Permanecer firmes na fé!

    A liturgia do 33º. Domingo do Tempo Comum reflete sobre o sentido da história da salvação. Ela nos diz que a meta final para onde Deus nos conduz é o novo céu e a nova terra da felicidade plena, da vida definitiva. Este quadro (que deve ser o horizonte que os nossos olhos contemplam em cada dia da nossa caminhada neste mundo) faz nascer em nós a esperança; e da esperança brota a coragem para enfrentar a adversidade e para lutar pelo advento do Reino.

    Na primeira leitura (Ml 3,19-20a), um “mensageiro de Deus” anuncia a uma comunidade desanimada, cética e apática que Deus não abandonou o seu Povo. O Deus libertador vai intervir no mundo, vai derrotar o que oprime e rouba a vida e vai fazer com que nasça esse “Sol da Justiça”, que traz a salvação. Malaquias profetiza a vitória dos justos no “Dia do Senhor”. Os ímpios e soberbos serão queimados como palha; os justos, tementes a Deus, serão salvos pelo “Sol da Justiça” que nascerá. Os cristãos podem aplicar duplamente esta profecia à pessoa de Jesus. Em primeiro lugar, Nele se concretizou a esperança da vinda do Messias. Jesus é o “Sol da Justiça” que brilhou no mundo trazendo a salvação para quem o recebeu e o recebe. Em segundo lugar, tem-se a prefiguração da segunda vinda de Jesus, o Messias, no glorioso “Dia do Senhor”. Refletida nessa linha, a profecia de Malaquias nos prepara para a meditação do Evangelho.

    O Evangelho (Lc 21,5-19) oferece-nos uma reflexão sobre o percurso que a Igreja é chamada a percorrer, até à segunda vinda de Jesus. A missão dos discípulos em caminhada na história é comprometer-se na transformação do mundo, de forma a que a velha realidade desapareça e nasça o Reino. Esse “caminho” será percorrido no meio de dificuldades e perseguições; mas os discípulos terão sempre a ajuda e a força de Deus. Jesus alerta quanto à ocasião de seu retorno. Até a sua volta, aparecerão falsos profetas, guerras, catástrofes e tragédias, perseguição e morte. Porém, todo cuidado deve ser tomado para que o discípulo fiel não seja enganado. A manifestação gloriosa de Jesus é carregada de imprevisibilidade. O “Dia do Senhor” pertence aos planos insondáveis do próprio Senhor Deus, o Pai. A tarefa do discípulo é manter-se, dia a dia, na fidelidade ao Evangelho de Jesus, “permanecendo firme para ganhar a vida! Em seu itinerário, de vida missionária, o discípulo transforma os tempos de perseguição e dificuldade em ocasiões de testemunho da fé. O discípulo conta com a colaboração e com a proteção divina. “Vós darei palavras acertada… não perdereis só um fio de cabelo.”

    A segunda leitura (2Ts 3,7-12) reforça a ideia de que, enquanto esperamos a vida definitiva, não temos o direito de nos instalarmos na preguiça e no comodismo, alheando-nos das grandes questões do mundo e evitando dar o nosso contributo na construção do Reino. Devemos nos empenhar todos em favor do bem coletivo da comunidade e do sustento da própria família, evitando a ociosidade. Sob o pretexto de que o fim do mundo estava próximo, muitas não se preocupavam com o próprio sustento e viviam às custas dos outros. Na atualidade, o problema maior é que muitos já não conseguem viver dignamente com o próprio trabalho e, pior ainda, aqueles tidos como “ociosos” não encontram emprego para garantir o seu sustento.

    Jesus nos convida a permanecer firmes na fé e nos previne contra as propostas que veiculam o medo e engano e nos anima a trabalhar pela justiça e pela paz no mundo que incentiva conflitos e intolerância. Ao celebrarmos o 6º. Dia Mundial dos Pobres, que possamos refletir sobre o nosso estilo de vida e, seguindo Jesus, que partilhemos com os que carecem de vida digna. Que o cansaço seja só em favor do Evangelho iluminando com o Ressuscitado todas as realidades sombrias!

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