Perdoar sempre

    Vigésimo Quarto domingo do Tempo Comum

     Neste Vigésimo quarto domingo do tempo comum a liturgia nos fala da realidade do perdão. No Evangelho, Pedro faz uma pergunta: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?”.

    O vigésimo quarto domingo do tempo comum ao apresentar o Evangelho sobre o perdão, nos mostra a visão a respeito de Deus e de como Deus olha para a pessoas. O verdadeiro rosto de Deus é o do Pai misericordioso, superior à vingança. Deus não é mesquinho! Seis séculos antes, o profeta Oséias já anunciara: “Não darei curso à minha ira ardente… pois sou Deus, e não um homem” (Os 11, 9).

    Na primeira leitura deste domingo – Eclo 27,33-28,9 – o mundo antigo era um mundo de guerras e vinganças e os Israelitas, perseguidos, sonhavam com a vingança contra seus inimigos. Mas o profeta recorda que o rancor e a raiva são coisas detestáveis! (…) Pensa na Aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia!”.

    Na segunda leitura – Rm 14,7-9 – o Apóstolo Paulo recorda-nos que pertencemos ao Senhor e, por isso, vivamos em paz para a glória do próprio Deus! Deus não alimenta o ódio, mas o perdão! O perdão é a expressão maior do amor. É aceitar e querer bem ao próximo assim como ele é; é agir como Deus; é agir a exemplo de Cristo. Perdoando, é para o Senhor que vivemos e para o Senhor que morremos (cf. Rm 14, 7-9).

    No Evangelho – Mt 18,21-35 – todos somos devedores de Deus e não cobradores de nossos irmãos! E na oração do “Pai nosso”, damos a Deus o metro para medir o perdão que d’Ele esperamos! “Perdoai a nossas ofensas (“dívidas”) assim como nós perdoamos quem nos tem ofendido (“nossos devedores”)”. Pensemos na vida eterna e sejamos generosos no perdão em nossa vida diária.

    O Senhor Jesus nos adverte que o perdão deve ser dado sempre porque o coração do Pai, como o do rei da parábola, é assim: cheio de compaixão, capaz de perdoar toda a dívida. Jesus começa dizendo que o Reino dos Céus é assim: o reinado de um rei que é Pai e perdoa. Ora, o Pai somente reina no coração de quem perdoa como ele mesmo perdoa, como ele mesmo nos perdoou e acolheu em Jesus, que morreu e ressuscitou para ser o perdão de Deus para nós! Eis o que é a Igreja: o espaço, o ambiente no qual o reinado de Deus deve manifestar-se no mundo; lugar da misericórdia, do acolhimento, do amor, do perdão mil vezes, da esperança que não desiste, da doçura aprendida e bebida daquele Coração aberto na cruz.

    Perdoar agrada muito a Deus porque nos faz semelhantes a ele. Deus perdoa sempre! Não importa quantas vezes peçamos perdão e nem importa se são os pecados de sempre, se estamos arrependidos o Senhor nos perdoará. É o que experimentamos no sacramento do perdão e da alegria, na confissão. Santo Agostinho, pensando no pecado de Judas, escreveu: “se ele tivesse orado em nome de Cristo teria pedido perdão, se tivesse pedido perdão teria esperança, se tivesse esperança teria esperado na misericórdia e não teria se enforcado desesperadamente”. Não temos motivo para desesperar-nos.

    Somos convidados pelo Senhor a sempre viver e praticar o perdão. Deus é misericordioso e assim também devemos agir com misericórdia diante de nossos do nosso próximo. Perdoar é um ato de acolher e de amar. Por isso, olhando para Jesus saibamos apreender a ser sinal de misericórdia para tantos que vivem no rancor e no ódio.

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