Segundo domingo do Advento

    O tempo do Advento coloca-nos diante da esperança de tempos novos. Diante da situação em que vivemos uma luz é anunciada! A humanidade por mais que se julgue autossuficiente, é tão insuficiente, por mais que deseje ser seu próprio “deus”, não passa de pó que o vento leva. Vivemos uma vida tão cheia de percalços e angústias, de lutas e lágrimas, de desafios que, às vezes, pararem mais fortes que nós! Como no passado, ainda hoje precisamos de um Salvador; como Israel que esperou, nós, Igreja de Cristo, suplicamos: Vem, Senhor! Manifesta o teu poder! É este o horizonte para contemplarmos a Palavra de Deus deste II Domingo do Advento.

    No Missal romano, as palavras da antífona de entrada da Missa, tiradas do Profeta Isaías, já nos são de tanto consolo: “Povo de Sião o Senhor vem para salvar as nações! E, na alegria do vosso coração, soará majestosa a sua voz!” (Is 30,19.30). Sim! O Senhor vem! Aquele que nunca nos deixou e vem sempre nas pequenas coisas e ocasiões da vida, ele mesmo virá, um Dia, no fulgor da sua glória: ele, nossa justiça, ele, nossa esperança, ele, nosso Salvador.

    Na primeira leitura – Isaías 40,1-5.9-11 – a mensagem de Deus para o seu povo é de consolo, porque chegou o tempo de redenção. Seu convite é que aceitem a salvação que Deus oferece. O profeta faz esse convite através de um anúncio de esperança. O profeta garante a fidelidade de Deus e a vontade divina de conduzir o povo para a liberdade e a paz. A voz proclama que Deus vem para levar seu povo da escravidão para a liberdade, da Babilônia para Jerusalém, ao longo de um percurso através do deserto. Deus será como um pastor à frente do rebanho, irá atravessar o deserto à frente de seu povo, que retorna do exílio babilônico para Jerusalém.

    A segunda leitura – 2Pd 3,8-14 – nos coloca na realidade da espera do Senhor que virá e virá em breve. A leitura nos adverte de que não podemos ignorar que o Senhor é eterno e de que não existe o aparente atraso da segunda vinda de Cristo. A expressão “um dia é como mil anos e mil anos é como um dia” (v. 8) é tirada do Sl 90,4 e não se refere a um milênio como período histórico, mas simplesmente ao fato de que o tempo não afeta o Senhor, porque ele é eterno.

    O Evangelho – Mc 1,1-8 – é neste tempo litúrgico que a Igreja propõe à nossa meditação a figura de João, o Batista. Este é aquele de quem falou o profeta Isaías dizendo: “Voz do que clama no deserto; preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas”. A missão de João Batista foi a de ir à frente do Senhor para preparar os seus caminhos. Esta seria sua vocação: preparar para Jesus um povo capaz de receber o Reino de Deus e, por outro lado, dar testemunho público d’Ele. Não se dedicará a essa missão por gosto pessoal, mas por ter sido concebido para isso! E irá realizá-la até o fim, até dar a vida no cumprimento da sua vocação.

    A vocação abarca a vida inteira e leva a fazer girar tudo em torno da missão divina. Cada homem, no seu lugar e dentro das suas próprias circunstâncias, tem uma vocação dada por Deus; de que ela se cumpra dependem muitas outras coisas queridas pela vontade divina. Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas… O Batista é a voz que anuncia Jesus. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua personalidade. Todo seu ser está definido em função de Jesus, como teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer Cristão. O importante de nossa vida é Jesus.

    O Precursor indica-nos também a nós o caminho que devemos seguir: o importante é que Cristo seja anunciado, conhecido e amado. Só Ele tem palavras de vida eterna, só n’Ele se encontra a salvação. A atitude de João é uma clara e enérgica advertência contra o desordenado amor próprio que sempre nos incita a colocar-nos indevidamente em primeiro plano. Sem humildade, não poderíamos aproximar os nossos amigos de Deus. E então a nossa vida ficaria vazia.

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