“Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa” (Mateus 6, 1-5).
Durante o período da Quaresma que já está chegando ao final, os cristãos católicos são convidados a seguirem algumas práticas religiosas para viverem bem esse tempo e se prepararem espiritualmente para a Páscoa. O tempo da Quaresma é um tempo forte marcado pela penitência em que os fiéis são convidados a se aproximarem da confissão sacramental.
As três práticas espirituais da quaresma são: jejum, oração e caridade. Esses são os três pilares desse tempo quaresmal. Essas três práticas quaresmais caminham juntas, o jejum não pode ser feito sem a oração, da oração advém a minha ação que é a caridade. E, ainda, essas três práticas quaresmais são iluminadas pela penitência.
O jejum é recomendado durante o tempo da Quaresma. Ele pode ser realizado todos os dias ou nas quartas e sextas-feiras do período quaresmal. Esse jejum pode ser a abstinência de carne vermelha, ou em uma das três refeições do dia, escolher uma para ser mais leve ou, ainda, abster-se de uma delas.
Existem pessoas que ainda optam por tirar chocolate, refrigerante ou algum doce, voltando a utilizar esses alimentos na Páscoa. Já a carne vermelha todo cristão católico é recomendado não comer na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa, devido ao sacrifício de Cristo na Cruz por nós. A abstinência de carne é incide para todos os fiéis que completaram 14 anos até os seus 60 anos de idade.
O jejum não necessariamente precisa ser de alimento, mas podemos tirar algo que nos atrapalhe a viver bem a espiritualidade quaresmal, ou algo em que temos um certo vício. Podemos ficar os quarenta dias da quaresma sem usar a internet, sem assistir televisão ou sem a bebida alcóolica. Podemos, também, fazer o jejum da “língua”, ou seja, não falar mal dos outros, não fazer fofoca, pois isso não prejudica somente o outro, mas a nós mesmos. Aliás esse pecado da língua deveria ser evitado sempre. Urge uma penitência muito oportuna nestes tempos de fake news: jejuar de espalhar boatos e falsas notícias. Jejuar de usar as mídias sociais para fazer o mal e perseguir as pessoas. Jejuar de fazer falsas denúncias ou de perseguir de maneira contumaz as pessoas por maldade ou por inveja. Quantas pessoas disseminam notícias falsas, apenas para prejudicar o irmão e mesmo o corpo eclesial? Essa prática podemos fazer durante a quaresma e, também, durante todos os dias do ano.
A Quaresma é um tempo de reconciliação com Deus e com os irmãos, por isso, somos convidados através da penitência e dessas práticas quaresmais a nos aproximarmos de Deus e das pessoas e, ainda, mudar as nossas atitudes, para que ao chegar à Páscoa possamos estar diferentes. A Quaresma é um tempo de conversão, a cada ano temos a oportunidade de mudar algo que não conseguimos mudar no ano anterior.
Temos que vivenciar bem todo o período quaresmal, é um tempo muito rico para a Igreja, para as nossas comunidades e famílias, para cada um de nós em particular, pois ajuda a nossa espiritualidade. Que durante o que resta deste período quaresmal possamos exercer a prática do jejum, e como o jejum não caminha sem a oração, cada dia ao nos levantar ou antes de dormir, possamos meditar os textos bíblicos, podendo até ser o evangelho daquele dia. E, ainda se possível, ir à Missa durante a semana, além do domingo. Algumas paróquias realizam missas penitencias durante o período da quaresma, logo cedo, entre 5h30 ou 6h. Os fiéis são convidados a acordarem mais cedo e, antes de irem ao trabalho, participarem da Santa Missa.
O jejum é necessário, pois essa prática serve para nos lapidar e trabalha em nós a impulsão. Jesus passou 40 dias no deserto sofrendo as tentações e as superou. Durante esse período, Jesus jejuou, não se alimentou. O jejum nos ajuda a superar as tentações.
Lembrando ainda que a prática do jejum existe desde o tempo de Jesus. Os judeus realizavam o jejum e outras práticas espirituais. O próprio Jesus dá uma recomendação sobre o jejum: “Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa” (Mateus 6, 1-5).
Temos que fazer jejum de livre e espontânea vontade e não devemos para agradar aos outros, mas para agradar a Deus e abrir-nos à uma nova vida. O jejum que agrada a Deus é aquele feito de coração e que servirá para a nossa santificação. Muitas vezes não precisamos sair contando para os outros que estamos fazendo o jejum, isso pode ficar entre nós e Deus. É no silencio do coração que a nossa oração é ouvida.
Ainda é tempo de nos prepararmos bem para vivenciarmos o que ainda resta desse período quaresmal, e que por meio da oração, possamos praticar aquilo que a quaresma nos pede: jejum, oração e a caridade. Sirvamos a Deus de coração, para podermos servir aos irmãos.
