Testemunhas de Cristo!

     

    A Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final de um caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, em comunhão com Deus. Sugere, também, que Jesus nos deixou o testemunho e que somos agora nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.

    Com a festa de hoje assinala o fim da “quaresma” pascal, deste período de 40 dias após a Ressurreição, nos quais Cristo se manifestava aos seus discípulos. Trata-se de uma verdadeira penitência para os discípulos, após 40 dias de convivência com o Cristo Ressuscitado, visível, palpável, sensível, deixá-lo ir embora para sempre a fim de receberem o Divino Espírito Santo. Como saber se Jesus vai, de fato, cumprir sua promessa após partir? Por que não simplesmente continuar como está? Por duas razões: a primeira é que, ao subir aos céus, ele o faz como “primogênito de toda criatura”(cf. Cl 1,15), ou seja, ele abre o caminho que todos trilharemos depois e, ao fazê-lo, nos está salvando; em segundo lugar, sua ausência física deve ser um estímulo para nossa fé, esperança e caridade. Pois ver quem se espera não é esperar, e “a fé é a esperança daquilo que não se vê”(cf. Hb 11,1). São João, também, nos recorda que são mais felizes aqueles que creram sem ter visto(cf. Jo 20,29). Portanto, a celebração de hoje é uma festa do desejo, do amor, da certeza da vitória de Cristo. Que também nós desejamos as coisas do alto(cf. Cl 3,1) para que um dia também nós estejamos onde Cristo está, sentado à destra de Deus(cf. Hb 12,2; Cl 13,1).

    O Evangelho(cf. Lc 24,46-53) apresenta-nos as palavras de despedida de Jesus que definem a missão dos discípulos no mundo. Faz, também, referência à alegria dos discípulos: essa alegria resulta do reconhecimento da presença no mundo do projeto salvador de Deus e resulta do facto de a ascensão de Jesus ter acrescentado à vida dos crentes um novo sentido.

    Na primeira leitura(cf. At 1,1-11), repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projeto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo caminho de Jesus. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante, mas têm de ir para o meio dos homens continuar o projeto de Jesus.

    A segunda leitura(cf. Ef 1,17-23) convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa esperança de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo “corpo” – e em comunhão com Cristo, a “cabeça” desse “corpo”. Cristo reside nesse “corpo”.

    A Ascensão de Jesus é o grande coroamento de sua vida, de sua morte e ressurreição. Estas foram necessárias para a realização do desejo do Pai: a manifestação de seu projeto, que o Reino de Deus. A Ascensão torna-se uma linguagem que visa expressar a glorificação de Jesus como coroação de sua missão. A Ascensão do Senhor é a festa que marca o fim do tempo de Jesus. Ele cumpriu tudo o que o Pai lhe determinou. Jesus passa para os discípulos a missão que ele encerrou. Essa missão continua conosco, hoje, testemunhar sua Palavra, Jesus a confia a nós. De agora em diante, começa a missão de testemunharmos aquilo que Jesus veio revelar: o projeto do Pai (Lc 24,48; At 1,8). O conteúdo central do testemunho dos seguidores é o anúncio, em nome de Cristo, da conversão para a remissão dos pecados a todas as nações (Lc 24,47).

    Celebrando a Ascensão do Senhor, experimentamos a sua força transformadora. Nesse domingo comemoramos o 53º. Dia Mundial das Comunicações Sociais, que neste ano tem como tema: “Somos membros uns dos outros(Ef 4,25). Das comunidades às comunidades”. Também celebramos a Semana de Oração pela Unidade dos cristãos , com o tema: “Procurarás a justiça, nada além da justiça!”(Dt 16,18-20).

    Sejamos testemunhas de Cristo! Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu?” A mesma palavra vem mexer com as nossas inércias e empurra-nos para fora de nós mesmos nos caminhos deste mundo. Este Messias morto e ressuscitado… vós sois suas testemunhas! Medimos o desafio e a força destas palavras? E como tomamos parte na grande rede das testemunhas de Cristo em 2019?

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