Por caprichos de poucos, muitos sustentam um grande peso.

“Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José, e lhe disse: “Levante-se, pegue o menino e a mãe dele, e fuja para o Egito! Fique lá até que eu avise. Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo.” (Mt 2,13)
Todos os anos a cena relatada acima é revivida de forma contextualizada, sobretudo neste nosso 2014, que vai chegando ao seu final. São inúmeros “Herodes” que ainda procuram matar os “meninos” de hoje.
Após a fuga para o Egito, milhões de pessoas tiveram destino parecido e precisaram fugir de suas pátrias por simplesmente serem o que são. O diferente por vezes fere a dignidade daquele que tem o poder temporal nas mãos, ocasionando perseguições. Mas por quê? Por que o diferente causa tanto medo? Por que o menino, indefeso e totalmente dependente, pareceu uma ameaça ao imperador? O que leva a ter ódio de quem não pensa como eu? É possível que tal resposta vá além da razão. Mais coisa está em jogo…
Em 2014 vimos a perseguição religiosa ganhar expressividade. O que faz o coração de toda a humanidade chorar. Como católicos, temos orgulho da representatividade que o Papa Francisco tem levantado no mundo, ao passo que sofremos por ver as muitas tragédias, principalmente no Oriente Médio, com os perseguidos pela fé. Se um membro sofre, todos nós sofremos juntos.
Percebam, Herodes continua a reinar. Inúmeros meninos que causam instabilidade no Império nascem todos os dias, por isso “precisam morrer”. É a história percorrendo sua estrada cíclica. Mas para não cairmos num aceite pacifico do destino, é preciso se posicionar. Martin Luther King dizia não se preocupar com o grito dos maus, mas sim com o silêncio dos bons.
A você que nos lê agora, diante da sua pequenez, é possível fazer grande “barulho” por um mundo melhor, seja rezando pelas causas diversas do bem, levando informação de conteúdo para seu grupo familiar e de amigos ou, se possível, contribuindo por uma causa séria e necessária.
A Ajuda à Igreja que Sofre tem por missão estar ao lado dos necessitados, defendendo os seus direitos e suprindo suas necessidades. Como? Sendo uma rede de solidariedade, fazendo com que a mão aberta de cada benfeitor alcance um rosto gelado pela angustia e incertezas.
Obrigado a você que esteve ao nosso lado em 2014. Pelas suas orações, pela sua conversa e partilha. Obrigado a você que estará conosco em 2015.
Nossa meta nunca foi ser a maior entidade de ajuda pastoral do mundo, pelo contrário, o desejo da Ajuda à Igreja que Sofre é um dia não mais precisar existir. Porque isso significaria que o mundo, onde a Igreja está inserida, não mais chora a pobreza e a necessidade.
Que o mesmo menino, que causou tamanho medo no imperador, possa te abençoar, bem como a todos de sua família. É este menino, que não teve um lugar para nascer, o nosso verdadeiro Natal

Fonte: AIS – Ajuda a Igreja que Sofre