Tem piedade de mim, pecador

    Tempo de reconciliação

     O tempo da Quaresma é um período propício para nos aproximarmos do sacramento da reconciliação, quando somos chamados a uma mudança de vida e a conversão. A Igreja, mãe compassiva e misericordiosa, recomenda que, ao menos uma vez ao ano, os fiéis realizem a confissão sacramental por ocasião da Páscoa. Sabemos, porém, que somos chamados a nos aproximarmos mais desse sacramento.  O tempo da Quaresma é um convite à penitência e à reconciliação — e ainda somos chamados a viver três grandes pilares: oração, jejum e caridade. Um ligado ao outro, esses três pilares são penitenciais.

    Para a confissão requer uma boa preparação. Podemos nos preparar em casa na oração, no silêncio, no exame de consciência e, se precisar, mesmo escrevendo num papel os pecados que achamos que cometemos e rezando ao Espírito Santo. Antes da confissão, é bom fazer o exame de consciência, que pode ser feito em casa, ou na Igreja. Ao chegar na Igreja, procure primeiro ir à Capela do Santíssimo Sacramento, reze ao Espírito Santo. Faça o exame de consciência com tranquilidade. Ao chegar na Igreja primeiro se prepare para que esse momento seja frutuoso.

    Normalmente as paróquias fazem mutirão de confissão durante a Quaresma e disponibilizam vários sacerdotes e horários para confissão. Ao longo do período quaresmal, procure a sua paróquia e veja qual dia e horário terá a confissão, ou senão, converse com o padre e vá antes ou após às missas. É uma ocasião em que encontramos muitos confessores extraordinários.

    Outro momento importante que acontece ao longo da Quaresma e prepara os fiéis para a confissão é a celebração penitencial. Essa celebração consiste em uma leitura do Antigo Testamento ou Novo, Salmo responsorial e Evangelho. Podemos fazer as preces dos fiéis, além de um momento de rever a nossa vida, lembrando de nossos pecados. Ao final, o sacerdote profere a benção sem a absolvição geral. Após a benção, o padre se dirige ao confessionário e aguarda os fiéis para a confissão.

    Já a alguns anos temos também as “24 horas para o Senhor” que é uma ocasião de vigílias, orações, adorações e confissões nas Igrejas, algumas ficando abertas 24 horas. Sempre no final de semana antes do Domingo Laetare, Neste ano a data é 17 e 18 de março (sexta à noite até sábado a tarde). O tema deste ano é “Tem piedade de mim que sou pecador” (Lc 18,13). Aqui em nossa arquidiocese, como já temos uma antiga experiência dos mutirões de confissões, aproveitamos esses dois dias para irmos às ruas e praças com celebrações e confissões.

    Para uma confissão sincera, sentindo de fato o amor de Deus com a absolvição dos pecados cometidos, é necessário estar arrependido e com profunda dor e aversão pelas faltas cometidas e ter no coração o propósito de não incorrer mais aos mesmos erros. É claro que não devemos apenas confessar na Quaresma, mas ao longo do ano sempre que sentirmos necessidade.

    Temos que confessar os pecados considerados graves ou mortais. Já os veniais são aqueles mais leves, que cometemos corriqueiramente no dia a dia e podemos pedir o perdão no ato penitencial durante a missa. Mas os pecados considerados graves ou mortais, precisamos da confissão para que eles sejam perdoados. Mas nada impede de confessarmos os pecados veniais também. É muito útil confessar-se com frequência, mesmo os pecados veniais, porque se recebe um dom da graça.

    A confissão tem que ser bem-preparada, pois tudo o que fazemos com pressa não sai bem. A preparação para a confissão pode até levar alguns dias. Medite nos seus pecados durante a noite. Faça o exame de consciência e, se necessário, escreva num papel ao longo de alguns dias os seus pecados.

    A confissão tem que ser de maneira auricular e, diante do sacerdote, a absolvição geral só é permitida em caso de doença grave e no risco de algum acidente, perigo de morte e que envolva muitas pessoas. Tendo um sacerdote presente, ele profere a absolvição dos pecados. Mas, de maneira geral, durante a confissão é necessário falar dos pecados cometidos. A confissão não é uma orientação espiritual e nem conversa. Durante a confissão, tem que ser direto, falar dos pecados cometidos e ouvir a orientação do sacerdote. Se for oportuno, deve-se esperar a absolvição dos pecados e a orientação de alguma penitência.

    A Igreja nos oferece vários textos penitenciais que podemos ler nesse período quaresmal e em preparação da nossa confissão como, por exemplo, alguns salmos, leituras do Antigo e do Novo Testamento. Com essas leituras, podemos meditar em casa ou na Igreja, durante os dias de semana ou antes da confissão.

    A confissão pode ser entendida como uma limpeza que fazemos em nossa casa. Tem momentos que precisamos tirar a “poeira” para podermos respirar melhor e para a casa ficar limpa. Com a confissão, “limpamos” o nosso coração, varremos toda a “poeira” que nos impedia de sermos livres em Deus. Por isso que não devemos esperar muito para nos confessarmos. A Igreja recomenda na Quaresma ou no Advento, mas o ideal seria que nos confessássemos uma vez por mês, para a “poeira” não acumular dentro de nós e para estarmos com o coração sempre limpo para Deus.

    Participemos desse importante sacramento da Igreja deixado por Jesus e realizemos a nossa confissão sacramental, abramo-nos ao perdão e à misericórdia de Deus. Ele é bom e compassivo e sempre está pronto a nos perdoar. Que possamos nos preparar bem para esse momento e, quando chegar a Páscoa, estarmos “novos” com a graça de Deus.

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