Reflexão sobre a liturgia da palavra do 23º domingo

    “Anunciamos-vos a vida eterna que estava junto ou Pai e se manifestou: o que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos para que também vós tenhais comunhão conosco e nossa comunhão seja com o Pai e seu Filho Jesus Cristo” (1ªJo1,2-3). (Lembrando mês da Bíblia).

    Isaías, um dos grandes profetas de Israel, analisa a situação do povo de Deus: humilhado, exilado, escravo: sem Esperança. Como profeta, exercendo sua missão, anima o povo de Deus desanimado. Não fala de um misterioso interventor, porém, de “Adonai”, de “Goel”, ou seja, do Deus Libertador: o Deus de Abraão, de Moisés, de Davi e dos profetas todos. Isaías afirma em seu livro: levantai vossas cabeças, fazendo, porém, vossa parte e esperai. Acrescenta ainda: “não tenhais medo”. Da Arca da Aliança, se fala pouco na bíblia, mas do “não tenhais medo”, 366 vezes. Uma afirmação para cada dia do ano bissexto…

    Como tratamos o próximo? Como pagãos, como cristãos, ou ao menos com respeito? Se como pagãos, então temos “sala vip” para os grandes (os famosos) fotógrafos, para os atores e atrizes, e salamaleques para poderosos ou ricos. Os pequenos, os sem estudos, os insignificantes na escala social, nem os vemos. Temos medo… podem pedir algo… trata-se, então, do mundo incriminado, por São Tiago, na segunda leitura, realidade que ainda hoje continua. O evangelho de Jesus Cristo, onde ficou? No livro sagrado, contudo, certamente não, em nossos corações. O que dizer, então de nossa vida eclesial? Uma vergonha…contratestemunho!

    No evangelho da celebração de hoje, Jesus cura um surdo-mudo. Vejamos bem o cenário: percebemos o que é dito e o que se pretende, afirmar realmente? Jesus curou o surdo fazendo-o ouvir e falar. O termo “efetá”, ainda hoje, se usa na celebração do batismo, querendo significar “ouvi o evangelho e proclamai-o”, com palavras e obras… esse é o sentido pleno do milagre, por Jesus operado, outrora, e que “mutatis mutandis” gostaria de continuar fazendo, uma vez que Jesus, é o mesmo, ontem, hoje e sempre.

    Quem são os surdos-mudos de hoje? Podemos ser nós católicos: jovens metidos nos vícios, casais que não se falam ou não ouvem, um ao outro, ministros ordenados, mas que não assumem a missão, homens ou mulheres consagradas, insossos e insípidos. Sem mística. É claro, que esse tipo de cristão, não existe somente, em fileiras cristãs católicas… De Jesus, as pessoas se admiravam: de nós também? Positiva e amorosamente? Ele (Jesus), fez bem, todas as coisas. E nós?

    Setembro: mês da Bíblia. São Jerônimo afirmava: ignorar as escrituras é ignorar, Jesus Cristo. Pergunto eu então: não o conhecendo, como segui-Lo e imitá-Lo? Seria impossível, e nós continuaríamos, ainda hoje, surdos e mudos. Por isso, leiamos a Palavra sagrada: nela, é o Pai que nos fala, Cristo que mostra o verdadeiro caminho, com Sua vida, e o Espírito Santo que nos deseja tornar Santos e Santas. Não basta ter a Bíblia ecumênica, ou então a da CNBB: é preciso lê-la, meditá-la e vive-la, como Maria. Ela acolhia as palavras de Jesus, em seu coração, (Lc2,19.51). Por isso, digamos também, nós hoje: “Fala Senhor, que teu servo, escuta” (1ªSm3,9). Então da leitura e do estudo da Bíblia, chegaremos, pela graça divina, a Seu autor e inspirador: o Espírito Santo.

    +Carmo João Rhoden, Scj
    Bispo Emérito de Taubaté-Sp
    Presidente da Pró Saúde

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