Crer para ser testemunha

    O Evangelho do terceiro domingo da Páscoa revela, por um lado, as dificuldades encontradas em crer na ressurreição de Jesus e, por outro, a missão que a comunidade recebe de levar o testemunho “a todas as nações, começando por Jerusalém”.
    O versículo 35 serve de ponte entre dois acontecimentos, o episódio dos discípulos de Emaus e o que vem a seguir.
    A cena se passa de noite, enquanto os discípulos de Emaus relatam o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. Pode ser que não se trate somente da noite em seu sentido comum, mas, sobretudo da “noite das dúvidas” que impede os discípulos de enxergar com olhos da fé: “Então Jesus abriu os olhos dos discípulos para entenderem as Escrituras”.
    Jesus aparece no meio deles e os saúda: “A paz esteja com vocês!” Os discípulos ficam assustados e cheios de medo, pensando estar vendo um fantasma. Lucas relata a perplexidade dos apóstolos e, ao mesmo tempo, estimula as comunidades a perceber que, sem a ressurreição de Jesus, a nova história por Ele trazida acaba num beco sem saida. É por isso que insiste na ressurreição do corpo como um dado concreto, real e palpável. O ressuscitado não é fruto da fantasia de alguns, mas é o próprio Jesus terrestre que vive uma realidade e dimensão novas capazes de serem comprovadas pelos que estiveram com Ele.
    Lucas nos relata que os discípulos ainda não podiam acreditar porque estavam muito alegres e surpresos. Isso nos surpreende, mas, ao mesmo tempo nos alerta para o fato de que a fé em Jesus ressuscitado não é algo superficial e de momento (alegria e surpresa), mas uma adesão duradoura que leva ao testemunho.
    Meditemos na Palavra de Deus que chega a nós neste domingo e coloquemos sua mensagem em nossa vida para que possamos cada um de nós e todos em conjunto acreditar na ressurreição e dar testemunho em nossa vida.