, de princípio era para servir o meu povo, mas depois aprendi com a vida consagrada que nós somos cidadãos do mundo, somos missionários. E sendo missionários não podemos escolher determinados lugares”, salienta.

Numa semana especialmente dedicada às vocações, o diácono Adelino Manuel Mano descarta a existência de uma crise neste setor, dentro da Igreja Católica, e fala sim numa “crise dos corações” que faz com que vivamos hoje uma sociedade “desmoronada na fé”.

“São os corações que estão em crise, no sentido em que às vezes já fechamos o nosso coração, o coração que acolhe as mensagens, que acolhe as propostas. Fechamos o coração à Boa Nova, o mundo, não é só a juventude, é a sociedade”, considera o diácono, que liga esta problemática às dificuldades que afetam hoje as famílias.

“O coração forma-se a partir da família, como Igreja doméstica, e se a família não tem já momentos para partilhar essa fé será muito difícil que uma criança, um jovem, um adolescente possa já viver ou testemunhar Cristo ressuscitado seja na catequese ou na escola ou em qualquer lado onde esteja”, completa o diácono Adelino Manuel Mano.

A Igreja Católica em Portugal está a viver até dia 12 de maio a 56ª Semana de Oração pelas Vocações, este ano com o lema ‘A coragem de arriscar pela promessa de Deus’.

Uma iniciativa coordenada pela Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, que sublinha a “incontornável dimensão vocacional da vida de cada ser humano” e convida  a rezar pelas vocações no seio da Igreja (matrimónio, sacerdócio, vida consagrada e vida laical).

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