Só a coragem já é admirável


Esquerda: Gruta de Maria, no Qatar | Esquerda: Capela mariana, no Barein

O Papa Bento XVI havia pedido à Ajuda à Igreja que Sofre que ajudasse especialmente os cristãos em países islâmicos. No Egito, Israel, Palestina, Iraque, Síria e Líbano, nós financiamos muitos projetos, graças à generosidade de vocês. Mas como está a situação dos cristãos no Golfo? O padre Andrzej Halemba, que é responsável por todos esses países, responde a quatro perguntas depois de uma viagem à região.

O Golfo Pérsico é território islâmico. Quantos cristãos vivem lá?

Dados estatísticos relativamente confiáveis mostram uma imagem surpreendente. Só nos Emirados Árabes Unidos, o número de católicos está em torno dos 800 mil. Nos últimos 30 anos, o número de católicos em toda a Península Arábica aumentou pelo menos cinco vezes, chegando a um total de 3,1 milhões. Isso pode ser explicado pela forte migração de trabalhadores estrangeiros, porque praticamente todos os cristãos nessa região são estrangeiros. Eles vêm principalmente da Índia ou das Filipinas. Mas não deveríamos esquecer que, na Península Arábica, o cristianismo já se fazia representar desde o início de sua história. Com relação à Arábia Saudita podemos dizer muito pouco, inclusive para não colocar em risco os projetos. Mas só a coragem, com que muitos dos 1,5 milhões de católicos vivem a sua fé nessa região, já é admirável.

O quanto são livres os cristãos?

Com relação a esse aspecto os países do Golfo diferem muito entre si. Na Arábia Saudita é impossível construir igrejas ou praticar a fé cristã em público. Somente as embaixadas podem organizar oficialmente, em suas próprias instalações, cultos para os cidadãos de seus países. Já nos Emirados Árabes Unidos é possível conseguir licença para a construção de igrejas e é permitido se movimentar no âmbito de estruturas eclesiais. A conversão de muçulmanos é expressamente proibida. Também é proibido que um homem cristão se case com uma mulher muçulmana. Mesmo assim, a Igreja está muito viva na Península Arábica por causa do imenso trabalho dos poucos sacerdotes e especialmente dos muitos catequistas. No total, os catequistas são mais de 1.600. Após as Missas são milhares as crianças que vão para a catequese. Só em uma paróquia em Dubai participam oito mil crianças!

O que faz a Ajuda à Igreja que Sofre para os irmãos de fé no Golfo?

Ajudamos na construção de algumas igrejas, como por exemplo a Catedral “Nossa Senhora da Arábia” no Barein, que também será um centro para a vida da Igreja em outros países da região. Além disso, apoiamos no porto de Dubai um projeto chamado “Anjo Voador”. É um navio que vai até os outros navios e leva material de emergência, como por exemplo remédios, para os marinheiros que precisam ficar a bordo devido à falta de vistos. Ao mesmo tempo ele torna possível uma assistência pastoral: um sacerdote pode celebrar a Santa Missa a bordo dos navios, administrar os sacramentos e assistir os marinheiros com conselhos e ajuda. E leva também filmes e livros religiosos para os navios.

Nessa região ainda se apresentam outros desafios para nós?

Os cristãos são ameaçados por um islamismo radical, especialmente no Iêmen. Milhares de homens vêm da Índia sem as suas famílias, para trabalhar nos países árabes. Eles vivem densamente aglomerados em enormes cortiços, comparáveis a verdadeiros campos de trabalho. Para eles, essa é a única chance de sustentar suas famílias. Eles vivem sob intensa pressão psicológica e necessitam de uma assistência especial.

 

Fonte: AIS – Ajuda a Igreja que Sofre