Trigésimo Domingo do Tempo Comum

    A liturgia deste XXX Domingo do Tempo Comum, nos apresenta a realidade do mandamento novo. No Evangelho deste domingo – Mt 22, 34-40, temos uma grande pergunta: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”(Mt 22,36), da Lei de Moisés – perguntam ao Senhor para novamente tentar apanhá-lo em armadilha. Qual o preceito que, sendo observado, resume a observância de toda Lei? Jesus responde prontamente: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!”(Mt 22,37) Como bom judeu, o Senhor Jesus nada mais faz que retomar o preceito do Antigo Testamento. Amar a Deus! Amá-lo significa fazer dele o tudo da nossa existência, significa viver a vida aberta para ele, buscando sinceramente a sua santa vontade. Amá-lo é não conceber a vida como algo que é meu em sentido absoluto, mas um dom que recebi de Deus, que em diante de Deus devo viver e a Deus devo, um dia, devolver com frutos. Amá-lo é não viver na minha vontade, mas buscando a sua santa vontade, mesmo que esta não seja o que eu esperaria ou desejaria. Amá-lo é sair de mim para encontrar-me nele!

    Na primeira leitura – Ex 22,20-26 – os versículos nos ensinam a proteger os pobres, especialmente os órfãos e as viúvas. Ensina também a cobrar juros a alguém do próprio povo de Israel e a não guardar o agasalho do pobre como penhor durante a noite, pois ele precisa dele para se proteger contra o frio.

    A segunda leitura – 1 Ts 1, 5c-10 – nos mostra que devemos ser imitadores do Senhor. “Vós vos convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir a Deus, esperando o seu Filho”(1Ts 1,9b-10a).

    No Evangelho – Mt 22, 34-40 – Jesus é interpelado pelos fariseus. Eles querem saber qual é o maior dos mandamentos. Jesus responde, buscando fundamentação em duas passagens da Bíblia: “Amarás o Senhor teu Deus com todas…” (Dt 6,5). E, “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18). Seguindo ainda a tradição judaica do Antigo Testamento, ele liga, condiciona o amor a Deus ao amor aos outros, aos próximos, àqueles que a Providência Divina coloca no nosso caminho: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”(Mt 22,39-40). Eis, portanto: a medida da verdade do amor a Deus é o amor, a dedicação para com os outros; e não os outros teoricamente, mas os próximos: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo!”(Mt 22,39) Notemos que aqui Jesus não ensina nada de novo. Este preceito já valia para um bom judeu. Jesus está respondendo a um fariseu, um escriba judeu. Basta recordar como a primeira leitura de hoje, tirada da Torah, da Lei de Moisés, já ligava os dois amores, a Deus e ao próximo.

    O Amor de Deus e ao próximo como o centro essencial da Lei. Esses dois mandamentos são a expressão maior da vontade de Deus. É o resumo de toda a Bíblia. Podemos dizer que Jesus convida à alegria, porque é um apelo ao amor. O mandamento do amor é ao mesmo tempo o da alegria, pois esta virtude ensina São Tomás: “não é diferente da caridade, mas um certo ato e efeito seu”. Por isso, um dos elementos mais claros para medirmos o grau da nossa união com Deus é verificarmos o nível de alegria e bom humor que pomos no cumprimento do dever, no trato com os outros, à hora de enfrentarmos a dor e as contrariedades.

    “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração” (Mt 22,37). Mas, como amar? O Catecismo nos diz que a maneira concreta de amar a Deus é viver as virtudes teologais: fé, esperança e caridade (cfr. CIC 2086). Quando a graça de Deus atingiu a nossa vida, nós, sendo o que somos, passamos a ser o que não éramos: filhos no Filho. Todo o nosso ser foi elevado à vida sobrenatural. A partir daquele momento, o Pai começou a gerar o seu Verbo (eternamente gerado) e a espirar o seu Amor (eternamente espirado) em nós, dentro de nós; nós passamos a ser templos de Deus, moradas do Altíssimo.

    O nosso amor a Deus revela-se nos pequenos acontecimentos de cada dia: amamos a Deus através do trabalho bem-feito, da vida familiar, das relações sociais, do descanso. Tudo pode converter-se em obras de amor. O amor a Deus deve ser supremo e absoluto. Dentro deste amor cabem todos os amores nobres e limpos da terra, cada um deles na sua ordem, conforme a peculiar vocação recebida por cada qual. O amor a Deus manifesta-se necessariamente no amor aos outros. O sinal externo da nossa união com Deus é o modo como vivemos a caridade com os que estão ao nosso lado. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos.

    Peçamos a Virgem Maria nos ensine a corresponder o amor do seu Filho e assim possamos também amar o nosso próximo. Saibamos amar os nossos irmãos com obras.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here