“Nossas igrejas devem realmente se tornar ponte entre norte e sul”, afirma dom Francisco Biasin

Presidente da Comissão para o Ecumenismo apresentou documento “Do Conflito à comunhão”

“As nossas igrejas devem realmente se tornar ponte entre norte e sul, entre leste e oeste, nós somos chamados a dar um testemunho de comunhão e de unidade dentro de um contexto cultural, social, econômico, que traz conflitos”, disse o bispo de Barra do Piraí – Volta Redonda (RJ) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Francisco Biasin, durante entrevista coletiva à imprensa, no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho, em Aparecida (SP).

O bispo tratou da celebração ecumênica que acontece todos os anos durante as Assembleias Gerais da Conferência. “Como todos os anos, realizaremos uma celebração ecumênica, é uma tradição que iniciou colhendo a força do espirito do Concílio Ecumênico Vaticano II, quando os bispos convidaram irmãos de outras igrejas para reforçar o diálogo na superação de preconceitos de décadas ou até de séculos em certos casos”, disse. O prelado também destacou a declaração conjunta “Do conflito à comunhão”.

Sobre a iniciativa, o bispo explica que todo ano participam representantes das igrejas membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) que possuem afinidade e sensibilidade para este tipo de diálogo e que, a cada ano, a celebração retoma a temática da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. “Na semana que antecede Pentecostes muitas igrejas cristãs unem-se em oração para pedir a unidade cristã que é o desejo de Jesus, está no seu testamento”, salienta.

“A cada ano tem uma nação onde os cristãos de várias igrejas apresentam um texto de reflexão. Este ano, o documento foi preparado pelos cristãos da Letônia, que é um Estado que por muitos anos ficou sob a dominação do regime comunista, e o título dessa semana é o seguinte: proclamar os grandes feitos do Senhor”, informou.

Ainda neste sentido, dom Biasin argumenta que a Letônia, apesar de todo o sofrimento, conseguiu chegar a uma unidade. “As comunidades cristãs da Letônia conseguiram resistir a duríssimas perseguições do regime soviético porque se uniram entre si. A perseguição fez com que eles não olhassem as diferenças, mas olhassem em primeiro lugar o que tinham em comum e na oração, na fraternidade, e muitas vezes no sofrimento em derramar o seu próprio sangue, eles encontraram uma unidade que nunca teriam alcançado sem a perseguição”, contou.

O bispo enfatizou que a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, preparada pelos cristãos da Letônia, colabora para a solução de problemas emergentes no país. “É para nós uma proclamação dos grandes feitos do Senhor que até da perseguição consegue tirar algo de positivo, algo que testemunha a unidade dos seus seguidores, portanto esta noite, nós nos baseamos neste lema da Semana de Oração pela Unidade, iremos com os irmãos e irmãs que vierem de outras igrejas proclamar também os grandes feitos do Senhor e aquilo que ele aponta para nós como caminho de unidade”, afirma.
“Do Conflito à Comunhão”

Dom Biasin destacou a declaração conjunta “Do Conflito à Comunhão” sobre o diálogo católico-luterano. “Este documento foi assinado em fevereiro de 2014, pelo secretário geral da Federação Luterana Mundial, que é atualmente o presidente do Pontifício Conselho pela Promoção da Unidade dos Cristãos”, explicou.

“É um documento que tem como subtítulo: Comemoração Conjunta Católica Luterana da Reforma em 2017. É uma comemoração. É bom explicar esta palavra, porque no nosso português comemorar significa festejar, já no sentido etimológico do termo, comemorar significa fazer memoria juntos e é nesse sentido que o documento foi preparado e assinado. Nós queremos fazer memória juntos do início da reforma dentro de um contexto muito particular”, comentou..

Dom Biasin lembrou que “a Igreja Luterana e a Igreja Católica vivem uma era, um momento de vivência ecumênica”. Outro aspecto observado pelo bispo refere-se à globalização.

“Neste documento se faz uma memória histórica, na qual as duas igrejas reconhecem os seus pecados, isso é muito bonito e ao mesmo tempo se faz uma apresentação do caminho feito até agora e aquilo que é mais bonito é apontar tudo que temos”, finalizou.

Fonte: CNBB

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