Legado de Charles de Foucauld e Santa Teresinha

    (Espiritualidade e mística: séculos XIX e XX)

    Escreve o renomado historiador francês Daniel-Rops: “É impressionante que as duas figuras espirituais que vão exercer maior influência neste tempo – Santa Teresa de Lisieux e o Padre Charles de Foucauld, esse último gigante da ascese – sejam ambos partidários do ‘pequeno caminho’, ou seja, da consagração pela prece dos deveres, das alegrias, das penas da vida quotidiana”(*).

    Charles nasceu no dia 15 de setembro de 1858, Estrasburgo, França e faleceu no dia 1 de dezembro de 1916, Tamanrasset, Argélia.
    Enzo Bianchi  é  religioso, formado em economia pela  Universidade de Turim, jornalista e escritor italiano, fundador e prior da Comunidade Monástica de Bose. Bianchi afirma que: “Depois de São Francisco de Assis e, agora, depois de Charles de Foucauld, toda vida religiosa e cada forma de testemunho na Igreja não podem mais ser vividos como antes: Charles mudou as formas até às raízes”.
    A vida escondida de Foucauld não podia ficar escondida por muito tempo, e uma biografia escrita por René Bazin em 1921 inspirou alguns jovens a segui-lo. A primeira Fraternidade dos Irmãozinhos de Jesus foi instalada em 1933 na borda do Saara, mas não foi até depois da Segunda Guerra Mundial que os números começaram a florescer. Em toda parte do mundo tem seguidores da espiritualidade foucauldiana.
    René Bazin nasceu em Angers em 26 de Dezembro de 1853 e morreu em Paris em 20 de Julho de 1932, foi um escritor francês, professor, advogado, romancista, jornalista, historiador, ensaísta e autor de Belas Viagens. Membro da Academia Francesa.
    O maior teólogo do século XXI, ínclito Papa Bento XVI afirmou: “Demos graças pelo testemunho de Charles de Foucauld.  Através de sua vida contemplativa e escondida em Nazaré, tendo descoberto a  verdade sobre a humanidade de Jesus, ele nos convida a contemplar o  mistério da Encarnação.  Lá, ele aprendeu muito sobre o Senhor, a quem  ele queria seguir com humildade e pobreza.  Ele descobriu que Jesus  tendo chegado a nos unirmos em nossa humanidade, nos convida a universal  fraternidade que ele viria a viver no Saara com um amor do qual  Cristo era o exemplo.  Como sacerdote, ele colocou a Eucaristia e o  Evangelho, as mesas gêmeas do Pão e da Palavra, a fonte cristã de  vida e missão, no centro de sua vida”. Bento XVI beatificou Charles de Foucauld em 13 de Novembro de 2005.
    Espiritualidade
    O núcleo central da espiritualidade de Charles de Foucauld é a “espiritualidade de Nazaré”. Nazaré é um lugar, uma experiência, um símbolo abissal na sua espiritualidade. A investigação, por vezes bastante fiel, de muitos exploradores do seu itinerário espiritual, parece ser unânime em afirmar que “viver como pequeno irmão de Jesus em Nazaré” é certamente a constante que alumia a sua aventurosa vocação religiosa e unifica o itinerário da sua maturação eclesial. Ser um pequeno irmão de Jesus equivale a dar vida a uma relação teologal que se exprime numa coabitação fraterna com o Senhor em prol dos outros. Na centralidade do projeto de Cristo, exclama Charles de Foucauld: “Você tem um ÚNICO MODELO: JESUS. Não procure outro”.

    Pensamentos

    “Se não vivemos o Evangelho, Jesus não vive em nós”.
    “Gritar o Evangelho com a própria vida”. “Todos os nossos atos devem gritar o que somos de Jesus”.
    “Jesus só merece ser amado apaixonadamente”.

    Santa Teresa de Lisieux, O.C.D., mais conhecida como Santa Teresinha do Menino Jesus da Sagrada Face, foi uma freira carmelita descalça francesa conhecida como um dos mais influentes modelos de santidade para católicos romanos e religiosos em geral por seu “jeito prático e simples de abordar a vida espiritual”. Juntamente com São Francisco de Assis, é uma das santas mais populares da história da Igreja. O papa Pio X chamou-a de “a maior entre os santos modernos”.
    Santa Teresinha nasceu no dia  2 de janeiro de 1873, Alençon, França,  e faleceu no dia 30 de setembro de 1897, Lisieux, França.
    O impacto de sua “A História de uma Alma”, uma coleção de seus manuscritos autobiográficos publicados e distribuídos um ano depois de sua morte foi tremendo e ela rapidamente tornou-se um dos santos mais populares do século XX. Pio XI fez dela a “estrela de seu pontificado”, beatificando-a em 1923 e canonizando-a dois anos depois. Teresa foi também declarada co-padroeira das missões com São Francisco Xavier em 1927 e nomeada co-padroeira da França (com Santa Joana d’Arc) em 1944. Em 19 de outubro de 1997, São João Paulo II proclamou Teresa a trigésima-terceira Doutora da Igreja, a pessoa mais jovem a ter recebido esse título.
    Através da carta apostólica Divini Amoris Scientia “A Ciência do Amor Divino”, de 19 de outubro de 1997, São João Paulo II proclamou Teresa uma Doutora da Igreja, uma das quatro mulheres a terem recebido a honra até então, (as outras eram: Santa Teresa de Ávila, Santa Catarina de Siena e Santa Hildegarda de Bingen).
    O Pequeno Caminho
    Em sua busca pela santidade, Teresa acreditava que não era necessário realizar atos heroicos e nem “grandes feitos” para atingir a santidade e nem para expressar o amor de Deus:
    “O amor prova-se por feitos, então como posso provar meu amor? Grandes feitos estão fora do meu alcance. A única forma de provar meu amor é espalhando flores e estas flores são todos os pequenos sacrifícios, cada olhar, cada palavra e cada pequeno ato de amor”, escreveu Santa Teresinha.
    Este “pequeno caminho” de Teresa é o fundamento de sua espiritualidade. Na Igreja Católica, o caminho de Teresa ficou conhecido por algum tempo como “o pequeno caminho da infância espiritual”, mas ela própria só usou o termo “pequeno caminho” uma única vez e jamais escreveu “infância espiritual”. Foi sua irmã Pauline que, depois da morte de Teresa, adotou a frase para batiza-lo.
    Junto com São Francisco de Assis, Santa Teresinha é um dos santos católicos mais populares desde a era apostólica. Como Doutora da Igreja, está sujeita a intenso debate e estudo teológico, e, como uma encantadora jovem cuja mensagem tocou a vida de milhões, é o foco de fervorosa devoção popular. (FLINN, Frank K. Encyclopedia of Catholicism. Manhattan, New York City: Infobase Publishing, 2006. p. 598).

    Santa Teresinha morreu aos 24 anos de idade. Em seu leito de morte, suas últimas palavras foram “Meu Deus, eu te amo!”.
    A Basílica de Lisieux é o segundo mais popular destino de peregrinação na França depois do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes.
    Pensamentos
    “Eu amo apenas a simplicidade. Tenho horror à pretensão”. 
    “É preciso que o Espírito Santo seja a vida de teu coração”.

    O legado de Foucauld e de Santa Teresinha é uma vida e uma obra  profundamente no amor e na missão evangelizadora de Jesus Cristo. Eles nos ensinam uma abissal espiritualidade e mística que dão sentido a vida abundante. Seguir Jesus é frutificar a ação missionária e a obra de caridade em prol da salvação das almas. Nossa paixão ardente por Cristo é revelada na anunciação da Boa Nova do Reino de Deus. Proclamar o Evangelho é viver a mística da obediência do Bom Pastor e amar os que não fazem parte do rebanho do Pastor e Redentor. Cada pecador que encontrar o Cristo Salvador e tem a experiência da graça e da libertação faz o mundo mais justo, mais fraterno e mais lindo. Hoje mais do que nunca, precisamos urgentemente viver as maravilhas da espiritualidade e da mística.
    Os cristãos da pós-modernidade devem meditar abissalmente nesse pensamento do grande teólogo alemão Karl Rahner: “O cristão do século XXI será místico ou não será cristão”.
    Fontes:
    (*) Daniel-Rops, Henri. A Igreja das revoluções (II): um combate por Deus. São Paulo: Quadrante, 2006, Vol. IX, p. 656.
    Página oficial da família espiritual de Charles de Foucauld-www.charlesdefoucauld.org
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Teresa_de_Lisieux

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