Páscoa, tempo de perdão

    As leituras do terceiro domingo da Páscoa apresentam a ideia do perdão. É um perdão que vai muito além de todos os limites e que nos abre novas possibilidades de vida e uma nova esperança. Para aqueles que fizeram de suas próprias vidas um verdadeiro desastre, Deus abre novos caminhos. Nem tudo está perdido, pois o Deus que ressuscitou Jesus dentre os mortos é o mesmo Deus do perdão misericordioso.
    A leitura dos Atos dos Apóstolos registra alguns dos primeiros discursos de Pedro aos judeus. Fala para uns israelitas surpresos que foram testemunhas de uma cura milagrosa. Diz-lhes que isso não é nada, que o mais importante é a ressurreição de Jesus, a quem haviam matado e que fora Deus quem a havia realizado. Este fora o verdadeiro milagre. E o melhor é que, em seu nome, todos podemos nos arrepender e ter nossos pecados apagados. Na segunda leitura, João afirma que todos nós temos um advogado diante do Pai, que pede sempre pelo perdão de nossos pecados. Esse advogado é Jesus. Ele morreu não somente pelo perdão de nossos pecados, mas pelos do mundo inteiro.
    No Evangelho, a mensagem do perdão mistura-se a outra que também nos chega bem fundo no coração: a mensagem da paz. Não é um fantasma que aparece aos apóstolos. É o verdadeiro Jesus. Quando o reconhecem, os discípulos enchem-se de alegria. Ficam atônitos. Não sabem o que dizer. Os discípulos o tinham visto morto na cruz e agora o vêem vivo a seu lado. Jesus explica que tudo aconteceu da maneira como haviam anunciado os profetas. O Messias deveria sofrer e ressuscitar. E em seu nome será pregada a conversão dos pecados a todos os povos.
    A mensagem do perdão está presente, pois, nas três leituras. O Evangelho coroa a mensagem com a paz. O perdão traz a paz ao coração das pessoas e da sociedade. Talvez Jesus esteja nos dizendo que não há outra maneira de alcançar a paz, a verdadeira paz, senão por meio do perdão. Talvez esteja insinuando que a vingança jamais foi caminho para se alcançar a paz, mas apenas uma maior violência, pois a vingança é capaz de gerar apenas mais morte e violência. Isto vale tanto para as pessoas como para as nações. Jesus rompe essa espiral de violência. Ao matarmos o autor da vida, Deus o ressuscitou dos mortos e nos abriu o caminho que leva à verdadeira paz. É o caminho do perdão. O perdão que recebemos generosamente de Deus é o mesmo que devemos conceder a nossos irmãos.