Quarto Domingo da Quaresma Domingo da Alegria

    Celebramos o quarto domingo da Quaresma. Ele é chamado de Domingo “Laetare” – alegra-te, em latim. Na antífona de entrada do Missal Romano, está escrito, para a Missa deste hoje: “Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós, que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações”. São palavras do Profeta Isaías, no capítulo 66. Tão oportuno este convite à alegria a esta altura da Quaresma. Pensando nos nossos pecados, pensando nos pecados de tantos na Igreja, pensando em tantas de nossas infidelidades e em tantos escândalos que nos cortam o coração, vem-nos a tentação do desânimo, de pensar até que a graça de Deus não é forte o bastante para debelar o mal que se incrusta no nosso coração e no coração do mundo.

    O Senhor nos convida à alegria; convida a Igreja, nova e eterna Jerusalém, à alegria, convida-nos a nós, que amamos a Mãe católica – tão sofrida pelas fraquezas de seus filhos –, convida-nos a nós à alegria: “Reuni-vos, vós todos que a amais; vós, que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações”. Que consolações são essas, irmãos? Que consolações são as da Igreja entre tanta desolação? Eis quais são: aquelas que vêm do Senhor que é fiel, que se entregou por nós, que amou a sua Igreja e nela permanece sempre com invencível fidelidade! E todo aquele que se une ao Senhor e nele permanece pode experimentar tal consolação.

    Na primeira leitura – Js 5,9 a. 10-12 – o Povo de Israel, libertado do Egito, foi circuncidado como sinal de sua pertença a Deus libertador. O nosso sinal de pertença a Deus é o batismo na água e no Espírito Santo. Tanto Israel quanto nós não somos fiéis à nossa identidade! Pecamos, infelizmente! A primeira leitura da Missa recorda a chegada dos israelitas à Terra Prometida. Eles celebraram a Páscoa ao partirem do Egito e, agora, chegando à Terra Santa, celebram-na novamente. Aí, então, o maná deixou de cair do céu. Coragem, também nós: estamos a caminho: nossa Terra Prometida é Cristo, nossa Páscoa é Cristo, nosso maná é Cristo! Ele, para nós, é, simplesmente, tudo! Estão chegando os dias solenes de celebração de sua Páscoa.

    Na Segunda Leitura – 2Cor 5, 17-21 – Cristo nos reconciliou com Deus, mas precisamos renovar nossa confissão de pecado para sermos purificados da doença do pecado que nos afasta de Deus e causa nossa morte espiritual e física! Tirada da Carta de São Paulo aos Coríntios nos ensinou que em Cristo, Deus reconciliou o mundo com ele e fez de nós, criaturas novas. O mundo velho, marcado pelo pecado, desapareceu. Em nome de Cristo, Paulo pediu – e eu vos suplico também: “Deixai-vos reconciliar com Deus! Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nos tornemos justiça de Deus!”

    Quanto ao Evangelho – Lc 15,1-3.11-32 – chama-nos atenção hoje a parábola do Pai misericordioso. Por que está ela aí, na Quaresma? Recordemos como Lucas começa: “Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para escutá-lo. Os fariseus, porém, e os escribas criticavam Jesus. ‘Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles’”. Então: de um lado, os pecadores, miseráveis sem esperança ante Deus e ante os homens, que, agora, cheios de esperança nova e alegria, aproximam-se de Jesus, que se mostra tão misericordioso e compassivo. Do outro lado, os homens de religião, os praticantes, que sentem como que ciúme e recriminam duramente a Jesus! É para estes que Jesus conta a parábola, para explicar-lhes que o seu modo de agir, ao receber os pecadores, é o modo de agir de Deus.

    O capítulo quinze do Evangelho segundo São Lucas contêm três parábolas chamadas “da misericórdia”: a ovelha perdida, a moeda perdida e o filho perdido. Tudo perdido! Mas, se invertemos o quadro temos o bom pastor que busca a ovelha, a boa mulher que busca a sua moeda e o bom pai que espera e ama o seu filho pródigo.

    Tanto o pastor quanto a mulher têm umas atitudes que não são nada comuns, o mesmo diga-se do pai do filho pródigo. Nem naqueles tempos nem hoje em dia se atuaria dessa maneira! Pense comigo: se você fosse um pastor e tivesse cem ovelhas, delas perdesse somente uma, será que deixaria as noventa nove sozinhas, com perigo de perderem-se, para procurar somente aquela desgarrada? Será que é lógico deixar noventa e nove ovelhas sozinhas e procurar somente uma? E se você tivesse dez moedas e perdesse uma, faria como aquela mulher da parábola: acenderia a luz, varreria a casa colocando-a quase de cabeça para baixo para encontrar a única moedinha perdida? Como se não bastasse: convidaria os amigos para dar uma notícia tão efêmera como essa do encontro de uma mísera moeda?

    A lógica do Evangelho é outra! Sem contrapor a justiça à misericórdia, a parábola nos apresenta um pai que não é o comum dos pais desta terra, mas o pai só pode ser Deus. Alguma vez escutei e disse aquela frase de que “Deus perdoa tudo, o homem perdoa muitas vezes e a natureza não perdoa nunca”. Deus perdoa tudo! Isso sim é motivo de grande alegria! Ele é o nosso Pai, cheio de amor para conosco. Nós, culpados e pecadores, cheios de boas intenções e, também, cheios intenções torcidas e más ações, somos os queridos de Deus. Já está justificada a nossa alegria para todo o dia de hoje: Deus é Pai! Eu sou seu filho! Deus é muito bom e os sacerdotes no Sacramento da Penitência têm o Coração de Deus e, por isso, compreendem sempre. Não tenha medo e vá se confessar!

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here