Vigésimo sétimo domingo do tempo comum

    Talvez muitos leitores do evangelho deste 27º domingo do Tempo Comum(Lc 17,5-10) se sintam confusos pelo que é dito nele. Outros tantos se deixam levar pelo imediatamente percebido na leitura, sem aprofundar o sentido do texto. É preciso que tentemos conhecer a mensagem que o autor quis transmitir com o seu texto.
    “Aumenta a nossa fé!” Esta é a súplica dos apóstolos, os enviados. A fé é fundamentalmente a adesão à pessoa de Jesus Cristo e, em razão dessa adesão, ela se transforma em testemunho. Tendo já sido enviados em missão, os apóstolos experimentaram a necessidade de uma comunhão estreita com Jesus. Sem esta relação estreita, o sucesso da missão fica comprometido. A fé oferece a possibilidade de fazer tudo em Deus, sem se deixar seduzir pelo prestígio, nem desanimar pelo fracasso. A fé está ligada à missão.
    Diante da súplica dos doze, que também é a nossa, Jesus responde: “Se tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: “Arranca-te daqui e planta-te no mar” e ela vos obedeceria”.
    A fé, dizemos nós, remove montanhas! É preciso bem compreender, pois o que importa, aqui, não é o tamanho da fé, mesmo porque ela não é mensurável, mas é importante saber em que ela nos faz apoiar nossa vida e nossa vocação. É a confiança no poder de Deus, na palavra de Cristo, que pode transformar a realidade tanto pessoal como social. É Deus quem age, não importa qual seja a nossa fé ou o nosso grau de confiança nele. Quando a ação do discípulo no desempenho de sua missão é feita em nome do evangelho, não há nada que seja impossível. “Para Deus, tudo é possível”, dirá o Anjo Gabriel a Maria. Para o discípulo apoiado na palavra de Jesus Cristo, não há nada que possa desencorajá-lo.
    “Somos simples servos…” Muitas vezes nós entendemos esta frase deste modo: “Somos servos inúteis!” Se o fôssemos, por que nos chamaria ao seu serviço? A questão é outra. Em primeiro lugar, o apóstolo é servidor de Deus e dos homens. Antes de se assentar à mesa, no banquete do Reino de Deus, há um trabalho a ser feito, o anúncio do Reino, o testemunho de Jesus Cristo. Em segundo lugar, a expressão “simples servos, pois fizemos o quer devíamos ter feito” diz respeito à gratuidade do serviço. A recompensa do apóstolo é Deus mesmo, seu verdadeiro salário é ser admitido como operário na vinha do Senhor. Quem é enviado não tem nenhum direito sobre Deus, nem sobre seus semelhantes. A gratuidade exige não só deixar de buscar recompensa, mas renunciar ao prestígio e à segurança pessoal. Deus é a sua força e proteção.

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