Jesus multiplica os pães e peixes e sacia o povo!

    Caros irmãos e irmãs, neste 17º. Domingo do Tempo Comum, do Ano B, o Evangelho de São João nos apresenta o maravilhoso milagre da multiplicação dos pães e peixes. Este relato não é apenas um ato sobrenatural de Jesus, mas também uma profunda lição espiritual para todos nós. Vamos refletir sobre o significado desta multiplicação e o que ela revela sobre o amor e a providência de Deus.

    O Evangelho começa com uma grande multidão seguindo Jesus, atraída pelos sinais e milagres que Ele realizava. “Depois disso, Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. E uma grande multidão o seguia, porque viam os sinais que ele operava sobre os enfermos” (João 6,1-2). Quando Jesus vê a multidão, Ele percebe a necessidade de alimento. É aqui que começamos a ver a compaixão de Jesus. Ele não se volta para os discípulos com uma atitude de desdém ou desprezo. Em vez disso, Ele vê o que as pessoas realmente precisam e deseja atender a essa necessidade. Este é um poderoso lembrete para nós de que Jesus se importa profundamente com nossas necessidades físicas e espirituais. Como o Salmo 145,15 nos lembra: “Os olhos de todos esperam em ti, e tu lhes dás o sustento no tempo devido.”

    Antes de realizar o milagre, Jesus faz uma pergunta a Filipe: “Onde compraremos pão para que eles comam?” (João 6,5). Filipe responde com desânimo, destacando a insuficiência dos recursos: “Duzentos denários de pão não seriam suficientes para que cada um recebesse um pequeno pedaço” (João 6,7). Este momento é um teste da fé dos discípulos. Jesus não está apenas interessado em alimentar as pessoas, mas também em ensinar aos discípulos sobre a confiança em Deus e o poder do impossível. Muitas vezes, nos deparamos com situações que parecem além de nossas capacidades. É exatamente nessas situações que Deus nos convida a confiar n’Ele e a acreditar que Ele pode fazer o que parece impossível. Em Marcos 10,27, Jesus diz: “Para os homens é impossível, mas não para Deus; pois para Deus tudo é possível.”

    O pequeno número de pães e peixes, oferecido por um jovem garoto, é transformado por Jesus para alimentar uma multidão de cinco mil pessoas. “Um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe: ‘Aqui está um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes; mas que é isto para tanta gente?’” (João 6,8-9). Este milagre é um sinal claro da abundância de Deus e da sua capacidade de transformar o pouco em algo grandioso. É um convite para nós oferecermos a Deus o que temos, por menor que pareça, e confiar que Ele pode fazer grandes coisas com isso. Também é um chamado para sermos generosos, seguindo o exemplo do garoto que deu o que tinha. Como Paulo escreve em 2 Coríntios 9,8: “E Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra.”

    Este milagre da multiplicação dos pães e peixes é um prenúncio da Eucaristia. Na Última Ceia, Jesus pegou o pão, deu graças, partiu e o deu aos discípulos, dizendo: “Tomai e comei, isto é o meu corpo” (Mateus 26,26). A Eucaristia é o sinal máximo da providência e do amor de Deus. Cada vez que participamos da Missa, somos convidados a experimentar a abundância de Deus e a renovarmos nossa fé na sua providência. Em João 6,35, Jesus declara: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.”

    Queridos irmãos e irmãs, ao refletirmos sobre este milagre, somos chamados a reconhecer a presença de Jesus em nossas vidas e a confiar em Sua providência. Assim como Ele alimentou a multidão, Ele está sempre presente para nos sustentar e nos guiar. Que possamos, assim como o jovem garoto, oferecer a Deus o que temos, com confiança e gratidão, sabendo que Ele pode transformar nossas pequenas contribuições em grandes bênçãos.

    Vamos aprender a partilhar o pão nosso de cada dia! Isto nos ajuda a viver a fraternidade e a comum unidade solidária. Que a celebração da Eucaristia hoje nos fortaleça e nos inspire a viver com fé e generosidade, sabendo que, com Deus, nunca estamos sozinhos e sempre temos o suficiente. Amém.

    +Anuar Battisti
    Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

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