Veio trazer o Evangelho ao mundo

             Estamos celebrando o Vigésimo Domingo do Tempo Comum. A Palavra de Deus para este domingo nos leva a refletir sobre como assumir a missão que o Senhor nos confia. Os profetas quase sempre passam por muitas provações para levar adiante sua missão.

             Na primeira leitura – Jr 38,4-6.8-10 – o profeta Jeremias anunciava sua profecia em tempo de crise e acabou sendo lançado num poço seco, mas com muita lama! Condenado a morrer à míngua: de sede e fome, nas trevas e no ar viciado e mal fedido! O profeta Jeremias sonhava com uma vida familiar: Tinha sua terra, sua casa de moradia e foi convocado para a profecia junto a um povo, que o próprio Deus o preveniu que não haveria de escutá-lo! Exerceu sua profecia inutilmente. Morreu sem converter a ninguém! Mas morreu fiel à sua missão profética até o fim de sua vida: Morreu no exílio (Egito), sepultado num poço enchido de pedras! Nas condições do profeta Jeremias, nós os cristãos e sacerdotes de hoje, seríamos capazes de derramar o nosso próprio sangue por Jesus Cristo e por sua Igreja?

    Na segunda leitura – Hb, 12,1-4 – “Empenhemo-nos, com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé!” Lutemos contra o pecado, mesmo que nos custe o preço do próprio sangue! A segunda leitura fala da importância de levar uma vida digna depois do encontro com o Senhor Jesus. O cristão, a exemplo de um atleta, deve correr em direção à vida plena, sem medir esforços, exercitando-se a cada dia para chegar à vitória, que consiste em assemelhar-se a Cristo. Jesus nunca buscou o caminho mais fácil ou mais agradável para realizar sua missão. Na segunda Leitura (Carta aos Hebreus), o autor lamenta a falta de mártires: “Vós não resististes até o sangue na luta contra o pecado!” Será que, nós sacerdotes e leigos católicos seríamos capazes de resistir até o derramamento do próprio sangue na vivência de nossa fé em Jesus Cristo?

    No Evangelho – Lc 12,49-53 – Jesus diz no evangelho que não veio para trazer a paz, mas a luta contra o pecado. É um combate de vida ou morte!. É tempo de definição, mesmo ao preço de divisão familiar: pai contra filho ou filho contra o próprio pai. Neste Evangelho, Jesus mais uma vez nos mostra o seu amor, convidando-nos a conhecer sua missão em meio às alegrias e dificuldades. Jesus veio nos trazer o Espírito Santo, o Espírito de amor, o Consolador, Aquele que nos ensina todas as coisas.

    Jesus nos deixa o exemplo: Ele que é o Rei se fez pequeno quando pediu a João Batista para o batizar, batismo esse que nos dá força em meio ao combate espiritual, onde a carne e o espírito conseguem vivenciar dentro de uma fraternidade de amor e paz. Após o batismo, somos chamados a vivenciar os frutos do Ressuscitado para que possamos ter uma vida plena e cheia do Espírito Santo.

    Jesus era consciente de que um efeito (ainda que não desejado) do seu trabalho ia ser causa de divisão entre os partidários do imobilismo e os que lutam por um mundo novo. Por isso inflamou a ira dos funcionários do templo e de todos os que se consideravam donos da verdade. O fogo da Palavra de Deus não era para funcionários lúgubres saturados de doutrinas e sedentos de poder. A paz de Jesus é um fogo purificador que não se confunde com a “Pax Romana”, aquela paz que Roma (e qualquer império) se esforça por proclamar. Esta é só uma tranquilidade institucional que garante a vantagem dos opressores sobre os oprimidos, do império sobre os subalternos, da injustiça sobre o direito. O fogo purificador de Jesus faz amadurecer os mensageiros, os discípulos, os profetas, os apóstolos. O destino deles, como o do mestre, é sair ao encontro da obscuridade com um clarão que põe às claras tudo o que a ordem atual esconde.

             Podemos resumir que o Senhor Jesus Cristo se refere a espada por ser um instrumento cortante e que na qual a sua vinda causará separação em muitas pessoas, não porque Ele quer, mas pela opção de cada um em segui-lo como Senhor e Salvador.

    Pai, que o batismo de Jesus, por sua morte de cruz, purifique-me de todo pecado e de toda maldade, como um fogo ardente, abrindo o meu coração totalmente para ti.

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